quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Em novo trabalho, Júlia Lemmertz lida com o incesto
















Afastada das telinhas desde "Tudo Novo de Novo", atração global que foi transmitida até o segundo semestre de 2009, Júlia Lemmertz vem se dedicando mais a outras áreas da atuação - já exploradas por ela antes - como no teatro, onde está em cena com a peça "Maria Stuart", e no cinema, em que estrela "Do Começo ao Fim", novo filme de Aluizio Abranches que estréia nesta sexta-feira (27).

Para viver a médica Julieta, um dos pilares de sustentação da história, Lemmertz precisou entender a atitude de uma mãe que escolheu ficar do lado dos filhos e, dessa forma, se posicionar contra a moral e preconceitos de toda uma sociedade opressora.

"Trata-se de uma história de amor acima de qualquer rótulo. Só não é uma história de amor comum, mas é abordada de uma forma super delicada e suave", conta a atriz em entrevista ao Famosidades.

Com uma proposta instigante, "Do Começo ao Fim" criou um universo de polêmicas muito antes de sua estréia. Afinal, não é sempre que vemos uma história de amor entre dois irmãos - na verdade meio-irmãos - retratada nas telas do cinema.

"O filme lida com dois temas muito difíceis, que é a homossexualidade e o incesto, tudo junto, e isso é desconcertante", aponta a atriz, que enxerga aí uma forma de confrontar os padrões dos romances abordados no cinema.

Apimentando mais, um tipo de trailer com um dos ensaios entre os atores protagonistas do longa caiu na internet. As imagens, que traziam os rapazes em momentos de intimidade, aguçaram a curiosidade geral e o vídeo atingiu milhares de visitas na internet, se tornando um dos recordistas de acesso. Foi uma eficiente publicidade para o filme que - na época - nem data de estréia tinha.

"Do Começo ao Fim" relata a construção do relacionamento entre Thomás (Rafael Cardoso) e Francisco (João Gabriel), frutos de diferentes relacionamentos de Julieta (Júlia Lemmertz) - Francisco é filho de seu ex-marido argentino e Thomás do atual companheiro na trama, Alexandre, vivido pelo ator Fábio Assunção.

Criados juntos, os dois rapidamente desenvolvem uma intimidade dúbia - mais além do tratamento normal entre dois irmãos - que é percebida por pessoas próximas a família, e que provoca um incômodo geral devido à complexidade que a relação ostenta.

Em uma resposta inesperada, Julieta acaba por admitir o excesso de aproximação dos filhos, e aceita a inevitável paixão que cresce na medida em que os anos passam. Com a morte da mãe - em uma passagem de tempo que dá um pulo de 15 anos na história - Thomás e Francisco se entregam à paixão, e resolvem assumir o relacionamento.

"Essa família deixou acontecer e florescer. Não há culpa nenhuma, não tem ninguém que diga que aquilo é errado, o filme não tenta julgar seus personagens", explica Lemmertz.















O consentimento incomum da família acabou gerando comentários negativos sobre o filme, principalmente por a trama não apresentar nenhum ponto de conflito que impeça a união incestuosa, sugerindo - na opinião de alguns críticos - uma superficialidade na narrativa. Para Lemmertz, porém, a história toma outra forma dependendo do nível de aceitação da obra pelo espectador.

"Vai da reação de cada um. Um certo tipo de público talvez receba bem, outro nem tanto, e ainda terão aqueles que não vão receber nada, por que nem querem assistir ao filme. A gente nunca sabe a reação do público", conta.

Deixando de lado as falhas no roteiro, "Do Começo ao Fim" é um colírio para os olhos. Com cenas lindas, rodadas com muita delicadeza, as sequências fazem o pano de fundo na rotina dos irmãos-amantes. Os personagens, inclusive, são do tipo que propõe um grande desafio aos atores pelo peso que carregam. Desafio esse que foi muito bem encarado por Rafael Cardoso e João Gabriel.

"Eles são sensacionais! Os dois estão estreando nas telas e aceitaram fazer este filme sem nunca terem feito cinema antes. Foi uma entrega mesmo", reconhece a veterana Júlia.

E os jovens atores já despontam como promessas também nas telinhas. Rafael Cardoso, por exemplo - que vive o irmão mais novo no longa - participou de algumas produções da Rede Globo, como em uma ponta na novela "Beleza Pura", e estará em "Cinquentinha", seriado global com assinatura de Aguinaldo Silva que estreia no dia 8 de dezembro.

Apesar não ter necessariamente um "fim" - que o filme poderia sugerir quando a única separação do casal ocorre, já que Thomás, excelente nadador, vai morar na Rússia durante três anos se preparando para as olimpíadas - "Do Começo ao Fim" se encerra propondo uma revolução nas histórias de amor. Resta saber o quanto o público está pronto e aberto para aceitar uma proposta como essa.



(Karen Lemos - Famosidades/MSN)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Personalidades analisam universo de Chacrinha
















O documentário do cineasta Nelson Hoineff sobre Abelardo Barbosa - o Chacrinha - que estreia hoje nos cinemas nacionais, não se atenta a figura excêntrica do apresentador que quebrava todos os princípios éticos na hora de se fazer televisão.

O filme é o muito mais do que isso. Reunindo os elementos que fizeram de Chacrinha um mito, “Alô, Alô, Terezinha!” tenta traçar a personalidade do show man através de depoimentos coletados das pessoas que fizeram parte do seu universo único e totalmente maluco.

Após 21 anos da morte de Abelardo Barbosa, o diretor tenta resgatar os anos de atividade do “Cassino do Chacrinha”, programa comandado pelo Velho Guerreiro nas tardes de sábado, e que reunia toda família na frente da televisão. Com imagens de arquivo (algumas apresentando uma qualidade péssima, mas com riquíssimo conteúdo), Hoineff nos leva de volta ao final dos anos 70 e início de 80, época em que a atração era exibida pela Rede Globo.

O palco era uma bagunça só. Câmera para lá, fios para cá, serpentinas, confetes, balões, dançarinas, músicos, plateia enlouquecida; e no meio de tanta confusão, os artistas tentavam se apresentar - tendo que desviar dos obstáculos - enquanto o apresentador, sempre espalhafatoso, caminhava de um lado para o outro, entrando na frente da câmera, e deixando os produtores todos loucos.

Muitos destes artistas, que fizeram parte da história, estão no documentário para comentar a experiência. O “Cassino do Chacrinha” não era só um programa de auditório com atrações musicais, era também notório por trazer as personalidades que estavam no auge da fama, e por alavancar carreiras de novos conjuntos ou de artistas sumidos da mídia.

E pelo peso do elenco, podemos dizer que Chacrinha estava sempre bem acompanhado. O filme traz importantes depoimentos de Roberto Carlos (que aparece, nos primeiros minutos de projeção, fazendo graça com uma peruca e um bigode), Gilberto Gil, Alcione, Elba Ramalho, Beth Carvalho, Ney Matogrosso, Fabio Jr, Dercy Gonçalves, Fafá de Belém, Byafra, com a famosa cena do seu acidente com o parapente enquanto cantava “Sonho de Ícaro” exibida na íntegra, e muitas outras personalidades.

Há também apresentações históricas de Tim Maia, Barão Vermelho (com Cazuza nos vocais) e Raul Seixas, estes dois últimos, que não tinham lá muita simpatia pela comunicação de massa na televisão, abriram exceção no “Cassino”, devido à popularidade respeitada que tinha o seu apresentador.

Em certos momentos, o documentário assume uma postura mais investigativa ao tentar identificar e ir atrás dos nomes que viraram piada nacional no palco da atração. São os calouros que arriscaram a sorte e, como resposta, receberam a famosa buzinada e o prêmio abacaxi das mãos de Chacrinha.














Mergulhados em total esquecimento, o ex-calouros se emocionam ao se lembrar do Velho Guerreiro e suas brincadeiras. É curioso notar que muitos ainda acreditam no talento artístico que nunca possuíram (um deles se acha melhor que Roberto Carlos, e arrisca uma cantoria em vão). Até a famosa Terezinha é localizada, após muitas versões desencontradas sobre seu paradeiro.

Outro destaque vai para, claro, as chacretes. As dançarinas de Chacrinha eram muito mais do que complementos dos shows musicais. Além de interagir com os participantes do programa, também se tornaram sex symbols na época, tanto que surgiram alguns boatos de que as moças estariam envolvidas com a prostituição (fato que é negado terminantemente por algumas ex-chacretes, enquanto é confirmado e assumido por outras).

