quarta-feira, 26 de novembro de 2008

FilmeFobia é destaque no Festival de Brasilia








O 41º Festival de Cinema de Brasília, teve seu encerramento na noite do dia 25/11 (terça-feira), no Cine Brasília. O longa metragem em 35 milímetros "FilmeFobia”, de Kiko Goifman, foi o grande vencedor da noite, recebendo o prêmio de melhor filme segundo o júri oficial do festival, além de outros três prêmios: montagem, direção de arte, e melhor ator para Jean-Claude Bernadet, que também ajudou na direção da obra.

“FilmeFobia” dividiu o público de Brasília, sendo vaiado e ao mesmo tempo aplaudido durante sua exibição no festival. Ao subir ao palco para receber o troféu Candango, o cineasta Kiko Goifman agradeceu também, com muito bom humor, as vaias que seu filme recebeu. O longa mistura ficção e documentário, utilizando ora atores e ora pessoas comuns. O objetivo de “FilmeFobia” é explorar os medos humanos, sejam eles comuns ou aqueles do tipo exagerado. Utilizando armadilhas e engenhocas de todos os tipos, criados pela artista plástica Chris Bierrenbach, os atores e os fóbicos de verdade são obrigados a enfrentar seus medos, que vão desde cobras e baratas, até os mais inusitados como fobia de anões (cena que abre o filme), de celulares, cabelos e ralos. Diante das circunstâncias, os personagens geralmente vão ao desespero em frente das câmeras, alguns chegam até a desmaiar.

Vale lembrar que toda a produção do filme foi relatado pela equipe no blog "FilmeFobia - Diário de Filmagem"

Outros vencedores








O melhor filme segundo o júri popular ficou para “À Margem do Lixo”, de Evaldo Mocarzel, que também recebeu o prêmio especial do júri, a obra retrata a vida dos catadores de lixo. No festival de Brasília em 2006, Mocarzel foi o vencedor do mesmo prêmio por “À Margem do concreto”, filme que mostra a história de um sem-teto da cidade de São Paulo. Ambos trabalhos, fazem parte de uma “tetralogia” de Mocarzel, que foi iniciada por “À margem da imagem”, vencedor de vários prêmios em festivais de cinemas nacionais e internacionais.

Os prêmios de melhor atriz e atriz coadjuvante foram divididos pelo elenco feminino de Siri-Ará, de Rosemberg Cariry, o filme cearense também faturou o troféu candango de ator coadjuvante para Everaldo Pontes. O cineasta Geraldo Sarno, realizador de “Tudo Isto Me Parece Um Sonho”, foi premiado pelo seu trabalho nas categorias melhor direção e melhor roteiro.

Curtas-Metragens

Os prêmios para curta-metragem são divididos em duas categorias: 35 milímetros e 16 milímetros. O grande vencedor da categoria 35 milímetros foi o pernambucano “Superbarroco”, de Renata Pinheiro, levando o prêmio de melhor filme pelo júri oficial; já o júri popular ficou com “Brasília” (título provisório), de J. Procópio. Para 16 milímetros o júri oficial escolheu “Cidade Do Tesouro”, de Célio Franceschet como melhor filme e premiou “Depois Das Nove”, de Allan Ribeiro com o prêmio especial do júri. Não há troféu do júri popular na categoria 16mm. A menção honrosa foi para “A Menina Espantalho”, de Cassio Pereira dos Santos.

Confira todos os vencedores do Festival de Cinema de Brasília:

Categoria Longa-metragem:
Melhor Filme (Júri Oficial):
Filmefobia, de Kiko Goifman
Prêmio especial do Júri: À Margem do Lixo, de Evaldo Mocarzel
Melhor Filme (Júri Popular): À Margem do Lixo
Melhor Direção: Geraldo Sarno, por Tudo Isto Me Parece Um Sonho
Melhor Ator: Jean-Claude Bernadet, por FilmeFobia
Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante: Elenco feminino de Siri-Ará
Melhor Ator Coadjuvante: Everaldo Pontes, por Siri-Ará
Melhor Roteiro:
Geraldo Sarno e Werner Salles, por Tudo Isto Me Parece Um Sonho
Melhor Fotografia: Gustavo Hadba e André Lavenère, por À Margem do Lixo
Melhor Direção de Arte: Cris Bierrenbach, por FilmeFobia
Melhor Trilha Sonora: O Milagre De Sta Luzia
Melhor Som: Fernando Calvalcante, por Ñande Guarani (Nós Guarani)
Melhor Montagem: Vânia Debs, por FilmeFobia

Categoria Curta-metragem em 35mm:
Melhor Filme (Júri Oficial):
Superbarroco, de Renata Pinheiro
Melhor Filme (Júri Popular): Brasília, de J. Procópio
Melhor Direção: Thiago Mendonça, por Minami em close-up
Melhor Ator: Hilton Cobra, por Cães
Melhor Atriz: Ana Lúcia Torre, por Na madrugada
Melhor Roteiro: Ana Beatriz, de Clarissa Cardoso
Melhor Fotografia: Pedro Semanovischi, por Cães
Melhor Montagem: Ivan Morales Jr., por Arquitetura do Corpo

Categoria Curta-metragem em 16mm:
Melhor Filme (Júri Oficial): Cidade Do Tesouro, de Célio Franceschet.
Prêmio Especial do Júri: Depois Das Nove, de Allan Ribeiro.
Melhor Direção: Ângelo Defanti, por Maridos, Amantes e Pisantes
Melhor Ator: Nildo Parente, por Depois de Tudo
Melhor Atriz: Malu Valle, por Alice
Melhor Roteiro: Cassio Pereira Dos Santos, por A Menina Espantalho
Melhor Fotografia: Alexandre Taira, por Cidade do Tesouro
Melhor Montagem: Alexandre Boechat, por Landau 66
Menção Honrosa: A Menina Espantalho, de Cassio Pereira dos Santos.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

“Depois de tudo” mostra o lado ator de Ney Matogrosso








Sempre transgressor, não é só no mundo da música que Ney Matogrosso choca (e encanta) o publico ao mesmo tempo em que quebra os tabus da sociedade. Em “Depois de Tudo”, Ney vive um homossexual já na terceira idade, que mantém um relacionamento a mais de 30 anos com outro homem, vivido pelo ator Nildo Parente.

Filmado com muita sensibilidade, o curta acompanha, em 12 minutos, um dia na vida do casal, que na verdade, é como qualquer outro. Eles se encontram, jantam, assistem a um filme, fazem amor e dormem juntos. Na manhã seguinte, tudo volta ao normal, cada um vai para sua casa e esperam pelo dia que voltarão a se ver.

Em cartaz no Festival de Cinema Mix Brasil 2008, que aborda a diversidade sexual, o filme está na mostra competitiva de curtas, e pode ser conferido pelo público no dia 19/11 (quarta-feira), às 20h15, no Auditório do MIS e dia 20/11 (quinta), às 18h00, no Centro Cultural da Juventude. O Mix Brasil 2008 vai até dia 23 de novembro, quando saem os resultados das mostras competitivas.

Já não é a primeira vez de Ney Matogrosso no cinema, em 1987, Ney atuou no filme “Sonho de Valsa” de Ana Carolina, ao lado da atriz Xuxa Lopez; no ano seguinte, o cantor encarou novamente as câmeras no curta experimental “Caramujo-Flor”, que debate a poesia de Manoel de Barros, o filme recebeu vários prêmios em importantes festivais de cinema como o de Brasília e Gramado.

