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Escolhida pelo MDB, com Marcelo Barbieri, para disputar uma das duas vagas ao Senado Federal pelo Estado de São Paulo, Cidinha Raiz está no início da campanha eleitoral e tem chamado atenção mais pela aparência do que por suas propostas que, segundo ela, envolvem políticas para mulheres e negros.
Ao lado de Paulo Skaf, emedebista candidato ao governo paulista, Cidinha tem viajado pelo Estado e, vez ou outra, escutado comentários sobre seu visual, principalmente a respeito de seu cabelo, que atualmente é curto e alisado. “Não é de agora que ouço esse tipo de coisa, mas como estou mais exposta devido à campanha, essas críticas estão mais frequentes”, conta.
Mulher negra, a primeira a ser candidata ao Senado por São Paulo, Cidinha cita à reportagem o que chamou de “ditadura” para que o negro use os cabelos de forma natural, ou então ao estilo black power. “Me chama atenção o quanto as pessoas se preocupam com esse tipo de coisa e perdem tempo olhando para um cabelo”, diz ela, que também menciona casos de jovens negros que são alvo de bullying nas escolas devido à aparência, ou porque alisam os fios, ou porque os deixam naturais. “Eu acho o cabelo black maravilhoso, mas a questão não é essa, é de como isso mexe com a autoestima do negro”, explica.
A psicóloga de 61 anos, que é pós-graduada em História da África e do negro no Brasil, falou também que já teve vários estilos de cabelo na vida, e que isso não tira sua essência de “mulher negra, pobre e nascida na periferia”. “Se eu pintar meu cabelo de loiro, vou continuar sendo negra. Não é isso que vai definir a minha personalidade. Black ou não, liso ou não, o cabelo é meu. A gente tem que se sentir bem do jeito que é, sem ficar nessa ditadura que nos limita sob o ponto de vista do que os outros acham que é certo ou que é bom.”
Até que sua candidatura fosse lançada, Cidinha Raiz não tinha redes sociais, mas precisou criar perfis em várias plataformas devido à campanha eleitoral, e já se deparou com comentários, inclusive de seguidores, recomendando “um bom cabeleireiro” para ela. “Eu já tenho o meu cabeleireiro, que pode não ser bom para você, mas é bom para mim”, argumenta.
“Não se mede as pessoas pela aparência, mas pela capacidade. Na política, eu serei eu mesma. Não vou para a favela de terno e saltinho, vou como sempre fui: de tênis e calça jeans, porque o cargo não tem que mudar a pessoa, mas precisa ser usado a favor das pessoas.”
Partido político
Além das observações sobre seu visual, a candidata também menciona que já ouviu críticas ao seu partido, o centrista MDB, principalmente por parte de legendas da esquerda. “Os partidos que mais questionam minha sigla estão indicando homens brancos para o Senado, inclusive o próprio PT”, afirmou Cidinha ao citar a maior legenda alinhada a essa ideologia, que está lançando Eduardo Suplicy e Jilmar Tatto para os cargos disponíveis na Casa.
“Nenhum partido, de direita ou de esquerda, indicou uma mulher negra para o Senado; portanto, eles não têm nem o direito de criticar”, pontua a psicóloga. “Mas também acho que agora é o momento de esquecer bandeiras políticas e se unir em torno de causas que, de fato, criem políticas públicas que atendam às demandas do Estado de São Paulo.”
Entre as propostas da candidata está tornar o feminicídio crime hediondo, negociar com empresas privadas o acesso de mulheres vítimas de violência e jovens negros no mercado de trabalho, e fomentar o empreendedorismo do jovem negro pela qualificação na educação por meio de entidades de ensino como Sesi, Senai e Sebrae.
(Karen Lemos - Portal da Band)
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