Se o lado das dançarinas sensuais transmitia todo glamour que ser uma chacrete poderia trazer, o filme se torna melancólico, quase trágico, ao mostrar a realidade por trás das câmeras. Tentando sobreviver como podem a custa de empregos convencionais, bem longe do glittler e paetês dos anos remotos, hoje, as chacretes vivem em visível decadência.

Daquela época restou apenas a memória de algumas experiências, músicas e passos de danças que recordam, e que reproduzem nostalgicamente na frente das câmeras. Quem ainda possuiu alguma popularidade é Rita Cadillac, que foi a mais notória de todas as chacretes.

Falecido no dia 30 de junho de 1988 aos 70 anos, devido a complicações de um câncer no pulmão, Chacrinha deixou sua marca permanente na história da cultura e da comunicação nacional. Revelou um Brasil que não era mostrado nas telinhas, e inovou a forma de apresentar televisão.

“Alô, Alô, Terezinha!” é mais uma prova de que Abelardo Barbosa continua sendo relembrado como a figura simpática e curiosa que jogava sacos da farinha na plateia, frutas e o famoso bacalhau (que eram restos de peixe que ficavam encalhados nas vendas da “Casa da Banha”, patrocinadora do seu programa), e seus famosos bordões nunca saíram da boca do povo, pois “quem não se comunica, se trumbica”, como já dizia o Velho Guerreiro.



(Karen Lemos - Famosidades/MSN)

domingo, 30 de agosto de 2009

Uma válvula de escape para von Trier













“O senhor pode, por favor, explicar por que fez esse filme?”. Foi assim que um jornalista do “Daily Mail” se dirigiu ao cineasta, após a exibição do seu novo trabalho no último Festival de Cannes. “Não tenho que me justificar”, replica, ríspido, von Trier. Mesmo com a resposta seca, o clima de desconforto permanece na sala da coletiva.

O estado psicológico em que o artista se encontra é refletido em sua obra. A frase aqui não poderia melhor definir o que se passou durante a concepção de “Anticristo”, o mais novo trabalho do polêmico Lars von Trier.

Durante a produção, o cineasta dinamarquês passava por um período difícil na sua vida, enfrentando uma depressão barra pesada. Com a sensibilidade aguçada, ‘Anticristo’ não poderia ficar imune da realidade de um universo sombrio que seu criador estava habitando.

É exatamente isso que faz de “Anticristo” o filme subversivo da vez. “Vaiado pelo público”, “Algumas pessoas da platéia se levantaram durante sua exibição”, “Cannes categorizou como ofensivo”, essas e outras frases do tipo foram as mais ouvidas durante seu lançamento. Os críticos mais ácidos mandaram o cineasta se tratar. “Seu criador certamente precisa de ajuda psiquiátrica”, disse o jornalista Christopher Tookey, do “Daily Mail”.

Claro que boa parte dos comentários fazem o papel do “empurrãozinho” na divulgação do filme. E funciona, viu? Quem não se lembra de “A Paixão de Cristo”, ou então, o mais recente “Rec”, que foram alavancados por um programa de publicidade, feita pela imprensa. Baseado na polêmica, os comentários geram a curiosidade do púbico que corre para as salas dos cinemas em unanimidade. Mal tendo consciência do que irá assistir, o telespetactador está mais preocupado em, dentro das rodinhas de amigos, estar interado daquele “filme que ta todo mundo comentando”.

A jogada de marketing é bem conhecida para quem sabe como se movimenta o mercado cinematográfico ou, no geral, o sistema capitalista. Mas onde há fumaça, há fogo. “Anticristo” é, antes do seu viés comercial, repugnante, nauseante e incômodo, assim mesmo como estão dizendo, acreditem.

Está do jeitinho que Lars von Trier gosta. O idelizador do Dogma 95 (movimento cinematográfico que dispensa maiores recursos para produção de um filme) se deleita com o desespero do público que assiste a uma bateria de cenas desagradáveis, e muitas vezes desnecessárias. Mas, se não fosse por esses exageros - que combinam muito com o estilo de von Trier - não seria von Trier, não teria a mínima graça. (ou desgraça, aqui no caso).

“Anticristo” é sua empreitada experimental no gênero terror. Quem procura monstros, fantasmas e sobressaltos nas poltronas vai se decepcionar. Não é disso que a produção do dinamarquês se trata. O horror aqui é psicológico, instaurado com suspense e claustrofobia.














Agora entendemos porque essa foi a válvula de escape do cineasta depressivo, que soube migrar seus piores demônios para dentro das telas, fazendo disso a sua terapia pessoal. Uma “cura” bem egoísta, já que todos os seus tormentos são passados para a platéia. Von Trier está pouco se lixando se o público vai lidar bem com a carga negativa de “Anticristo”. Para ele, basta ser bem sucedido no exorcismo de seus demônios, seja da forma que for.

Denso, “Anticristo” é recheado com um material nada digestível, inspirado nos pensamentos do cineasta perturbado pela doença. Bem diferente de trabalhos anteriores como “Dançando no Escuro” ou “Dogville" que, apesar da crítica social sempre presente, fazem uso de uma certa leveza e poesia para abordar temas pesados. A mais nova criação aqui, nada tem de poesia.

A começar pelo cartaz chamariz, que retrata uma das cenas chaves do filme. Os protagonistas (o ótimo Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg, filha do compositor francês Serge Gainsbourg) aparecem fazendo sexo debaixo de uma grande árvore, ao redor de corpos ataúdes. O título provocador, “Anticristo”, está destacado em letras garranchadas na cor rosa. É um aviso prévio de que, o espectador está prestes a assistir algo nada convencional. E logo de cara, percebemos mesmo que aquilo não é realmente um filme convencional. Nos primeiros cinco minutos de exibição, nos deparamos com sexo explicito, que causa desconforto para os desavisados.

Bom, vamos para sua história. O filme retrata um casal que tem a vida transformada após a morte do único filho. O trágico acidente, que é o ponta pé inicial de toda a mudança nos personagens, é uma das cenas que melhor misturam tragédia com beleza. O casal transa enquanto o filho se joga da janela, embalado ao som da opéra de Händel. Toda rodada em câmera lenta, a sequência detalha sutilezas como gotas de água caindo e flocos de neve voando. Clichê, mas funciona muito bem dentro do contexto proposto pelo diretor.

Atormentada, a mãe da criança, uma escritora bem sucedida, será auxiliada pelo marido psiquiatra para tentar amenizar seu sentimento de culpa. O casal parte em busca de respostas e viajam até uma cabana abandonada no meio da floresta do Éden. O lugar se torna o antro das mais bizarras situações. São ilusões perturbadoras, bichos mortos, animais comento partes de seu próprio corpo, e por aí vai. Sequências horríveis que vão brotando enquanto as revelações da trama vão se desmiuçando.















“Anticristo” é, também, a junção do sexo com violência, explícita e gratuita, dois extremos que a todo o momento estão se unindo na trama. As passagens vão da mais brutal agressão física ao desejo sexual consumado logo na sequência. É a mistura do sangue com o prazer, da forma mais repulsiva possível. Cenas de masturbação, sexo explícito e tortura sexual pontuam o enredo de “Anticristo”. Só as cenas de gozo com sangue, e a automutilação de um clitóris, já bastariam. A platéia se torna o uníssono do incômodo.

Sem muitos propósitos, o filme encontra sua base em uma tese acadêmica que a personagem de Charlotte estava escrevendo antes da morte de seu primogênito. As pesquisas sobre feminicídio, ato de torturar mulheres muito frequente durante a Idade Média, e ainda presente nos costumes de países islâmicos na forma de punição, e no continente africano, onde algumas dessas práticas fazem parte da cultura local. Esse condutor da trama tenta justificar os atos agressivos da personagem, perseguida a todo o momento pela violência da sua própria natureza.

"Acho muito bom que as pessoas saiam do cinema com algum tipo de emoção", declarou em entrevista o realizador de “Anticristo”. E pode apostar nisso. Quanto ao título escolhido, e não justificado durante o filme, von Trier nada revela.

E não tente mesmo encontrar explicação. Isso é Lars vo Trier. É uma câmera na mão, sem amarrações no roteiro, sem preocupação estética, sem querer ser convencional, sem recursos. É apenas o desejo de filmar, de entrega, experimentação, ousadia, abuso.