Ainda se espera uma outra intervenção de Ney aos cinemas para o ano que vem, trata-se de “Luz Nas Trevas – A Revolta de Luz Vermelha”, continuação de “O Bandido da Luz Vermelha” (1968), de Rogério Sganzerla. O filme conta a história de João Acácio, conhecido como o bandido da luz vermelha. No filme, Ney interpretará o bandido que ficou preso por muitos anos, quando descobre que tem um filho e decide então, ir atrás dele.

“Depois de tudo” é só mais um exemplo da pluralidade do cantor que não se cansa de transgredir.

Confira agora uma entrevista com o diretor Rafael Saar. Formado em cinema pela UFF, “Depois de tudo” é seu sétimo trabalho, no qual ele dirige e também assina o roteiro. Em entrevista a repórter Karen Lemos da BR Press, o cineasta fala de suas influências, de como surgiu a idéia do tema, a seleção do elenco e a importância de um festival como o Mix Brasil, que aborda a diversidade sexual.

Qual a importância do seu trabalho estar incluído na programação do Mix Brasil 2008?
O Mix Brasil é um importante festival não somente pela temática, mas pela curadoria, com uma excelente programação dentro do festival.

Como surgiu a idéia do tema?
A idéia de “depois de tudo” era a princípio mostrar um casal de idosos e gays. O desenvolvimento foi muito simples porque é um filme que mostra o cotidiano. Os personagens não são ou talvez não foram mostrados ainda no cinema ou TV. O que foi feito é construir tudo da maneira mais natural e bonita possível, sem cair na pieguice.

Como foi realizada a produção?
Tudo foi feito num processo bem rápido. Um dia de filmagem e a maior parte do tempo foi na finalização.

Como foi a seleção dos atores?
Encontrar atores que aceitassem estava sendo difícil. O Nildo eu conheci através de um amigo e quando mostrei o roteiro e falei do Ney ele topou na hora. O Ney eu conheci no “homem-ave” (filme de Rafael que ainda está em processo de produção, no qual Ney faz a narração) e também trabalho no documentário do Joel Pizzini sobre ele. Levei o roteiro na casa dele, ele leu na hora e gostou.

E trabalhar com eles, como foi?
Tivemos um "ensaio", uma semana antes da filmagem. Na verdade uma leitura e discussão em cima do conceito do filme e dos personagens. Os entenderam muito rápido e acrescentaram muito ao filme e ao roteiro.

Ney Matogrosso não é ator profissional, qual foi o motivo da escolha dele para o elenco?
O Ney é um ator, e usa isso da melhor forma no trabalho dele com música. Não foi uma escolha propriamente dita, foi um encontro. Ter ele no filme trouxe uma representação muito interessante pelo papel histórico que ele tem no questionamento dos padrões sexuais.

Você teve alguma influência para realizar essa obra?
Dentro do filme há uma referência visual a "Liberdade é azul" do Kieslowski. O cinema de poesia é o que me atrai. Pasolini, Tarkovski, Bertolucci, Godard são os que me fazem pensar e fazer cinema.

Como tem sido a recepção do público e critica do seu trabalho?
A repercussão de um curta-metragem ainda é bem reduzida, mas tenho recebido mensagens e lido alguns textos que fazem com que eu continue a fazer o que gosto.

Fale sobre os seus próximos projetos
Agora estou na preparação de um documentário sobre a Baby do Brasil, e trabalho com o Joel Pizzini no documentário que ele dirige sobre o Ney.

Comentários a acrescentar?
Acho importante dar um destaque grande ao Nildo Parente, que é um ator espetacular. A experiência dele com cinema é enorme, e acredito que este seja um filme especial para ele, que ganhou um prêmio pela carreira lá em Fortaleza a partir do “depois de tudo”. Assim como o Ney, foi muito corajoso de confiar num diretor estreante.

Assista a uma reportagem do programa Zoom na TV Cultura, a respeito do filme:


terça-feira, 18 de novembro de 2008

REC (2007)











Uma equipe de reportagem acompanha a patrulha noturna dos bombeiros. Quando recebem uma chamada, aparentemente cotidiana, para ajudar uma velha senhora que teve problemas em seu apartamento, ninguém imaginava que lá estava para acontecer algo inesperado..

Rec causou enorme polêmica na Espanha e agora está rodando todo o mundo e causando desconforto por onde passa, tanto que até ganhou uma regravação norte-americana (novidade!) que será lançada ano que vem.

Veja a reação do público:

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Dica de Exposição

De 30 de agosto até 26 de Outubro, a Pinacoteca do Estado apresenta “Diário de bolsa: Instantâneos do olhar”, da artista plástica Vânia Toledo. Cerca de 120 imagens compõe a exposição de fotos produzidas entre as décadas de 70 e 80.

Vânia Toledo sempre carregou em sua bolsa uma discreta câmera portátil, em uma época que não se conhecia as câmeras de celular e muito menos a foto digital; a câmerazinha portátil parecia inofensiva, e não intimidava ninguém, o que fazia aflorar a espontaneidade do fotografado, que nunca levava o ensaio a sério. Essa tal espontaneidade é coisa difícil de se ver em dias em que a manipulação da imagem parece reinar acima de qualquer outra coisa.

Naquela época, não existiam as ‘celebridades’, os consultores de imagem e a famigerada “imprensa rosa”, tudo era mais acessível, principalmente quando está entre amigos, como era no caso de Vânia. Dessa forma, foi possível registrar um momento super natural dos artistas daquela época; algo muito próximo à realidade.

Sabendo disso, Vânia aproveitava para fotografar, dia e noite, seus amigos mais próximos (geralmente artistas); entre festas, shows, banheiros de boate e quartos pessoais, nada escapava das lentes ácidas da fotógrafa; e tudo em tom de brincadeira, claro, mas sem pudor e vergonha, criando assim, um fiel diário fotográfico de sua vida e do seu meio.

Mas, o que era, de início, uma brincadeira entre amigos, acabou virando um retrato sério e riquíssimo da cultura popular dos anos 70/80, e que só agora é revelada ao público.

Entre textos e pensamentos da artista plástica, a exposição traz fotos super curiosas e interessantes de artistas como Caetano Veloso, Roberto Carlos, Gal Costa, Ney Matogrosso, Sidney Magal, Cazuza, Rod Stewart, Andy Warhol, Roman Polanski, James Brown, Truman Capote, entre outros, além revelar o comportamento daquela época, seja pelas roupas e acessórios do fotografado, ou pelos lugares em aquela geração freqüentava; assim, foi possível trazer a tona um lado verdadeiro e pouco conhecido de uma época que passou, mas que sobrevive através das lentes de Vânia Toledo.

“Aprendi a fotografar fotografando. Tudo que meu olhar curioso pedia eu fotografava”.

Vânia Toledo.

Confira algumas imagens da exposição:












Caetano Veloso, no espelho de seu quarto no Hotel Maksoud Plaza, São Paulo, 1982.
















Gal Costa, com visual tropicalista, entre a gravação dos discos Caras e Bocas e Água Viva, na casa do seu empresário Guilherme Araújo. Rio de Janeiro, 1978.













Cazuza, ainda na fase de vocalista do Barão Vermelho, no sofá do apartamento Emille Eddé, São Paulo 1985.










Ney Matogrosso na praia do Leblon, Rio de Janeiro, 1983.
















Andy Warhol no Estúdio 54, Nova York, 1983













Em sua primeira vinda ao Brasil, em 1985, o cantor Rod Stewart ganhou uma festa em sua suite no Hotel Copacabana Palace.



















O cineasta Roman Polanski dá autógrafos no carnaval carioca, 1983


*Fotos: Karen Lemos

A Pinacoteca abre de terça a domingo, das 10 às 18h, o ingresso vai de R$ 4,00 (inteira) a R$ 2,00 (estudante). Aos Sábados a entrada é franca.

Pinacoteca do Estado
Praça da Luz, Nº 2

Fone: (11) 3324-1000

Mais informações: www.pinacoteca.org.br

domingo, 17 de agosto de 2008

David Lynch no Brasil












O cineasta norte-americano David Lynch, conhecido pelos seus filmes ‘non-senses’, veio ao Brasil pela primeira vez no inicio do mês de Agosto, e não para falar de cinema, como muitos imaginavam, mas, para discutir sobre a Meditação Transcendental. Sim, pode parecer loucura, mas vindo de David Lynch não é nenhuma surpresa.

O diretor lança pela editora Gryphus “Em Águas Profundas – Criatividade e Meditação”, livro em que conta suas experiências de quase três décadas de meditação, e afirma que através dela, mergulhava profundamente em um mundo de idéias, e ‘pescava’ as inspirações ora bizarras, ora brilhantes encontradas em seus filmes. Em textos curtos, o livro vai revelando os pensamentos e devaneios do diretor, que, segundo o próprio, tem o objetivo de fluir na mente do leitor, como se fosse uma viagem transcendental.

Em passagem por São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, o autor divulgou sua publicação, concedendo entrevistas à imprensa brasileira e ministrando palestras sobre o tema. A turnê de divulgação já passou por mais de 15 países, e será mostrada em um documentário que está sendo preparado pelo cineasta.

“Em águas profundas” foi o assunto principal da palestra ministrada por Lynch aqui em São Paulo. Realizada no dia sete de agosto na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, o encontro contou com a presença do cineasta e do músico inglês Donovan Philips Leitch, um dos divulgadores da meditação transcendental, que junto com os Beatles e Mia Farrow, tornou a prática espiritual criada pelo guru indiano Maharishi Mahesh Yogi, muito popular nos anos 60.










Fãs aguardam um encontro com David Lynch, na livraria cultura em São Paulo.

O intuito da palestra não foi apenas divulgar essa prática, mas também para tentar implementar a meditação nas escolas públicas brasileiras. Desde 2005, a David Lynch Foundation (criada pelo próprio) financia bolsas de estudos aos estudantes que se interessam pela meditação transcendental. O projeto vem dando certo lá fora, e agora, o criador do projeto quer se encontrar com o presidente Lula e debater sobre a possibilidade dessa idéia funcionar aqui no Brasil. Será? Segundo Lynch, a meditação ajuda a diminuir o estresse dos estudantes e ajudá-los na concentração dos estudos.

Mas é impossível escapar do cinema em uma conversa com o mestre desse movimento artístico. Lynch mostrou, ainda que de uma forma pouco conveniente, histórias maravilhosas retratadas em “O Homem-Elefante” e “A História Real”, e ainda desafiou o telespectador a decifrar os significados (nunca revelados pelo cineasta) de “Veludo Azul”, “Cidade dos Sonhos” e da série televisiva de sucesso “Twin Peaks”. Seu trabalho mais atual “Império dos sonhos” foi considerado o mais extremo do diretor – do tipo ‘ame ou odeie’. É nesse misto de ódio e adoração, que Lynch ganha atenção e admiradores no mundo todo.

Durante a palestra, que foi pautada por perguntas feita pelo público, surgiram algumas questões interessantes sobre os benefícios da meditação, e outras sobre seus filmes. O cineasta respondeu a perguntas da platéia como ‘se as pessoas meditassem mais, elas compreenderiam melhor os seus filmes?’ - “com certeza!”, responde o diretor; ou então quando questionado sobre ‘o que David Lynch sabe sobre David Lynch?’, ele responde de forma bem humorada: “Nada!”.

Com simpatia e uma pitada de ironia, David ministrou sua palestra no auditório da Livraria Cultura para quase 200 pessoas, que riram e aplaudiram durante todo o evento. Em seguida, o autor autografou seus livros para centenas de fãs, que lotaram os três andares das escadarias da livraria, durante todo o resto da tarde.













Eu e David Lynch

Com sorte, eu consegui um ingresso para a palestra daquela tarde, resolvi chegar mais cedo no evento e me dei bem. O número de lugares era bem limitado e a fila estava enorme, nunca imaginei que havia tantos fãs de David Lynch em São Paulo (Há fãs de qualquer coisa aos montes aqui em São Paulo, essa é a verdade), infelizmente, muita gente ficou de fora. Quando terminou a palestra, que foi bem interessante por sinal, me dirigi à imensa fila de autógrafos, onde fiquei por cerca de uma hora e meia, até poder me encontrar frente a frente com Lynch, que assinou meu livro e foi super simpático ao retribuir meus agradecimentos pela sua vinda: “Cheers” ele respondeu entre sorrisos. Antes de ir embora dei um grande abraço naquela ilustre figura, e ainda deu tempo de tirar uma foto, que, apesar de não ter ficado muita boa, valeu pela intenção.

Sai da livraria no final da tarde, embaixo de chuva e super cansada, mas todo momento valeu a pena. Uma oportunidade dessa não volta mais, e caso volte, estarei lá com certeza!

“Se você quer pegar um peixinho, pode ficar em águas rasas. Mas se quer um peixe grande, terá que entrar em águas profundas.” – David Lynch.

Transcrição da palestra em áudio: www.riuston.com.br/blog/?p=80

Acessem o site oficial de David Lynch para mais informações sobre o cineasta e o David Lynch Fundation; também é possível fazer compras de variados produtos, tem até café (ele tem uma marca de café, acreditem) e de quebra, assistir aos capítulos da previsão do tempo, que são um tanto bizarras, gravadas diariamente pelo diretor.

www.davidlynch.com

sábado, 2 de agosto de 2008

Show do Muse








A banda inglesa “Muse” teve seu show considerado como um dos 50 melhores de todos os tempos, segundo a revista “Classic Rock Magazine”. Eis que nessa semana, nós brasileiros, tivemos a chance de comprovar essa estatística.

Pela primeira vez no Brasil, o conjunto inglês passou por três capitais, incluindo São Paulo. Quando soube da noticia, eu logo comprei meu ingresso; mesmo com a carteira de estudante o preço ficou salgado: 80 reais na pista!! Pensei comigo, será em uma casa de shows decente – o HSBC Brasil (antigo Tom Brasil) e, afinal, vai saber quando a banda voltará a fazer outro show por aqui. Bom, achei que valeria a pena e comprei.

No dia 31 de julho, peguei meu ingresso e minha mochila e parti até o show. Destaco aqui que levei um bom tempo para chegar ao HSBC, que fica localizado na região de Santo Amaro (o que para mim é do outro lado da cidade), precisei pegar o metrô e dois ônibus, e para ajudar, ainda me perdi no meio do caminho – o que não é novidade.

Quando cheguei, já havia uma aglomeração de pessoas esperando o horário de abertura dos portões, grande parte da fila parecia usar uniforme, a mesma blusa da banda, mas em diferentes cores, circulava entre as pessoas que aguardavam. Eu usava uma blusa cinza sem estampa, uma estranha no ninho.