(Karen Lemos - Portal Cinéfilo)

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Especial: O legado de Raul Seixas



















Mesmo após 20 anos de sua morte, completados nesta sexta-feira (21), Raul Seixas ainda consegue vender discos e ser lembrado pela cultura de um país sem memória, onde inúmeros artistas já passaram e se foram, caindo no ostracismo e em total esquecimento.

O segredo da imortalidade pode estar na irreverência e na imagem de rebeldia, cultivada em uma época em que ser rebelde era sinônimo de perigo para a “moral” da sociedade brasileira, ou então no legado musical deixado pelo compositor e intérprete que até hoje reúne diferentes gerações que gritam, em uníssono, o famoso “Toca Raul!” – frase que ficou tão célebre quando seu próprio personagem.

Raul Santos Seixas nasceu em Salvador, em 28 de junho de 1945. Filho de Raul Varella Seixas e Maria Eugênia Seixas, o garoto foi criado na capital baiana até sua adolescência. Foi lá que começou a ouvir música, que ia desde clássicos do rock, como Elvis Presley e Little Richard, até marcos da cultura nordestina, como Luiz Gonzaga. O gosto eclético do menino Raul influenciou no seu trabalho, que misturava esses dois estilos tão extremos, e se tornou o diferencial da sua obra que marcou, a ferro e fogo, a cultura brasileira.

Apelidado de Raulzito (diminutivo do mesmo nome do seu pai), os primórdios da carreira do músico, no início dos anos 60, carregaram seu carinhoso apelido no batismo do seu primeiro conjunto de rock, “Raulzito e Os Panteras” (que anteriormente se chamava “The Panthers” e, antes ainda, “Relâmpagos do Rock”). Mas, a projeção nacional, de fato, viria apenas nos anos 70.

Curiosamente, o primeiro sucesso de Raul que estourou era uma canção carregada de letras agressivas, que criticavam a sociedade capitalista, a valorização de bens materiais e as autoridades da época: “E você ainda acredita/Que é um doutor/Padre ou policial/Que está contribuindo/Com sua parte/Para o nosso belo quadro social”, dizia o trecho de “Ouro de Tolo”, lançado em 1973.

Devido ao sucesso do compacto de “Ouro de Tolo”, o músico foi contratado por uma gravadora e lançou “Krig-Ha, Bandolo!”, de 1973, seguido por “Gita”, de 1974. Os dois álbuns se tornariam marcos na trajetória de Raul por trazer algumas de suas mais conhecidas canções, como “Metamorfose Ambulante”, “Mosca na Sopa”, “Al Capone”, “Sociedade Alternativa”, “O Trem das Sete”, “Medo da Chuva”, entre outros. Todas as músicas tinham em comum a presença de um cunho crítico-social, um abuso para aquela época, quando o Brasil era governado pelo General Médici, em plena ditadura militar, e o Ato Institucional número 5 (AI-5), entrou em vigor, iniciando uma fase de censura e repressão no grupo de constadores no qual Raul estava incluído.

Foi nesse período, que o Maluco Beleza conheceu uma pessoa com quem cultivaria amizade e travaria diversas parcerias musicais (“Gita” é o principal exemplo), o escritor Paulo Coelho. Juntos, os dois amigos dividiram loucuras e pensamentos ousados, e chegaram a formar uma sociedade só deles, a “Sociedade Alternativa”, com direito a uma comunidade própria, a “Cidade da Luz”, onde o pressusto era liberdade de viver da forma que cada individuo bem entendesse.

Loucura ou não, o fato é que a dupla contribuiu em grande parte para o cenário musical da época, e grandes sucessos de Raul foram compostos em parceria com o escritor.

Raul foi embora cedo, aos 44 anos, mas deixou um vasto legado que até hoje é revivido. O músico teve uma vida intensa. Foram cinco casamentos, deixando três herdeiros e uma vasta produção musical; até discos póstumos foram lançamento após sua morte, em 21 de agosto de 1989, por pancreatite aguda causada pelos seus abusos com a bebida.

A figura emblemática de Raul não estava apenas na imagem anarquista , suas polêmicas com seitas religiosas e declarações ousadas, mas também no símbolo de um ser humano que se preocupava com o andamento do mundo e as injustiças que eram escancaradas na cara da sociedade, que se calava diante de tanta repressão.
Afinal, quem reúne quatro mil pessoas em um show tributo à sua memória, realizado na última Virada Cultural em São Paulo, mesmo após 20 anos de sua ausência, merece ter a cada ano uma homenagem dedicada só para ele: Raul Seixas, o ícone do rock brasileiro.

Raul Seixas por quem entende

“Eramos amigos de boteco e alas de manicômios”, assim define a amizade de 10 anos que manteve com um dos maiores ícones da cultura brasileira. Sylvio Passos, fundador do Raul Rock Club, fã clube oficial dedicado à memória de Raul Seixas, conheceu essa grande figura por causa da sua admiração.

Ao tomar conhecimento do empenho de um fã em gastar horas do seu tempo dedicados para ele, um receptivo Raul Seixas quis conhecer seu admirador, isso lá nos anos 80, e chamou Sylvio para um almoço em sua casa. Nasceu ai uma amizade que ultrapassou limites entre ídolo e fã. Era um relacionamento íntimo, verdadeiro.

“Um sujeito bacana e bem educado. Ele tinha umas tiradas sarcáticas, críticas e um jeito irônico, mas, acima de tudo, era um homem preocupado com o ser humano, com a humanidade”, define Sylvio. Raul era uma pessoa de fácil convivência e tinha a generosidade como sua maior virtude.

A conviência com Raul mudou e acrescentou à personalidade de Sylvio, que passou a olhar ao seu redor com a ótica do amigo. “Aprendi a ver o mundo de várias formas, a lidar com certos assuntos de um jeito diferente. Isso tudo o Raul me passou, é essa influência dele que trago comigo”, disse.

Ao falar sobre a tragédia que culminou com a morte do ídolo, Sylvia acredita que o próprio fardo que o músico carregava com a sua imagem, o levaram a depressão e a entrega ao álcool. “Raul não entendia porque o colocavam em um patamar de Deus, de rei. Nunca conseguiu lidar direito com essa posição”, revelou.

“Não encontro aquela atitude nos músicos de hoje. Alguns até tentam, mas não são Raul. Em partes, isso é ruim, porque quem imita acaba perdendo a identidade”, revela Sylvio. Apesar da falta de originalidade, o fundador do Raul Rock Club tenta não radicalizar quando se trata de homenagens e saudosismos ao Maluco Beleza, afinal, relembrar o legado de Raul, é manter a lenda viva.

Porque Raul é único? Sylvio explica: “Raul foi o cara que soube como ninguém misturar o roque com a música brasileira, sempre contestando, filosofando, enlouquecendo. Ninguém mais soube fazer isso”.

Quem sabe bem que nenhuma outra pessoa igualava Raul Seixas naquilo que ele fazia de melhor é Roberto Seixas. Não, ele não é nenhum parente do homem, mas, a identificação é tanta, que Roberto adotou o sobrenome do ídolo, a quem mantém 22 anos de sua vida dedicada a apresentações cover.

Raul entrou em sua vida de forma bem curiosa. O primeiro contato, em 1972, foi através de um programa de rádio, onde tocava “Let me Sing, Let me Sing”, que mesclava rock com baião. “Achei aquilo horrível, desliguei o rádio na hora”, conta Roberto.

Uma nova chance, e Raul conquistou de vez um espaço na vida do rapaz que, lá pelos idos dos anos 80, assistia encantado à uma performance do cantor no programa “Globo de Ouro”, da Rede Globo. A identificação foi instantânea. Naquele momento, Roberto se deu conta de qual era a missão de sua vida. “Era uma coisa que eu tinha que fazer” . O ano era 1987, e desde então, o fã encarnou o ídolo, virou artista cover renomado e chegou a receber elogios do original.

Roberto considera que, hoje, não há mais espaço para as músicas críticas de Raul. Mas, isso não quer dizer que a chama acesa pelo astro tenha se apagado, fato que é comprovado quando o caracterizado Roberto sobe ao palco “Olho para o público e vejo gente de 5 a 80 anos. O mais interessante é que são de todas as classes, até aquela que Raul adorava criticar em suas canções”.