As oito e alguma coisa da noite, os portões foram abertos. Comecei a noite muito bem: ao ser revistada pelos seguranças, uma mulher cismou com as minhas canetas bic; sugerindo que aquilo poderia matar alguém, atirou todas elas no lixo mais próximo, um prejuízo de quase 10 reais em canetas. Já nervosa, entrei no estabelecimento e lá se foram mais cinco reais para guardar a minha mochila na chapelaria. Dessa forma, só a cerveja salva! (e que também não era nada barata).

Em torno das nove da noite, a banda de abertura entrou. Jay Vaquer, nunca tinha ouvido falar; na verdade, eu até tinha visto um clipe da banda na MTV, mas nem me dei ao trabalho de ouvir direito a música, só reparei em quanto o clipe era tosco e nada mais.

O show deles não foi muito diferente disso, nem prestei atenção em nada, e graças a deus, foi um show rápido.

Uma longa espera, perto das 10 da noite - ou coisa parecida - a capa que cobria a bateria foi retirada e as luzes apagadas. A gritaria começa, luzes vermelhas na platéia, som de orquestra, e finalmente, Muse sobe ao palco, abrindo com “Knights of Cydonia.” - não consigo pensar em outra música que combine tanto com uma abertura.

Logo depois, “Hysteria”, eu já estava cansada de gritar e pular, e o show mal tinha começado. Onde eu me localizava não era nada favorável, fiquei no canto esquerdo ao fundo, onde mal dava para ver o vocalista. Era o único lugar ‘não tão apertado’ que consegui arranjar, e por isso, lá permaneci.

Outras boas músicas vieram, como “Supermassive Blackhole”, “Starlight”, “Time is Running Out” e “Stockholm Syndrome”, entre uma música e outra, os integrantes abusavam de seus instrumentos em solos que arrancavam gritos da platéia.

A todo o momento, a banda se mostrou digna do título que recebeu por sua performance, o show contou com efeitos especiais de gás carbônico que subia pelo palco e balões infláveis, que passaram pela platéia e espalhavam papéis picados quando estourados, durante “Plug in Baby”. O público respondia a tudo isso com empolgação e gritaria, fazendo coro em todas as músicas que eram tocadas no palco.

No final, sai com dores no corpo e a garganta pedindo por socorro, mas, acima de tudo, fui embora com aquela sensação boa de ter visto um grande show, e de que tudo esforço valeu a pena. E realmente, valeu mesmo.

Como já havia afirmado a "Classic Rock Magazine", Muse é responsável por uma das performances mais empolgantes do cenário musical atual, e quem somos nós para negar?


Set-list do show em São Paulo:

  • Knights of Cydonia
  • Hysteria
  • Bliss
  • Map of the Problematique
  • Supermassive Blackhole
  • Butterflies and Hurricanes
  • Citizen Erased
  • Felling Good
  • Invincible
  • New Born
  • Starlight
  • Time is Running Out
  • Plug in Baby
  • Stockholm Syndrome
  • Take a Bow


Confira mais sobre o trabalho do Muse em www.myspace.com/muse

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Sugestão.. O Escafandro e a Borboleta


A trajetória dramática do jornalista francês Jean Dominique Bauby é retratado nas telas com um realismo sufocante e quase insuportável em “O Escafandro e a Borboleta”. Poucos filmes conseguem transmitir tantos sentimentos a quem está sentado na sala do cinema. E com um detalhe peculiar: tudo isso é feito em silêncio!

Baseado no livro homônimo do jornalista, o filme narra a história de quem tinha tudo na vida, e que, devido a uma fatalidade, teve que aprender a viver apenas com o poder da imaginação.

Aos 43 anos, Jean Dominique Bauby - ou Jean-do (como era conhecido entre os amigos), editor da revista de moda Elle, está no auge da sua vida bem sucedida, quando sofre, sem explicações aparentes, um derrabe vascular cerebral. Jean-do acorda no hospital após 20 dias de coma, e o seu estado pós-derrame, chamado de síndrome locked-in (considerado raríssimo pelos médicos), o deixa incapacitado de realizar qualquer movimento, menos um – movimentar o olho esquerdo. Apenas.

Através da perspectiva do olho esquerdo de Jean Dominique é que enxergamos o seu mundo, e é com essa única visão que passamos pelos sofrimentos de um refém do próprio corpo. Em uma das cenas mais difíceis do longa, é impossível não compartilhar o sentimento de impotência do protagonista enquanto o seu olho direito é costurado para evitar infecções.

Devido ao derrame, o protagonista é incapaz de se comunicar com as palavras, e é ai que nos tornamos fieis ouvintes de seus pensamentos; pensamentos que não podem ser divididos com os outros personagens do filme, então, é com o público que a sua consciência desabafa.

A fala acaba sendo um mero detalhe, uma vez que a capacidade de se comunicar verbalmente é substituída por um método cansativo, porém eficiente, de comunicação. Jean-do consegue se expressar através de piscadas de olho, ditando letra por letra até formar palavras e frases. Acreditem ou não, é com esse sistema lento e com o estado de saúde deplorável que o jornalista encontra forças para escrever seu livro e nos contar sua história.

Como o próprio protagonista diz, seu corpo pode estar imóvel, mas a sua imaginação e memória, não.

A direção fica por conta de Julian Schnabel (de “Antes do Anoitecer”), um artista plástico da época de Andy Warhol, que saiu se aventurando na direção de cinema nos últimos anos e está colecionando bons resultados e elogios da critica com seus trabalhos cinematográficos.

Com um olhar artístico, o diretor nos mostra que o mundo fechado de Jean Dominique tem a sua beleza dentro da imaginação do protagonista, retratada em belas imagens, por vezes artísticas, e em lembranças da vida anterior ao derrame. Há também o lado do desespero, representado na metáfora de um escafandro dentro do mar, onde é possível sentir o desespero do personagem que, trancado em seu próprio corpo, sofre sem ser ouvido.

Apesar de ser uma produção norte-americana, o longa foi realizado na França e composto por um elenco de atores franceses. Entre eles, está Mathieu Amalric (o próximo vilão de 007), que encarna com perfeição as dificuldades do jornalista paralítico. O elenco conta também com Emmanuelle Seigner (de “O último portal”) , como a esposa do protagonista, e Max von Sydow (de “O sétimo selo”), no papel do pai de Jean-do.

“O Escafandro e a Borboleta” foi premiado com o César (o Oscar francês) em várias categorias. Também recebeu prêmios no Festival de cinema de Cannes, além de vencer as categorias “melhor filme estrangeiro” e “melhor direção (para Julian Schnabel)” e ser indicado em quatro categorias no Oscar, incluindo direção e roteiro adaptado, o que, para um filme francês de pouco orçamento, é algo incomum na grande premiação hollywoodiana.

Jean-Dominique Bauby morreu de pneumonia no dia 9 de março de 1997, exatos 10 dias após o lançamento de seu livro.


quarta-feira, 9 de julho de 2008

Meu inimigo sou eu

Em “Meu inimigo sou eu – um repórter judeu na palestina ocupada” de 1989, o jornalista judeu Yoram Binur se disfarça de palestino para retratar o drama vivido diariamente por israelenses e palestinos.

Ex- tenente do exército de Israel, Yoram Binur começou na área do jornalismo como repórter que cobria a “área árabe” de Israel. Dessa forma, acabou dominando a língua local e se aproximou da cultura árabe. Por muitas vezes foi confundido com um palestino, e daí surgiu a idéia do livro-reportagem.