Atingir diversas faixas etárias em diferentes poderes aquisitivos é para poucos, o que se torna ainda mais difícil depois de 20 anos de ausência. Roberto atribui a imortalidade do ídolo a sua atemporalidade nos assuntos abordados pela música do Maluco Beleza, e da compreensão do Raul contestador que levam muitos fãs a se identificarem com a lenda.

O fardo e a responsabilidade de levar canções de um ícone, para os que viveram em sua época, ou para aqueles que nem pensavam em nascer enquanto Raul estava no auge, é enorme. Roberto sabe bem disso. “Faço isso no meu trabalho. Não é só subir no palco e cantar. Eu tento, da melhor forma possível, fazer com que o público compreenda a mensagem que Raul queria passar”. 20 anos depois, a mensagem continua viva e atual. E alguém aí duvida?

(Karen Lemos - Famosidades/MSN)

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Especial: Alfred Hitchcock


















13 de agosto 1899. Há exatos 110 anos, nascia um dos maiores ícones que o cinema já conheceu. Sir Alfred Joseph Hitchcock, mais conhecido por Alfred Hitchcock, ou simplesmente o “Mestre do Suspense”, como o próprio se autodenominava. O apelido não era só um slogan para atrair atenção, mas também faz juz ao estilo de cinema criado por esse genial diretor, de personalidade forte, domínio de técnicas e, claro, muita criatividade.

Muitos podem indagar ao ouvir seu nome, Hitchcock não ficou marcado na história pela pessoa que era, mesmo se tratando de uma personalidade curiosa, e sim, por clássicos que deixou entre os seus quase 70 filmes produzidos ao longo da carreira. Mesmo para quem não é fã das escuras salas de cinema, com certeza já viu esta cena memorável - uma mulher tomando banho, uma mão segurando a faca, suspense, a mão misteriosa abre as cortinas do chuveiro, a mulher grita, o sangue escorre pelo ralo. Tudo isso ao som de um dos temas que mais marcaram na história do cinema.

A cena, interpretada por Janet Leigh, é o marco de “Psicose”, filme de 1960 que consagrou seu idealizador como um mestre do gênero. Até hoje essa sequência é lembrada e recriada, em forma de paródia ou como uma singela homenagem, pelo cinema contemporâneo. O estilo “claustrofóbico” criado por Hitchcock mantém sua influência e, sem muito procurar, é possível descobrir uma série de vestígios da sua arte no que temos de mais atual na produção cinematográfica.

A imagem do homem encorpado, sempre bem vestido e que, por vezes trazia um corvo posado em seu ombro, foi virando lenda ao longo dos anos. Era o retrato de um gênio que adorava tirar o fôlego de seu público, e atiçar a curiosidade dos telespectadores com suas frequentes aparições dentro de seus filmes. Confira um pouco mais dessa lenda.

Trajetória

Sua paixão pelo cinema começou cedo, aos 21 anos. Nascido em Leytonstone, Londres, Hitchcock teve seus primeiros contatos com o universo da sétima arte quando fazia os cartazes das falas em filmes mudos daquela época, isso ocorreu no seu primeiro emprego na área, já na Paramount Pictures, grande estúdio de Hollywood.

Foi lá que o aprendiz a cineasta foi lecionado com o básico sobre direção, além de outros ensinamentos que obteve com edição e produção de roteiros. Mesmo com tamanha bagagem cultural, um diretor não é genial se não tiver idéias criativas, e isso, Hitchcock tinha de sobra, era só uma questão de oportunidade e tempo para poder provar seu talento.

A oportunidade logo chegou. Em 1925, após os donos dos estúdios perceberem que da cabeça do aspirante poderia sair coisa boa, conseguiu produzir seu primeiro filme “The Plesure Garden”, mas foi no ano seguinte que obteve merecido destaque com “The Lodger”. Neste longa, baseado nas histórias de morte do famoso Jack, O Estripador, o cineasta deu início ao que de melhor sabia fazer nas telas: suspense, gênero que o consagrou.

Um suspense refinado

Em 1939, Hitchcock se mudou para os Estados Unidos, onde deu início a uma produção cinematográfica de grandes obras que o levaram para o auge do seu reconhecimento.
Sua estreia, em grande estilo, foi com “Rebecca – A Mulher inesquecível”, que de cara recebeu o prêmio Oscar de melhor filme naquele ano. Mas foi em clássicos como “Janela Indiscreta” e “Psicose” que Hitchcock personificou o seu estilo único de fazer cinema.

Sem os litros de sangue que os filmes de horror normalmente apresentam em sua composição, o Mestre do Suspense trazia uma trama que prendia o espectador dentro de um clima incômodo e tenso, com os cenários sombrios e a música forte, que só mesmo o cineasta conseguia reproduzir. O segredo era deixar o público avisado de todos os perigos que o personagem iria passar. Aos poucos, a platéia acompanhava, ansiosamente, o desdobramento da história.

Os roteiros assinados por Hitchcock, aliás, eram por si só nada convencionais. Uma pacata cidade atacada por pássaros violentos em “Os Pássaros”, de 1963; uma secretária se esconde em um hotel onde ocorre uma série de mistérios em “Psicose”, de 1960; um policial que sofre de acrofobia é encarregado de vigiar uma jovem com tendências suicidas em “Um Corpo que Cai”, de 1958; fatos estranhos acontecem em frete da janela de um fotógrafo engessado em “Janela Indiscreta”, de 1954; marido planeja a morte de sua mulher para herdar fortuna e vingar-se de uma antiga traição em “Disque M para Matar”, de 1954; isso só para citar alguns exemplos do vasto universo do Mestre do Suspense.

Outra característica bem “hitckcockiana” em suas produções foram as famosas “pontinhas” do diretor em suas obras, o que, mais tarde, se tornou um verdadeiro passatempo para seus fãs, que analisavam meticulosamente cada cena de seus filmes, a procura das participações do ídolo.

Por esse motivo, teve a oportunidade de tocar seu próprio programa de televisão, o “Alfred Hitckcock’s Presents”, que comandou entre os anos 1955 até 1962. No repertório, é claro, entravam somente histórias recheadas de mistérios, que ganhavam ares ainda mais sombrios com a introdução do ilustre apresentador.

Influência ao longo dos anos

Vitimado por insuficiência renal, Hitchcock faleceu em 29 de Abril de 1980. Os frutos deixados por seu trabalho permanecem ativos nas mãos de grandes diretores contemporâneos, que não se cansam de homenagear o mestre.

A linguagem inconfundível de Hitchcock, hoje, pode ser vista presentes em produções de diretores como George Romero, Quentin Tarantino e M. Night Shyamalan; cineastas que normalmente abordam histórias com muito mistério em sua fórmula. Shyamalan, por exemplo, faz uso constante da técnica de prender o espectador dentro de um suspense, que aos poucos vai se revelando, enquanto a trama se desenvolve.

Uma forma mais refinada de fazer cinema também pode ser encontrada, ainda que de forma menos direta, nos trabalhos de Francis Ford Coppola, Mel Brooks e Brian De Palma, só para citar alguns entre tantos outros profissionais.

Para se ter idéia da importância deixada pelo nosso homenageado, é possível encontrar vestígios de Hitchcock até em histórias em quadrinhos. A Turma da Mônica, aqui do Brasil, também foi “vítima” da influência do Mestre do Suspense. O personagem Bidu, um simpático cachorro da publicação, chegou a interpretar alguns personagens famosos dos filmes de Hitchcock em uma das tirinhas de Mauricio de Souza.

Filmes Célebres

· Psicose: Impossível iniciar uma lista com filmes de Hitchcock sem citar a sua obra prima, e o trabalho pelo qual sempre será lembrado. Psicose traz os principais elementos da linguagem do cineasta. A trama se passa em um Hotel, onde uma moça misteriosa passa a noite e presencia fatos suspeitos. Detalhe para a cena memorável do chuveiro, com direito a gritos e sangue escorrendo ralo abaixo.







· Os Pássaros: O roteiro deste clássico do diretor em “Os Pássaros” é simples. Uma cidade vira alvo de ataque por pássaros descontrolados e extremamente perigosos. Uma trama incomum, mas que não chamaria tanta atenção se não fosse pelo modo único que só Hitchcock possui na direção.









· Janela Indiscreta: Os elementos de “Janela Indiscreta” são mesmo dignos de um thriller. Com a visão do cineasta, então, o impacto da trama triplica. Um fotojornalista é obrigado a permanecer dentro de casa, após sofrer um acidente e ter a perna engessada. Dentro do seu apartamento, ele acompanha na janela de frente a sua, fatos esquisitos e desesperadores que se desenrolam.