Durante 6 meses, o jornalista se disfarçou de palestino adotando a aparência típica, como a barba por fazer, as roupas, os acessórios, como jornal e cigarros árabes, e por fim, o keffiyh - pano tradicional que os árabes usam na cabeça. Criou uma falsa identidade, dizendo vir de um campo de refugiados da faixa de gaza. Tudo para se infiltrar entre as pessoas que vivem na palestina ocupada. Por muitas vezes, correu o risco de ser descoberto, mas sempre contava com ajuda de terceiros ou da sorte mesmo.

Os árabes são visto como párias pela sociedade israelense. Explorados, tem suas terras tomadas e regularmente são humilhados pela policia israelense. Sendo que, a maioria da população árabe não tem nenhuma ligação com ações terroristas.

Através de experiências sentidas na pele pelo jornalista judeu, foi possível detalhar o tratamento desprezível e a vida degradante que os trabalhadores árabes levam.

Durante os 6 meses da reportagem, o jornalista passou por situações como trabalhar em um salão de festas em Tel Aviv, onde era obrigado a lavar chão e lavar pratos, em condições escravas e pouco higiênicas; trabalhar como mecânico em Jaffa e morar em uma hospedaria cheio de trabalhadores palestinos de todos os tipos; trabalhar como cozinheiro, ainda em Tel Aviv, nos fundos de um pequeno restaurante judeu, onde passava despercebido pelos freqüentadores do local, e outros exemplos.

Uma das passagens mais interessantes do livro é quando o autor se envolve com uma judia, que não sabia do seu disfarce. A relação era mal vista por ambas as partes, e por muitas vezes tiveram que esconder o romance.

Em outra ocasião, o jornalista se passou por voluntário em um kibbutz (uma espécie de albergue judeu), onde as pessoas são consideradas mais ‘liberais’. Não foi bem assim, apesar da curiosidade dos moradores do kibbutz, todos tinham medo que a qualquer momento o árabe explodisse a todos. A diferença, é que nesse local mais ‘liberal’, o medo era melhor disfarçado.

Também passou pela convivência árabe, se instalando em um campo de refugiados (área ocupada por militares judeus), onde entrou em contato com um estilo de vida precário, ouvindo o que os árabes pensavam sobre os judeus, em declarações cheias de preconceito e ódio. Além de sofrer duras repressões e violência por parte dos soldados israelenses.

Uma das passagens do livro nos transporta para o meio de uma “intifada”. A intifada foi a época de grandes tumultos e protestos dos árabes contra os ocupantes judeus. O autor nos passa o clima de tensão nos momentos que a violência reinava. Fora as interceptações em aeroportos e lugares público, por causa da aparência árabe, que ocorrem freqüentemente durante o livro.

Entre outras experiências, Yoram Binur conta um pouco da sua vida no exército de Israel, como os problemas e os abusos na corporação. Dessa forma, ele explora o lado negativo de ambas as partes.

Mesmo 20 anos após a publicação do livro, o tema ainda é bem recente. Parece impossível um entendimento entre judeus e palestinos que, apesar de vizinhos, permanecem em conflito. Mas, se a experiência de Yoram Binur ajudar um pouco, já é um grande passo.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Sugestão












Piaf - Um Hino ao Amor (La Môme), narra a história de Edith Piaf - a cantora francesa de cabaré mais famosa dos anos 30/40.

O filme acompanha a trajetória de Edith desde sua infância, onde chegou a morar em bordeis com a avó, até a última apresentação no Olympia de Paris, quando sua saúde e aparência já estavam comprometidas pela bebida e doses de morfina.

Grandes canções como "La Vie en Rose" e "Non, Je Ne Regrette Rien" trouxeram o sucesso internacional, fama, dinheiro, grandes amigos e grandes romances na vida peculiar dessa artista.

O ritmo acelerado em que vivia Edith Piaf era demais; ela morreu com apenas 47 anos.
Esse curto período de existência foi suficiente para consagrá-la no mundo da música, e merecer ganhar um filme em sua homenagem.

Na pele da personagem principal está Marion Cotillard, premiada com o oscar, na categoria melhor atriz, em 2007. Nada mais apropriado a um trabalho tão perto da perfeição.

Com uma ótima fotografia, 'Piaf' não romantiza a vida da personagem, como é comum em filmes biográficos, mas tenta ser verdadeiro (sem receio de mostrar cenas não agradáveis) ao contar a história de uma mulher que viveu o extremo do sofrimento e da conquista - para que hoje, pudesse ser considerada como uma das maiores cantoras da história.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Atriz brasileira é premiada em Cannes












Ela não é muito conhecida por aqui, mas a brasileira Sandra Corveloni conseguiu o que muitas atrizes internacionais almejam: o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes.
Em seu primeiro papel no cinema (a atriz fazia trabalhos apenas no teatro) Corveloni saiu do anônimato e conquistou um dos principais prêmios do cinema, entrando para o hall das grandes personagens do cinema brasileiro.
E não foi nada fácil, ao lado de grandes nomes como Juliane Moore e Angelina Jolie, Corveloni se destacou com seu papel em "Linha de Passe" (de Walter Salles) e conquistou o júri - que esse ano tinha Sean Penn como presidente.
No longa, a brasileira interpreta Cleuza, uma doméstica, mãe dos quatro irmãos - personagens principais do filme. Em uma interpretação inspirada, ela dá vida a empregada grávida de um pai desconhecido, que passa por dificuldades.
A atriz não pode comparecer a entrega do prêmio - que foi recebido pelos realizadores Walter Salles e Daniela Thomas - mas de São Paulo, ela disse estar extremamente surpresa e agradecida.
"Achava que o filme ia ganhar algo, mas não eu".
Sandra Corveloni não foi a única latino americana a sair com a palma de ouro na mão, na categoria masculina, quem levou o prêmio foi o porto-riquenho Benicio Del Toro por sua elogiada interpretação em "Che", de Steven Soderbergh. Benicio vive Che Guerava, o principal personagem desse trabalho de quatro horas e meia, que contou com uma pequena participação do brasileiro Rodrigo Santoro, interpretando Raúl Castro, irmão de Fidel Castro e atual presidente de Cuba.
Ainda na premiação, o turco Nuri Bilge Ceylan foi considerado o melhor diretor por 'Três Macacos', drama de uma família cercada por tragédias, que por muito tempo foi considerado o favorito ao prêmio de melhor filme.
Mas não foi dessa vez. O prêmio de melhor filme - considerado o principal do festival de Cannes - foi entregue a "Entre Les Murs", do francês Laurent Cantet. A tempos a França não comemorava uma vitória em seu festival local, e foi bem merecido. O filme se passa dentro de uma sala de aula na periferia de Paris, onde um professor tenta disciplinar a turma de alunos de diferentes etnias que vivem em conflito. O tema destaca bem a questão da imigração, que é um assunto polêmico na França. O teor social-politico ajudou na decisão dos jurados, já que o presidente do júri, Sean Penn, é engajado nas causas políticas.
Para fechar com grande estilo, o festival ainda prestigiou a carreira de Clint Eastwood e da atriz francesa Catherine Deneuve, que foram homenageados com um prêmio especial.

Conheça todos os vencedores

..e até Cannes 2009.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Começou..

Nesta quarta feira, dia 14 de maio, foi aberto oficialmente o 61º Festival de Cannes.







A mostra competitiva (que distribui os prêmios do festival) foi iniciada por “Ensaio sobre a cegueira” (Blindness), do diretor brasileiro Fernando Meirelles (famoso pelo longa “Cidade de Deus” – que já desfilou no tapete vermelho de Cannes). O filme é uma adaptação de um livro do escritor português José Saramago e conta com um elenco de primeira: os norte-americanos Julianne Moore, Mark Ruffalo e Danny Glover, além do mexicano Gael Garcia Bernal e a brasileira sensação-do-momento, Alice Braga.