· Um corpo que cai: Outra obra-prima que não poderia deixar de ser citada. Na trama, um detetive particular, que sofre de vertigem, é contratado para investigar uma mulher com tendência suicidas. Dá para imaginar tanta tensão.










· Disque M para Matar: Com atuação da bela Grace Kelly, estrela de vários filmes de Hitchcock, “Disque M para Matar” traz a história complexa de um marido traído e obcecado pela herança de sua esposa. Para conseguir o que quer, ele contrata um matador de aluguel. A partir daí, muita coisa pode dar errado.








· O Homem que sabia demais: A história dessa produção começa a ficar interessante quando um médico se vê envolvido em um assassinato. Alguns suspeitos passam a persegui-lo a fim de assustar o rapaz, que tem seu filho sequestrado, e que não pode contar com a ajuda nem da própria polícia.









· Rebecca: “Rebecca – A Mulher Inesquecível” vale destaque aqui por ser a primeira produção bem sucedida de Hitchcock. De cara, o longa recebeu o Oscar de melhor filme na década de 40, e seu realizador foi nomeado ao prêmio de diretor. A história da mulher que vive a sombra da ex-esposa de um nobre inglês foi o ponta-pé inicial de sua carreira.








· Pacto Sinistro: Dois rapazes se conhecem dentro de um trem e travam um acordo macabro que envolve matanças. Enquanto um dos homens levou o pacto como uma piada, o outro passageiro considerou como algo muito sério. No desembarque do trem, uma onda de assassinatos e de perseguições se inicia, em ritmo desesperador, nesta grande trama do Mestre do Suspense.








· Interlúdio: Usando o Rio de Janeiro como cenário, “Interlúdio” traz Ingrid Bergman na pele de uma espiã americana dentro do país. A jovem terá que enfrentar agentes nazistas em operação aqui no Brasil. Uma ótima mistura de conspiração e crime com um toque tropical.









· O Terceiro Tiro: Esta produção não é muito conhecida na filmografia do nosso homenageado, mas vale à pena comentar. Uma pacata cidade em New England vira palco de uma trama misteriosa, quando um corpo é encontrado em uma floresta sem nenhuma explicação. Desesperados, os habitantes tentam sumir com o defunto, mas ele sempre reaparece no mesmo local.







(Karen Lemos - Famosidades/MSN)

domingo, 14 de junho de 2009

Alô, alô? 100 anos de Carmem Miranda




















O Centro Cultural Banco do Brasil está fazendo uma justa homenagem ao centenário de Carmem Miranda, nossa "pequena notável". De 9 à 30 de junho, novos e consagrados nomes da música popular brasileira sobem ao palco do CCBB para apresentar canções que marcaram sua carreira.

Nascida em Portugal, mas naturalizada brasileira, Carmem Miranda é um dos grandes ícones da cultura brasileira. Sua imagem, com as roupas coloridas e frutas na cabeça, ficou imortalizada pelo cinema americano, e suas canções são lembradas até hoje, mesmo depois de 100 anos de trabalho.

Além das músicas que todos sabem cantar, o repertório também conta com canções menos conhecidas e músicas que todo mundo conhece, só não sabiam que Carmem havia gravado. Exemplo? "Balancê" (O balancê, balancê. Quero dançar com você...), a canção dos anos 30 foi gravada por Carmem Miranda, mas não chegou a estourar na sua voz. A música só caiu na boca do povo nos anos 80.

Serão quatro apresentações em uma programação dividida de acordo com as fases da atriz/cantora. "A Pequena Notável", que traz as músicas mais características de sua carreira; "O que é que a baiana tem?", reúne canções da cantora antes de fazer sucesso nos Estados Unidos; "Disso é que eu gosto", com músicas menos conhecidas mas que trazem a marca de Carmem; e "Brazilian Bombshell", focando no trabalho internacional, principalmente os sucessos de seus filmes hollywoodianos.

Para dar conta do recado, uma equipe de primeira foi escalada para tratar de um repertório tão rico. Na primeira semana se apresentaram Roberta Sá e Pedro Luís. Apontada como expoente da música popular brasileira, Roberta Sá nos mostrou os grances clássicos como "Taí" (Taí, eu fiz tudo pra você gostar de mim...) e "Tico tico no fubá", ao lado de Pedro Luís (do conjunto Pedro Luís e a Parede e do bloco carnavalesco carioca Monobloco).
















Foto: Kamal Filho

Os dois fizeram bonito e mostraram muita química no palco durante as apresentações musicais, que eram pautadas pelos comentários de Ruy Castro, biógrafo de Carmem. O jornalista (uma lenda do jornalismo, que a verdade seja dita) contou algumas curiosidades da biografia de Carmem. Curiosidades mesmo, trechos interessantes da vida da artista que poucos conhecem; fatos que divertiram o público, e não aquele blá blá de sempre que todos estão cansados de ouvir. Grande Ruy Castro!

As apresentações seguem durante todo o mês, às terças-feiras, sempre em dois horários: 13 e 19:30 hrs.

Dia 16 sobem ao palco do CCBB Rita Ribeiro e Eduardo Dussek. Eles cantam, por exemplo, "Adeus, batucada", "Eu dei...", "Na baixa do sapateiro", "O que é que a baiana tem?", "Samba rasgado", "Tic-tac do meu coração", entre outros.

Dia 23 se apresentam Verônica Ferriani e Pedro Miranda. Nessas duas apresentações haverá uma conversa com o escritor Sérgio Cabral (não confundir com Sérgio Cabral Filho, governador do Rio de Janeiro). Os dois apresentam canções menos conhecidas da carreira de Carmem.

Por fim, no dia 30, Beatriz Faria e Marcos Sacramento, com comentários de Ruy Castro, fecham a homenagem com chave de ouro. No repertório, alguns sucessos como "Aquarela do Brasil", "Bambo de Bambu", "Cai, cai" e "Mamãe eu quero".

O lugar é pequeno - 130 lugares, o preço é bem acessível (R$ 6 reais a inteira, R$ 3 reais a meia), o show é fantástico e a procura é grande. Por tanto: corram atrás dos ingressos. E boa diversão.

Programação

9/6 - A Pequena Notável, com Roberta Sá e Pedro Luís
16/06 - O Que é Que a Baiana Tem?, com Rita Ribeiro e Eduardo Dussek
23/06 - Disso é Que eu Gosto, com Verônica Ferriani e Pedro
30/06 - Brazilian Bombshell, com Beatriz Faria e Marcos Sacramento



(Karen Lemos)

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Resenha: Ney Matogrosso e Dan Nakagawa no Teatro Oficina















A programação do Festival de Outono do Teatro Oficina nos presenteou com uma parceria de duas gerações totalmente diferentes, mas que partilham muita coisa em comum. De um lado um contestador experiente que vem se renovando todos os dias sem medo de transgredir, e do outro, uma jovem revelação, apontada como promessa da nova mpb, que está revolucionando o cenário da música pop atual.

As vésperas de lançar seu novo trabalho “O Oposto de dizer Adeus”, Dan Nagakawa já está fincando os pés no sucesso, sua música que mistura o que há de mais moderno com o clássico vem agradando nomes como Nando Reis e Lulu Santos. Convidado pelo Teatro Oficina a se apresentar no Festival de Outono, Dan decidiu chamar um ilustre personagem da música brasileira: Ney Matogrosso. Ex Secos&Molhados, o cantor escandalizou o país no início dos anos 70 com sua pose irreverente e contestadora – que mantém até os dias de hoje. Em seu atual trabalho, o elogiado “Inclassificáveis”, Ney interpreta uma das canções compostas por Dan, “Um Pouco de Calor”, que está estourando nas rádios nacionais.