Ensaio Sobre a Cegueira é uma co-produção de Brasil, Japão e Canadá; na trama a população de uma grande cidade (parte das cenas foram gravadas na cidade de São Paulo) sofre com uma epidemia, sem explicações, que deixa cego os habitantes locais. Por ser uma doença contagiosa, os infectados são tirados do convívio social e levados a um sanatório. A situação em que vivem os pacientes abandonados dão um tom de degradação ao filme – que incluem fezes, urina, restos de comida e uma sucessão de estupros (cenas polêmicas que foram amenizadas para não chocar tanto).

A estréia do filme contou com todo o elenco, além da presença de algumas celebridades, como Dennis Hopper, Faye Dunaway e Cate Blanchett. A recepção dos jornalistas e críticos presentes na exibição do filme foi fria, não houve aplausos, e a imprensa divulgou opiniões diversas, algumas criticando e outras elogiando.

Mesmo assim, já é um grande passo um filme brasileiro dar inicio ao principal festival de cinema da Europa. Porém, Fernando Meirelles não está sozinho. “Linha de Passe”, de Walter Salles também irá competir na mostra do festival. O longa conta a história de um garoto que sonha ser jogador de futebol (interpretado por Vinicius de Oliveira – o menino de “Central do Brasil”, lembram dele?). A estréia mundial de “Linha de Passe” está marcada para este sábado (dia 16). Além de Salles, o ator Matheus Nachtergaele estréia como cineasta em “A festa da menina morta”, que será exibido na mostra Um Certo Olhar. Só para citar alguns dos trabalhos brasileiros que vão passar pelo festival.

Para competir com Fernando Meirelles, estarão grandes nomes do cinema, entre eles, Clint Eastwood, trazendo “Changeling”, estrelado por Angelina Jolie; Steven Soderbergh, que traz seu épico “Che”, em que Benicio Del Toro dá vida a Ernesto Che Guevara - com quatro horas de duração, “Che” conta com a participação do ator brasileiro Rodrigo Santoro, na pele de Raul Castro (irmão de Fidel Castro); e Wim Wenders, com “Palermo shooting”, trazendo Dennis Hoper no elenco.

Fora de competição estão filmes recentes, que terão sua estréia em Cannes; é o caso de "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal", do diretor Steven Spielberg e do produtor George Lucas, e "Vicky Cristina Barcelona", de Woody Allen, com Scarlett Johansson, Penélope Cruz e Javier Barden no elenco. Outro destaque é “Surveillance”, de Jennifer Lynch (filha do cineasta David Lynch) e o documentário “Maradona”, sobre o craque argentino, realizado pelo sérvio Emir Kusturica.

O júri do festival desse ano terá a presença de grandes artistas como os atores Sean Penn e Natalie Portman, além de Marjane Satrap, a quadrinista iraniana que teve sua animação “Persépolis”. Na coletiva de apresentacao do júri, Sean Penn deixou claro que o festival não vai deixar de lado os assuntos políticos: ''Não vamos esquecer do tempo em que vivemos hoje''. – se referindo aos 40 anos de maio de 1968 (naquele ano, o festival de Cannes foi interrompido devido aos boicotes dos membros do júri e dos participantes das mostras.)












O festival ocorrerá entre os dias 14 e 25 de maio,
sendo dia 25, a noite das premiações.

terça-feira, 13 de maio de 2008

sábado, 10 de maio de 2008

40 anos do Maio de 1968













2 de maio de 1968. A universidade de Nanterre, na França, é fechada devido aos estudantes que invadiram o local para protestar contra a burocracia da rede ensino francês. Esse foi o estopim para o que ficaria conhecido como as revoltas de 1968.
Com o fechamento da Universidade, os estudantes de Nanterre ganharam as ruas, apoiados por outros estudantes indignados. Logo, os trabalhadores dos sindicatos franceses aderiram a causa e cruzaram os braços. As fábricas entraram em greve geral e cerca de 2/3 dos trabalhadores da França cobravam melhorias do governo. Juntando os estudantes, trabalhadores e milhares de pessoas nas ruas, não é de se espantar que essas manifestações ganhassem o mundo.

Através dos meios de comunicação de massa, os protestos chegaram a proporções grandiosas, atingindo principalmente a cultura. Artistas de todo o mundo apoiavam o movimento; se não fosse por 1968 nunca conheceriamos "Revolution" dos Beatles, ou então "Street fighting man" (que traduzindo para o portugês seria algo como "homem das lutas de rua" - referência clara as manifestações de rua da época), dos Rolling Stones, além de outras referências na música como Jimi Hendrix, Janis Joplin, The Doors, e muitos outros.
No cinema também houve mudanças; os cineastas franceses Jean Luc Godard e François Truffaut - principais nomes da "Nouvelle Vague" - não teriam o destaque que tiveram se não fosse pelo 1968; Godard chegou a boicotar o Festival de Cannes da época, em prol aos movimentos estudantis.

Nesse ano, os Estados Unidos estavam vivendo o drama da guerra do Vietnã, que indignava cada vez mais os americanos. Com a morte do líder dos militantes, Martin Luther King, os americanos mergulharam na busca por democracia, os movimentos revolucionários na França impregnaram nos Estados Unidos, dando vez ao movimento hippie e a contracultura americana, que até hoje permanece atual.

Aqui no Brasil estavamos mais do nunca longe da esperança pela democracia. Com o regime militar, estudantes protestavam nas ruas e davam inicio a grupos revolucionários de esquerda; o mais conhecido deles é o MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) - que ficou famoso pelo sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, no dia 4 de setembro de 1969.
As manifestações da população e a censura do regime foram o ponta pé inicial para o movimento tropicália, a contracultura no Brasil, trazendo artistas como Caetano Veloso que, unido aos Mutantes, conclamavam "É proibido proibir", e também Chico Buarque e Gilberto Gil com a descarada "Cálice"; enquanto isso, os estudantes entonavam "Caminhando e Cantando", de Geraldo Vandré - de braços dados na rua - assim como era feito na França.

Com o tempo, os protestos foram esfriando em todo o mundo, mas a importância que teve os movimentos revolucionários de 1968, ficará para sempre registrados na história. 40 anos depois, as contribuições da época ainda permanecem: a busca pelos direitos humanos e civis, a igualdade sexual, e uma contribuição enorme para a cultura. Eles conseguiram tudo isso em 1968, será que hoje ainda somos capazes de fazer um grande feito como aquele?

Para saber mais sobre o assunto recomendo "1968 - O Ano que não terminou", do jornalista Zuenir Ventura.

Aqui estão alguns links interessantes:
Especial do G1 sobre o movimento
Fotos das manifestações
As músicas que influênciaram na época
Livros e filmes sobre 1968 no Brasil

quarta-feira, 23 de abril de 2008

61ª Festival de Cannes


















Foi divulgado o anúncio da 61ª edição do Festival de Cannes do ano de 2008. O cartaz traz uma homenagem ao cineasta David Lynch.
O festival ocorrerá entre os dias 14 e 25 de maio. O evento é um dos mais importantes do cinema mundial, e um dos que abrem espaço para os filmes independentes.
Este ano, o Brasil está concorrendo a Palma de Ouro do festival: "Linha de Passe", de Walter Salles vai concorrer com grandes nomes do cinema, como Clint Eastwood e Steven Soderbergh.
Além da premiação, Cannes ainda traz uma mostra de filmes inéditos, entre eles o novo de Woody Allen e Indiana Jones IV.
De quebra, o diretor Quentin Tarantino promete dar aulas de cinema para quem for visitar o festival. Nada mal, hein!

Conheça os filmes participantes
Site oficial do festival

terça-feira, 22 de abril de 2008

Novo livro de Kerouac será lançado











Para os interessados em literatura Beat, a editora L&PM (principal editora dos livros desse gênero) está com novo lançamento.

"Cidade pequena, cidade grande" (tradução de The town and the city), do escritor Jack Kerouac - principal escritor dessa geração literária - já está sendo vendido no site da editora, e em poucos dias será vendido para as livrarias.

O preço é salgado, 54 reais. Normalmente, os livros da L&PM são em formato Pocket (livros de bolso) o que os torna mais baratos, não é o caso de 'Cidade pequena, cidade grande'.

O livro contém 392 páginas.

Mais informações e trecho do livro: aqui

quarta-feira, 5 de março de 2008

Conversa com Ralitsa Vassileva















A âncora da CNN Internacional, Ralitsa Vassileva, visita o Brasil entre os dias 3 a 6 de março.
O motivo principal de sua vinda é a quarta edição do 'Concurso Universitário de Jornalismo CNN, do qual Ralitsa é mestre-de-cerimônicas.
O evento anual promovido pela rede CNN, visa incentivar os estudantes de jornalismo a reportar matérias televisivas. O tema deste ano é "A socialização por meio da arte", e qualquer pessoa (sendo estudante de jornalismo, claro) pode participar. O candidato deverá produzir um video jornalístico de até 2 minutos (gravado em DVD), como prêmio, o vencedor irá conhecer a sede da CNN International em Atlanta, Estados Unidos e terá a sua matéria exibida pelo canal.
As inscrições começaram no dia 4 de março e vão até o dia 11 de junho - o resultado sairá só em agosto (para ler todo o regulamento e se inscrever no concurso, clique aqui .)
No meio de tanto trabalho , Ralitsa aproveitou para visitar museus e galerias de arte em São Paulo (o que condiz com o tema do concurso da CNN) e ainda sobrou um tempinho para palestrar aos alunos de jornalismo da Universidade Anhembi Morumbi.
A palestra foi realizada no campos Vila Olímpia, contando com a presença do coordenador do curso de jornalismo e uma intérprete, já que a palestrante falava em inglês.
Durante a palestra, a jornalista nos contou sobre sua vida, como iniciou no jornalismo, os pontos altos e baixos de sua carreira, e um pouco sobre censura de imprensa (que não esclareceu muita coisa.) Nascida na Bulgária e criada na Índia, Ralitsa se tornou âncora da CNN em 1992, depois de ter feito uma matéria sobre a queda no comunismo no seu país de origem, e hoje comanda programas de importância na emissora, como "You World Today" e "World News".
Entre os principais acontecimentos de sua carreira estão entrevistas memoráveis com o primeiro ministro de Israel, Ariel Sharon, o
ex-líder soviético Mikhail Gorbachev (que, segundo ela, foi sua entrevista mais emocionante), além de coberturas jornalísticas da saída de Israel da faixa de Gaza e a morte de Abu Musab al-Zarqawi.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

E o Oscar vai para..













A 80ª edição da maior premiação do cinema mundial (e bota mundial nisso) teve ótimas surpresas este ano.
Ao contrário do esperado, quem levou as principais categorias da cerimônia não foram as super estrelas de Hollywood, mas sim os astros do cinema mundial - em sua maioria do cinema independente. E o que isso quer dizer, afinal? Que academia está abrindo seu espaço para produções não hollywoodianas? Que o cinema mundial está crescendo? Ou as duas opções?
Analisando os vencedores das categorias temos: Daniel Day-Lewis (Sangue Negro) – melhor ator, ele é inglês. Marion Cotillard (Piaf – um hino ao amor) – melhor atriz, uma francesa. Javier Barden (Onde os fracos não tem vez) – melhor ator coadjuvante, o primeiro espanhol a vencer o Oscar, e ainda fez parte do seu discurso em língua nativa.Tilda Swinton
(Conduta de Risco) – melhor atriz coadjuvante, uma inglesa estranha que bateu a favorita Cate Blanchett (Não estou lá), que por acaso é australiana. Uma bela mistura de nações, não?
A Academia não está apenas ‘abrindo espaço’ para os estrangeiros, a palavra que melhor define seria ‘reconhecimento’.
Pegamos como exemplo o filme ‘Piaf – um hino de amor’, que além de trazer a ótima Marion Cotillard na pele da cantora francesa Edith Piaf, o filme, que venceu o Oscar de melhor maquiagem, é uma daquelas produções magníficas que não deixam a desejar.
Saindo um pouco do clima europeu, o filme
‘Onde os fracos não tem vez’, produção bem americana levou o prêmio máximo – melhor filme, em acirrada disputa com ‘Sangue Negro’ (que traz a ótima atuação de Daniel Day-Lewis) e ‘Desejo e Reparação’ – Além de melhor diretor (para os irmãos Coen), melhor roteiro adaptado, e o já citado aqui, ator coadjuvante, Javier Barden. Sobre isso, Prefiro não opinar. Não gosto do trabalho os irmãos Coen (sei que muita gente gosta, mas eu não, desculpem). Digo apenas que Javier Barden é fantástico.

O filme ‘Juno’ (o mais visto pelos brasileiros neste fim de semana) apesar de ser uma produção ‘americana’, é considerado como filme independente, ou seja, filme de baixo orçamento, diferente das super produções que estamos acostumados a ver.
No ano passado, ‘Pequena Miss Sunshine’ ocupou o lugar de ‘Juno’ na categoria filme independente da vez.
A principio, é só mais um daqueles filmes despretensiosos, sobre uma adolescente que engravida acidentalmente. Porém, a popularidade do filme foi crescendo tanto que, em uma votação por internet, o público colocou ‘Juno’ como favorito pelo prêmio de melhor filme.
Não venceu melhor filme, mas venceu melhor roteiro original para Diablo Cody – uma ex-stripper – e todo mundo parece que gosta de ressaltar a antiga profissão da roteirista. Além de ter recebido uma indicação de melhor atriz para a estreante Ellen Page (uma canadense, falando nisso, ta?).
Na categoria melhor animação venceu ‘Ratatouille’, sem grandes surpresas, já que era o favorito da categoria. ‘Ratatouille’ concorreu com a animação francesa “Persépolis’ que conta a história de uma garota que se muda para França após uma revolução no Irã (mistura de nações 2).
Já em Melhor Filme Estrangeiro o vencedor foi ‘The Counterfeiters’ da Áustria, que concorreu com filmes de Israel, Polônia, Rússia, e até o Cazaquistão - e nada de Brasil. O filme ‘O ano em que meus pais saíram de férias’ conseguiu chegar aos 9 finalista dos indicados a filme estrangeiro, mas ficou por lá mesmo. E nada de ‘Tropa de Elite’, que era o que o povão queria, mas esse, por sua vez, ganhou o Urso de Ouro no festival de Berlin (Berlinale), quer melhor?
Melhor mesmo foi o Oscar comemorando seu octogésimo aniversário com cenas históricas mostradas a todo momento, ou então os soldados do Iraque apresentando a categoria de melhor documentário curta-metragem, ou quem sabe a Cameron Diaz errando feio seu discurso, não conseguindo falar a palavra ‘fotografia’ (que era a categoria que ela apresentava), ou melhor ainda - os apresentadores escorregando em alguma coisa que havia no palco, que ninguém soube explicar o que era.
Para cortar um pouco do clima de ‘seriedade’, o Oscar contou com apresentações musicais dos filmes concorrentes em Melhor Canção Original. Os Músicos Glen Hansard - irlandês, e Marketa Irglova – da Tchecoslováquia, levaram o prêmio com a bela música “Falling Slowly’ do filme ‘Once’.
E para fechar o post eu indico aqui o vídeo da música ‘Falling Slowly’ (vídeo aqui) um dos vencedores desse 80ª Oscar, mais internacional do que nunca.
Veja a lista completa dos vencedores no site do Oscar.