Para o grande encontro, foi escolhido um lugar muito especial: o Teatro Oficina. Não há nada melhor do que reunir esses dois grandes artistas no palco de uma das mais importantes companhias de teatro do país, e que foi o antro do tropicalismo e da contracultura brasileira nos anos 60/70. A responsabilidade de se fazer uma apresentação em chão histórico era grande, Dan e Ney o fizeram primorosamente.
Repertório
Em meio aos andaimes do Teatro Oficina, projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi (a mesma que desenhou o prédio do MASP), surge Nakagawa lá do alto, em uma passarela que passa por cima do público. Cantando Apartamento 133, de sua autoria, Dan desce as escadas para chegar no pequeno pedaço de palco, coberto de glitter, reservado a ele. Existe todo um jogo de luzes (sobretudo azuis e vermelhas) e fumaça que dão um clima muito especial na apresentação. A fumaça incomoda um pouco a platéia, mas traz um efeito bem interessante, destacando o semblante de Dan.
O ambiente estava pronto para receber canções de Chico Buarque (“Construção”) Caetano Veloso (“Tropicália”, em uma releitura super interessante), o clássico de Ângela Rô Rô (“Amor Meu Grande Amor”), entre outros. A principal sacada do repertório de Dan está em modernizar clássicos da mpb, com novos arranjos criados por sua banda (que é talentosíssima, por sinal) e o seu jeito único de cantar, meio zen, sossegado.














Já que o assunto aqui é clássicos da mpb, que entre o convidado. Nos primeiros acordes inconfundíveis de Sangue Latino (sucesso do primeiro LP de Secos&Molhados) surge Ney Matogrosso, brotando do meio da platéia. Sua postura é totalmente diferente: das telas do cinema Ney trouxe os traços do Bandido da Luz Vermelha, personagem que o cantor está vivendo no longa “Luz nas Trevas: A Volta do Bandido da Luz Vermelha”, com estréia prevista para o ano que vem. Agora, adivinhem a luz que predominou no momento de sua entrada.

A versão estendida de Sangue Latino arrepiou o público que, em seguida, cantou junto o sucesso “Um Pouco de Calor”. Pausa. Ney senta-se em uma cadeira colocada estrategicamente no canto do palco – mas as vistas da platéia -, é de lá que ele assiste Dan cantando a ótima “Um Cano de Revólver”. Os dois saem, o público pede bis, e a dupla volta agora com “Na Neblina do Samba” (recomendadíssima, confiram no MySpace do Dan). Lá pelas voltas do segundo refrão, Ney faz a loucura de se enfiar no meio da platéia que enlouquece, ele é tomado por um mar de mãos afobadas e some durante alguns instantes. Quando volta, é para fechar o show, cheio de pose, ao lado de Dan. A química dos dois é realmente impressionante. O sentimento geral foi de ter presenciado um grande show, histórico em todos os sentidos. E ficou um gostinho de quero mais...

Festival de Outono

Até o dia 15 de Maio o Teatro Oficina apresenta uma programação variada com peças de teatro, música, espetáculos e mostra de filmes (alguns raros, retirados do acervo do Teatro). Os eventos são gratuitos, e os ingressos podem ser adquiridos uma hora antes de cada apresentação. Confira toda a programação em: http://www.teatroficina.com.br/

Set List - Ney Matogrosso e Dan Nakagawa

01 - Apartamento 133
02 - Tropicália
03 - Furobá
04 - Amor Meu Grande Amor
05 - Eu Sofro por Amor
06 - O Oposto de Dizer Adeus
07 - Amor Bandido
08 - Não Estamos Sós
09 - Infinito Distante
10 - Sangue Latino (Com Ney)
11 - Um Pouco de Calor (Com Ney)
12 - Cotidiano
13 - Um Cano de Revólver
14 - Na Neblina do Samba (Com Ney)

*Fotos: Teatro Oficina




(Karen Lemos)

terça-feira, 5 de maio de 2009

Bossa Nova recebe homenagem na França















Tom Jobim no documentário "A casa do Tom, mundo, monde, mondo"

Em meio as comemorações do ano da França no Brasil, nada mais pertinente do que uma homenagem aos 50 anos da bossa nova na terra dos vinhos e perfumes.

De 29 de abril a 12 de maio os franceses vão poder conferir uma seleção de 30 filmes nacionais, entre documentários e filmes de ficção, no Festival do Cinema Brasileiro de Paris. O evento que já está em sua 11º edição tem como proposta divulgar o nosso cinema lá na França. Neste ano o famoso cinema Latina foi escolhido para sediar o festival, para tanto, o local foi todo reformado recebendo até um novo nome: Novo Latina. A escolha não foi ao acaso, tudo teve um propósito maior, já que a mais de 20 anos o Latina se dedica à divulgação de filmes produzidos na América Latina.

Não é só França e Brasil que estão em festas, a bossa nova, estilo musical brasileiro nascido na década de 50 que misturava o jazz com a mpb, comemora o seus 50 anos e terá um espaço especial dentro do festival. Serão apresentados três documentários que abordam o tema: "Coisa mais linda - Histórias e casos da bossa nova", de Paulo Thiago, "A casa do Tom, mundo, monde, mondo", de Ana Jobim (sim, a esposa do homem), e "Vinícius", de Miguel Faria Jr, sobre o poeta que compôs hinos da bossa nova ao lado de Tom Jobim.

Os filmes de ficção também trazem a presença da bossa, são exemplos "Os Desafinados", de Walter Lima Jr, sobre um grupo de jovens músicos amantes do gênero e "Chega de Saudade", de Laís Bodanzky, filme que se passa em um baile da terceira idade e conta as histórias de seus frequentadores.

Além da bossa, outros temas são abordados em diversas produções exibidas no festival: "Feliz Natal", de Selton Mello, "Meu nome não é Johnny", de Mauro Lima, "Se nada mais der certo", de José Eduardo Belmonte, "Um romance de geração", de David França Mendes, "Todo mundo tem problemas sexuais", de Domingos Oliveira, e "Verônica", de Maurício Farias.

A abertura fica por conta de "Romance", de Guel Arraes, e "Palavra (en)cantada", de Helena Solberg, terá a tarefa de encerrar o festival, e com chave de ouro, já que "Palavra" também passeia pelo cenário musical, tratando da poesia nas composições da mpb com destaque para os depoimentos de grandes nomes da nossa música como Chico Buarque, Tom Zé, Maria Bethânia, entre outros.

Clube CBGB é tema de documentário














Conhecido por ser o berço do punk rock nos Estados Unidos, o famoso clube CBGB recebe uma singela homenagem em documentário exibido no Festival de Cinema de Tribeca. Dirigido por Mandy Stein, “Burning Down the House: The Story of CBGB”, mostra as faces do clube habitado por punks maltrapilhos, com seus banheiros nojentos coberto de grafites - perfeitos para o consumo de drogas e a prática de sexo - e, claro, sempre rolando muito som pesado.

Localizado nos lados sujos de Manhattan, em Nova York, o CBGB já teve em seus palcos a presença de bandas punk rock que na época em que se apresentaram (por volta da década de 70, no auge do clube) estavam ainda no inicio de suas carreira. Nomes como Ramones, Patti Smith, Blondie, Television e Talking Heads - compositores da música usada como título do documentário - passaram pelo palco do clube sem saber que, mais tarde, seriam reconhecidos como pioneiros da música punk.

O CBGB foi fechado em 2006 devido a disputas pelo seu aluguel; hoje, o local decadente que abrigou o clube é considerado bairro de luxo. Mas a história da casa não fica restrita apenas as famosas camisetas que desfilam por aí trazendo as siglas do clube. Recentemente, os entulhos que sobraram do CBGB foram alugados pelo estilista John Varvatos, que reformou a casa e a transformou em museu, onde centenas de fãs e curiosos de plantão visitam o local e relembram a magia de um momento (e lugar) único da música.

A diretora Mandy Stein se mudou de Los Angeles para Nova York em 2005, a princípio para acompanhar de perto a disputa de alugueis sobre a casa. Acabou tomando conhecimento de algumas histórias interessantes sobre o lugar e entrevistou pessoas e personalidades que por lá passaram ou que tiveram alguma importância no histórico do clube. Quando percebeu, viu que tinha um ótimo acervo de pesquisa sobre o CBGB, surgiu então a idéia de se fazer o documentário.

A estréia será no tradicional Festival de Cinema de Tribeca que também contará com a exibição de "Garapa" do brasileiro José Padilha. Uma curiosidade é que este ano o festival tem se mostrado afetado pela crise econômica já que anunciou alguns cortes na edição de 2009, que terá um número menor de filmes exibidos.

domingo, 26 de abril de 2009

Seleção para o Festival de Cannes





















-->Entre os dias 13 a 24 de maio a cidade de Cannes, na França, se prepara mais uma vez para sediar um dos principais e mais tradicionais festivais de cinema do mundo. Na manhã 23 de abril, em uma coletiva de imprensa em Paris, foram divulgados os selecionados para a mostra competitiva do festival.
Estão entre os nomes conhecidos diretores de peso como Quentin Tarantino com "Inglorious Basterds" (Bastardos sem Glória), filme de guerra protagonizado por Brad Pitt; Pedro Almodóvar com "Los Abrazos Rotos" (Os Abraços Quebrados), estrelado pela amiga Penélope Cruz; Ang Lee com "Taking Woodstock" (Levando Woodstock) com Emile Hirsch (“Speed Racer”) no elenco; e Lars Von Trier com "Antichrist" (Anticristo), seu primeiro filme de terror. Eles irão concorrer a disputadíssima Palma de Ouro de melhor filme.

Neste ano, os filmes europeus marcam forte presença na mostra competitiva, deixando a América Latina de fora (ao contrário o que ocorreu no festival do ano passado, quando havia duas produções brasileiras e duas argentinas na competição). Os brasileiros terão que se contentar com a exibição fora da mostra competitiva de "À Deriva", novo filme de Heitor Dhalia ("O Cheiro do Ralo"). Outra brasileira, Vera Egito, terá dois curtas-metragens exibidos na Semana da Crítica.

Ainda há esperanças para o cinema nacional, já que mais dois filmes ainda podem ser selecionados para a competição, preenchendo o limite estabelecido pelos organizadores de 22 filmes. Vale lembrar que o francês "Entre os Muros da Escola" foi incluído na competição alguns dias depois do anúncio oficial, e acabou levando a Palma de Ouro em 2008.

Alguns filmes muito aguardados não foram divulgados na lista oficial, como o novo longa do diretor Francis Ford Coppola (“Tetro”) e a refilmagem do clássico de Werner Herzog com Nicolas Cage (“Bad Lieutenant”). A surpresa foi o anúncio da presença no festival, ainda que fora de competição, de "The Imaginarium of Doctor Parnassus", de Terry Gilliam, último filme do falecido ator Heath Ledger, que estava com dificuldades para encontrar um bom distribuidor.

Presidido pela atriz francesa Isabelle Huppert, a abertura do 62º Festival de Cannes será no dia 13 de maio, e contará com a exibição da nova animação dos estúdios Disney-Pixar ,"Up - Altas Aventuras", que terá sua sessão em 3D.

Todos os filmes em competição

Os Melhores Filmes de 2009











A tradicional lista do Cinesesc que reúne as melhores produções cinematográficas do ano que se passou, está novamente circulando. O "Festival Sesc Melhores Filmes 2009" comemora sua 35º edição de sucesso trazendo os títulos de filmes mais votados pelo público e crítica especializada em todo o país.

De 9 a 30 de Abril, os cinéfilos vão poder ver (ou rever) o que houve de melhor nos lançamentos de 2008. São 52 produções, nacionais e internacionais, que retornam ao escurinho do cinema a preços bem acessíveis: R$ 8 reais a sessão, estudantes e aposentados pagam meia.

Entre os destaques deste ano estão sucessos de bilheteria como “Batman – Cavaleiro das Trevas”, “Ensaio Sobre a Cegueira”, “Linha de Passe”, “Meu Nome Não é Johnny”, “Na Natureza Selvagem”, “Não Estou Lá”, “Caçador de Pipas”, “Onde os Fracos Não Tem Vez”, Juno”, “Os Desafinados”, “O Escafandro e a Borboleta”, “Paranoid Park”, “Persépoles”, “Senhores do Crime”, “Vick Cristina Barcelona”, “Wall-E”, “Última Parada 174”, "Sweeney Todd - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet", entre outros.

Durante a triagem, foram selecionados os melhores de 2008 dentro de variadas categorias, destaque para “Linha de Passe”, de Walter Salles, que levou 5 prêmios das 6 categorias para filmes nacionais. “Encarnação do Demônio”, de José Mojica Marins – o Zé do Caixão, surpreendeu ao receber a estatueta de melhor filme e direção segundo o público. “A alegria é tanta que nem consigo descrever o que sinto. Não faço cinema para os críticos e, sim, para o espectador”, comentou o cineasta ao receber o troféu. Na categoria internacional, destacou-se “Vicky Cristina Barcelona”, de Woody Allen, levando três prêmios das quatro categorias que estava indicado. As estatuetas foram entregues em um evento realizado no próprio Cinesec (Conheça todos os vencedores).

O festival também oferece debates, palestras e encontros com grandes nomes do nosso cinema como José Mojica Marins/Zé do Caixão e Sandra Coverloni (melhor atriz em Cannes). Confira toda a grade de eventos.

Festival Sesc Melhores Filmes 2009
De 9 a 30 de Abril
Cinesesc - Rua Augusta, 2075 Tel: (11) 30870500 Consulte a programação completa no site do festival

Exposição abre espaço para o cinema trash nacional












Apesar de “toscas”, as produções trash não necessariamente significam um jeito despreocupado de fazer cinema. O aparente “feito nas coxas” que esses filmes trazem, na verdade, foi o meio encontrado pelos amantes da sétima arte de mostrar sua paixão e exercitar a prática de fazer cinema – que por si só, é extremamente caro. Dessa forma, o cinema trash acabou até se consolidando como um estilo alternativo, uma forma de arte, e hoje em dia muita gente o realiza propositalmente, mesmo tendo recursos de fazer uma produção com “maior qualidade”.

Em homenagem a esse cinema inovador, O Itaú Cultural organizou o festival "Cinema de Bordas", que reúne o que há de "melhor" no nosso cinema trash (como são conhecidas as produções de baixo orçamento). Na seleção, é possível encontrar clássicos retirados de empoeiradas fitas VHS já esquecidas, e novidades vindas principalmente da internet, veículo que trouxe ainda mais facilitações para os amantes desse cinema diferente, seja para quem quer produzir, ou para aqueles que apenas gostam de apreciar essa curiosa forma de fazer cinema.

Ao todo, são dezessete produções à disposição do público, e já que estamos falando de filmes com orçamento lá embaixo, nada mais pertinente do que a entrada franca, claro. É só chegar com antecedência, pois os lugares são limitados e os ingressos são distribuídos apenas meia hora antes das sessões, garantir a pipoca e ter um bom divertimento.

Confira a Programação


Mostra Cinema de Borda

De 22 a 26 de abril
Itaú Cultural - Av. Paulista, 149 (próx. Estação Brigadeiro do Metrô)
Tel: (11) 2168-1776 ou (11) 2168-1777
Entrada Gratuita

sexta-feira, 27 de março de 2009

Destaques do festival "É Tudo Verdade"

De 25 de março a 5 de abril o festival "É Tudo Verdade" passa na capital paulistana, juntamente com o Rio de Janeiro (26 de março a 5 de abril) e depois segue para Brasília nos dias 14 a 26 de abril. O evento, que já está no seu 14º ano, é o maior e mais importante festival internacional de documentários.

Neste ano, o ponta pé inicial fica por conta de "Cartas ao Presidente", produção grega dirigida por um cineasta tcheco que retrata o populismo do polêmico presidente do Irã, Mahmoud Ahmadineja, através de cartas da população iraniana enviadas ao seu líder em busca de soluções utópicas para os problemas que o país vem enfrentando atualmente.















"Guarapa", do brasileiro José Padilha e "O Equilibrista", vencedor do Oscar 2009.

Entre as produções exibidas durante a mostra, vale destacar o novo projeto do cineasta brasileiro José Padilha (responsável pelo fenômeno "Tropa de Elite") "Guarapa", sobre três famílias de diferentes regiões do país que lutam diariamente contra a miséria para não morrerem de fome; partindo para o lado internacional está "O Equilibrista", grande vencedor na categoria Melhor Documentário do Oscar 2009, um retrato do feitio de Philippe Petit, um francês que chocou o mundo em 1974 ao caminhar, equilibrado em uma corda bamba, entre as torres gêmeas de Nova York.

Para a sua 14º edição, a novidade é que o festival foi dividido em duas partes: na sua primeira fase, que tem início nesta semana, serão exibidos os filmes da Mostra Competitiva (que concorrem ao prêmio de melhor documentário). No segundo semestre do ano, ocorre a última parte do festival, que conta com a participação de mais projetos documentais nas Mostras Especiais.

Programação completa no site do festival.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Filmes Indianos na Cinemateca

Em parceria com a Academia Internacional de Cinema (AIC), a Cinemateca Brasileira faz uma homenagem, mais que merecida, ao cinema indiano. Até o dia 29 de março serão exibidos diversas produções com o melhor do cinema realizado no país. As sessões são gratuitas.




