Sugestão: Sweeney Todd













O novo musical de Tim Burton – ‘Sweeney Todd – o barbeiro demoníaco da rua Fleet’ é a adaptação cinematográfica de um famoso musical da Broadway.
No elenco estão personagens carimbados dos filmes de Burton, como Johnny Depp (que repete a parceria pela sexta vez) e a mulher do diretor, a atriz Helena Bonham Carter. Os dois atores fazem os papéis principais do filme: Sweeney Todd e a Mrs. Lovett.
O filme se passa na sombria Inglaterra Vitoriana (cenário perfeito para um filme de Burton) e conta a história de Benjamin Barker, um barbeiro bem sucedido, que tinha uma linda esposa e filha, mas a ganância de um ilustre cidadão de Londres destruiria a sua vida. O Juiz Turpin (vivido pelo ator Alan Rickman) baniu Benjamin da cidade e raptou a sua família.
Após 15 anos de exílio na Austrália, Barker volta a suja Londres com o pseudônimo de Sweeney Todd, e através desse disfarce, planeja ter sua vingança. Em seu caminho encontra a viúva Lovett, dona de uma loja de tortas falidas, que vira cúmplice de seus sangrentos crimes.
Sweeney abre sua barbearia em cima da loja de tortas, e é lá que o plano de vingança é posto em prática. Com uma afiada navalha, o barbeiro corta a garganta de seus inimigos e os cadáveres servem de recheio para as tortas da Mrs. Lovett, que logo viram a sensação de Londres.
O elenco ainda conta com a presença hilária de Sacha Baron Cohen (de ‘Borat') na pele do barbeiro italiano Adolfo Pirelli, rival de Todd, e uma de suas primeiras vitimas.
Não se sabe ao certo se o verdadeiro Sweeney Todd, a quem foi atribuido cerca de 160 crimes cometidos na antiga Londres, realmente existiu, ou se é apenas uma lenda. A sua primeira aparição fictícia foi na obra de Thomas Peckett Prest, publicada em 1846, que mais tarde virou peça de teatro. Anos depois, a peça virou um tremendo sucesso musical da Broadway, nas mãos do genial compositor Stephen Sondheim (de "Amor, Sublime Amor").
Foi o mesmo Sondheim que adaptou as canções para o cinema, só restou aos atores cantar. A maioria do elenco (que contou com bastantes nomes desconhecidos) não tinha experiência com o canto, o que trouxe um clima de ‘surpresa’ ao filme.
Apesar de muita cantoria, ‘Sweeney Todd’ sustenta certa beleza nesta cruel história sobre vingança. Com figurinos, cenários e fotografia de encher os olhos, o resultado é uma obra-prima do cinema.
O sangue em excesso pode assustar alguns desavisados, mas é um prato cheio para quem está acostumado com os trabalhos de Burton.
Mesmo não sendo um tema que agrada nas premiações, ‘Sweeney Todd’ venceu o globo de ouro de melhor filme comédia/musical e ator comédia/musical para Johnny Depp. No Oscar também se saiu bem, levando a estatueta de direção de arte, além de ter sido indicado nas categorias figurino e ator (Depp).

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

A morte de Heath Ledger








O ator Heath Ledger tinha 28 anos quando foi encontrado morto em seu apartamento em Nova York, no dia 22 de janeiro. Aparentemente, uma morte suspeita: o corpo estava sem sinais de violência e alguns comprimidos foram encontrados no local.

Uma trama típica de cinema.

Por volta das 15 horas da tarde, a empregada e uma massagista, que tinha hora marcada com o ator, bateram na porta do quarto em que Heath descansava, como não houve resposta, as duas entraram no aposento e encontraram Heath inconsciente. Rapidamente chamaram socorro, mas não houve tempo.

A polícia de NY suspeitava de morte acidental ou suicídio. O que levaria um ator bem sucedido e, recentemente, pai de uma criança (Heath tinha uma filha de 2 anos, Matilda, com a atriz Michelle Williams) a cometer suicídio?

O ocorrido foi um prato cheio para os tablóides que logo levantaram suspeitas de uma overdose de remédio, e até de drogas, que poderia ter matado o jovem ator.

O primeiro laudo da autopsia foi inconclusiva, e seria necessário mais alguns dias para que fosse esclarecido o que realmente ocorreu naquela tarde de 22 de janeiro. Nesse meio tempo a imprensa se divertiu em tentar adivinhar o que teria acontecido, enquanto parentes e amigos prestavam belas homenagens.

Nesta quarta feira (6/2) o laudo conclusivo dizia que a morte foi acidental, causada por abusos de remédios. Heath tomava uma série de remédios controlados para ansiedade e insônia, e quando tomados em excesso, afetam na respiração e baixam o ritmo cardíaco podendo levar à morte.

Em recente entrevista o ator declarou que um dos seus últimos trabalhos o afetou emocionalmente, levando a procurar ajuda de medicamentos controlados. O papel em que ele se referia era o do Coringa do novo filme de Batman (chamado ‘ O cavaleiro das Trevas’). O filme ainda é inédito no Brasil, mas a interpretação de Heath já vem chamando atenção de público e critica mesmo antes de sua morte. Ao que parece, o novo coringa é fantástico. Uma pena que Heath não possa aproveitar os elogios do seu último, e talvez mais brilhante, trabalho.

Ainda inédito no Brasil é o filme ‘I’m Not There’ (‘Não estou lá’ - porcamente traduzido aqui) em que Heath interpreta, junto com mais 6 atores, uma das faces de Bob Dylan. Entre outros trabalho relevantes estão Candy – maravilhoso, em que ele interpreta um viciada em heroína, Os Reis de Dogtown – um papel pequeno, porém muito bem feito e engraçado, Os Irmãos Grimm, 10 coisas que eu odeio em você, e claro, O Segredo de Brockback Moutain – um filme que quebrou estereotipos ao tratar da história de dois cowboys que se apaixonam e vivem um amor homossexual. Com certeza o trabalho mais notável e difícil de Heath, e o mais elogiado.

Antes de sua morte, Ledger trabalhava no filme "The imaginarium of Doctor Parnassus", do diretor Terry Gilliam (que dirigiu Os Irmãos Grimm). Após a morte de Heath, a produção foi cancelada. Resta apenas algumas imagens do que poderia ter sido mais uma ótima interpretação do ator.

O corpo de Ledger deverá ser sepultado ainda esta semana, na cidade de Perth, na Austrália (cidade natal do ator). Para nós, restou as boas lembranças de Heath Ledger, eternizadas nas telas do cinema. Lembranças de um ator que tinha toda uma vida e carreira pela frente, um ator com um talento difícil de encontrar hoje em dia, e que com certeza, vai fazer muita falta!