Na seleção, grandes sucessos que marcaram época, como o clássico “Bobby” dos anos 70.
Bollywood, como é mais conhecida, é o nome dado a indústria de filmes na Índia, devido ao seu poder e a popularidade no país. A denominação, uma alusão à poderosa indústria cinematográfica de filmes nos Estados Unidos - Hollywood, derivou do antigo nome da maior cidade do país, iniciado pela letra B, Bombaim (atualmente, Mumbai). Em sua maioria, os filmes “bollywoodianos” apresentam produções animadas, temáticas leves e com muita dança e música.
A mostra "Bollywood e Cinema Indiano", que já está na sua terceira edição, tem como objetivo fazer uma conexão de culturas com o Brasil, já que o cinema indiano é pouco conhecido por aqui. Exatamente por causa desse difícil acesso que os filmes serão exibidos com legendas somente em inglês, o que, para o curador da mostra, o cineasta indiano Ram Prasad Devineni, já é um grande passo. "Os filmes de Bollywood fazem o povo feliz. Eles são uma parte importante da cultura indiana e uma espécie de embaixadores da Índia no resto do mundo", comenta Devineni, que espera que os brasileiros possam reconhecer a importância desse cinema pouco divulgado.
“Bollywood e Cinema Indiano”
De 17/3 a 29/3 Cinemateca Brasileira, Largo Senador Raul Cardoso - 207
Telefone: (11) 3512-6111 (ramal 215)
Confira toda a programação no site da Cinemateca Brasileira

domingo, 15 de março de 2009

Divulgada a primeira imagem de "Alice no País das Maravilhas"
















Na revista da Disney desse mês foram divulgadas as primeiras imagens de "Alice no País das Maravilhas", o novo projeto do cineasta Tim Burton. Neste trabalho, Burton irá mostrar sua visão da famosa história de Lewis Carrol sobre a menina que se perde na floresta e acaba encontrando um buraco de coelho que dá passagem à mundo parelelo, cheio de fantasia e alucinações.

Com os dizeres "através do olhar das lentes de Tim Burton", a imagem traz a personagem principal, Alice, interpretada por uma atriz até então desconhecida, a australiana Mia Wasikowska. Na foto, Alice está aparentemente olhando para o buraco do coelho, momentos antes de cair dentro dele. O elenco também conta com Cristopher Lee - ainda sem personagem divulgado, Alan Richman (no papel da Lagarta), Helena Bonham Carter (Rainha Vermelha), Anne Hathaway (Rainha Branca), Crispin Glover (Valete de Copas), Stephen Fry (Gato Cheshire), Michael Sheen (Coelho Branco), e o fiel parceiro de Burton, Johnny Depp, na pele do Chapeleiro Maluco.

"Alice" de Tim Burton irá inovar a forma de fazer cinema com uma mistura inusitada de cenas reais (live-action, que consiste na filmagem com a presença de atores reais em cena), animações em 3D através da captura dos movimentos por sensores, que irão transformar os atores em imagens digitais e stop-motion, uma técnica antiga na qual os modelos são fotografados quadro-a-quadro para dar uma idéia de movimento.

Sua estréia está prevista para 2010.

sábado, 14 de março de 2009

Penélope Cruz volta a trabalhar com Almodóvar















Pedro Almodóvar e Penélope Cruz no lançamento de "Los Abrazos Rotos”, em Madrid.
Após vencer o Oscar de melhor atriz coadjuvante por seu trabalho em “Vicky Cristina Barcelona”, de Woody Allen, a atriz espanhola Penélope Cruz está longe de pensar em descanso. Mal saiu com a estatueta dourada na mão do tapete vermelho no Kodak Theatre e Penélope já anunciou seu novo projeto cinematográfico, que mais uma vez irá contar com a direção do seu amigo, o cineasta espanhol Pedro Almodóvar.
Ambos já haviam trabalhado juntos em “Carne trêmula”, de 1997, “Tudo Sobre Minha Mãe”, de 1999, e “Volver”, filme de 2006 que agradou crítica e público com a história de Raimunda, uma jovem mãe que enfrenta uma série de problemas familiares como a morte do marido, da filha adolescente, e a misteriosa volta da mãe que faleceu já há alguns anos. Vale lembrar que, por esse trabalho, Penélope foi indicada ao Oscar de atriz coadjuvante no Oscar 2006.
O novo projeto da dupla, "Los Abrazos Rotos" (algo como “Os Braços Quebrados”), é um filme que traz várias histórias cruzadas, abordando sentimentos humanos como amor, culpa e ciúmes. O personagem principal é centrado na figura de um cineasta cego, tendo Almodóvar se inspirado nele próprio para criar a personagem. Penélope Cruz encarna uma atriz que fez uma participação importante na vida do cineasta. "Los Abrazos Rotos" promete trazer o melhor do cinema de Almodóvar, e a temática feminina não pode faltar nesta seleção.
A presença da mulher é tema constante nos trabalhos de Almodóvar, exemplos disso são os filmes “Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos”, “Tudo Sobre Minha Mãe”, e “Fale com Ela”, entre outros trabalhos que, além de mulheres, são carregados de temas polêmicos, e uma estética cheia de cores e sensações que só os filmes de Almodóvar podem proporcionar.
Para os mais ansiosos, é possível acompanhar o dia-a-dia dos bastidores do filme através do Blog de Almodóvar

sábado, 7 de março de 2009

A Volta do Bandido da Luz Vermelha

Confiram uma matéria com os bastidores do filme "Luz nas Trevas - A Volta do Bandido da Luz Vermelha", que traz o cantor Ney Matogrosso no papel principal.



Após 40 anos do clássico brasileiro "O bandido da Luz Vermelha", de 1968, "Luz nas Trevas" volta a relatar a vida do criminoso que, na São Paulo dos anos 60, comete seus crimes de uma maneira bem peculiar: durante a madrugada, invade mansões usando um lenço no rosto e uma lanterna vermelha na mão. Na nova trama, ele descobre que tem um filho que, rejeitado por Luz Vermelha, decide então seguir os passos do pai.

Com a morte de Rogério Sganzerla (roteirista e diretor do clássico de 68), só agora o roteiro de 'luz nas trevas' está saindo do papel. Com a direção de Helena Ignez, viúva de Sganzerla, o filme está com sua estréia prevista para o final deste ano.

Cine Olido apresenta mostra sobre mulheres

Em comemoração ao dia internacional da mulher, o Cine Olido organizou uma mostra de filmes com clássicos de Fraçois Truffaut que tem em comum a presença feminina como tema principal.

“Mulheres de Fraçois Truffaut” vai exibir grandes obras do diretor francês, que foi um dos fundadores do 'Nouvelle Vague' (movimento de contracultura dos anos 60, que também fez parte Jean-Luc Godard), como "A história de Adèle H.", que abre a mostra no dia 8 de março, e o seu mais conhecido trabalho, "Jules e Jim – Uma mulher para dois".
















Cena clássica de Jules e Jim

Todos os domingos do mês de março, às 17 horas, será exibido um filme de Truffaut pela bagatela de R$ 1 real.

O Cine Olido fica localizado na Av. São João, número 473
mais informações pelo telefone: (011) 3331-8399 / (011) 3397-0171

Confira toda a programação:

Dia 8 - “A história de Adèle H.” (1975)
Com Isabelle Adjani, Bruce Robinson e Sylvia Marriott
Uma jovem chega à cidade de Halifax para tentar encontrar o tenente Albert Pinson, por quem é apaixonada, apesar de não ser correspondida.

Dia 15 – “O homem que amava as mulheres”(1977)
Com Charles Denner, Brigitte Fossey e Nelly Borgeaud
A partir de seu leito de morte, aos 76 anos, é narrada a vida e as aventuras de Bertrand Morane, autor de “Le cavaleur”, livro que relata seu envolvimento com as mulheres que conheceu.

Dia 22 – “As duas inglesas e o amor” (1971)
Com Jean-Pierre Léaud, Kika Markham e Stacey Tebdeter
No início do século 20, duas irmãs inglesas e um burguês francês vivem um grande jogo de amizade e amor.

Dia 29 - “Jules e Jim – Uma mulher para dois” (1962)
Com Jeanne Moreau, Oskar Werner e Henri Serre
Dois grandes amigos e uma mulher formam um intrigante triângulo amoroso, pois ela se apaixona por ambos em épocas diferentes.

Informações sobre os filmes: G1