domingo, 14 de novembro de 2010
Deborah Secco: “Não enxergo minha carreira sem a Bruna Surfistinha”
Sem dúvida, "Bruna Surfistinha" é um dos filmes mais esperados. E não é só pelo grande público. Deborah Secco, a atriz escolhida para protagonizar a produção, também já não consegue esconder a ansiedade. Deborah definiu seu trabalho no filme como um divisor de águas em sua carreira, por conta da intensidade com que mergulhou dentro do universo sombrio da personagem.
O filme, com direção de Marcus Baldini, leva aos cinemas os detalhes do trabalho de uma garota de programa: Raquel Pacheco, quem dá título ao longa. Na última sexta-feira (29), o trailer do filme foi divulgado para jornalistas em evento em Florianópolis, Santa Catarina, sob muitos aplausos no final da exibição.
Baseado no livro “O Doce Veneno do Escorpião”, a obra cumpre parcialmente sua função de matar a curiosidade das pessoas a respeito do mundo das prostitutas. A protagonista, ela mesmo uma garota de programa, ganhou a vida não somente encantando os homens, mas também relatando com minuciosidade tudo o que fazia com eles.
Diante deste desafio, Deborah resolveu arriscar e se aprofundou em uma realidade que muitos fingem não existir. E a atriz não poderia passar imune à essa experiência tão visceral. “Para qualquer atriz, esse personagem é um presente. Completa e complexa. Atuei de uma forma como há muito tempo eu não atuava: quase virgem de qualquer vício, me desprendendo de tudo que já aprendi, porque tive a oportunidade de, em tão pouco tempo, trabalhar profundo e intensamente na Raquel. Isso é algo realmente excitante para um ator”, afirmou Deborah no evento para o Famosidades.
Uma pessoa conhecida, uma história popular. Antes mesmo que Deborah fosse anunciada, instalaram-se muitas expectativas sobre a adaptação cinematográfica de “O Doce Veneno do Escorpião”. Por conta disso, a produção trabalhou arduamente no projeto. Foram dois anos adaptando o roteiro e três meses de filmagens intensas, fora a pós-produção de “Bruna Surfistinha” que, ao que tudo indica, está sendo muito bem caprichada. Mas, voltando às filmagens, também não foi nada fácil gravar as cenas do longa.
“A Bruna não foi logo de cara para a prostituição de luxo. Quando ela saiu de casa, aos 17 anos, foi trabalhar em pulgueiros. Tivemos que filmar no centro da cidade, ao lado da ‘Cracolândia’ [na região do bairro da Luz, em São Paulo]. Por vezes tivemos que interromper as gravações porque ouvimos meninos de rua drogados gritando alto. A energia por lá era péssima”, recordou.
Esse universo tão rico em informações (“e muito triste também”, acrescentou Deborah), foi um prato cheio para a atriz que se embrenhou em prostíbulos e passou a viver intimamente com garotas de programa. E a vivência trouxe lições.
“Muitas coisas me impressionaram no universo delas. É um mundo chamado de ‘vida fácil’ mas que, para mim, talvez, seja a mais difícil que existe. Elas não são vilãs, elas não fazem mal a ninguém a não ser elas próprias. Fui descobrindo isso ao olhar para os olhos de cada uma delas, era um olhar vazio, já anestesiado por tantos maus tratos. Não tem nada mais grave que se auto-flagelar”, se emocionou Deborah ao lembrar.
Durante seu laboratório, a atriz se mudou para São Paulo na época da produção. Ela contou que, para entender a Raquel Pacheco, passou a viver como ela: sozinha. “Precisava conhecer o que era a solidão, o que era a falta de amor. Venho de uma família extremamente amorosa, e essa necessidade pela solidão foi algo importante para compor a Bruna”, afirmou.
Além dessa experiência, a atriz frequentou assiduamente prostíbulos e casa de striptease. Deborah não ficava com as garotas apenas quando elas subiam ao palco, dançavam ou levavam seus clientes para os quartos. “Também acompanhava elas saindo do quarto, indo se lavar, lavando banheiro; não era fácil. Percebi ali o quão guerreira essas mulheres são”.
Guerreira, corajosas, Deborah se perdeu no meio de tantas definições. Ela própria assumiu que não teria a coragem das garotas de programas que, ao aceitarem convites dos clientes, não sabem se irão voltar para casa, se irão apanhar. Mesmo assim elas vão. Por trás de cada mãe e filha que se prostitui, existe uma família e uma vida para serem sustentadas.
“Com elas aprendi a me livrar de julgamentos, de preconceitos. Tenho outra visão agora. Posso dizer que esse filme mudou completamente minha vida. Mexeu comigo de uma forma tão única, que não enxergo minha carreira sem esse marco que o filme representou”, enfatizou Deborah.
“Bruna Surfistinha” mata sim a curiosidade sobre prostituição. Mas vai além. Fala ainda das muitas vidas que existem por trás do trabalho, e o que as donas dessas vidas aprendem com a rotina depreciativa. “O que me atraiu nessa história foi justamente isso, que existe uma menina por trás da Bruna Surfistinha. Uma menina com seus dramas, tentando solucionar problemas e os desencaixes da vida”, contou Marcus Baldini, diretor do longa (foto acima)
O filme, como deu para imaginar com o depoimento do cineasta, não tem como proposta escancarar e expor a profissão das garotas de programa, apontando até onde está certo e errado dentro dessa prática.
“Ninguém está julgando, estamos apenas contando uma história. E quando contamos uma história de forma isenta, cada pessoa terá uma leitura diversa. Por isso fica complicado generalizar a reação do público. Cada pessoa terá a sua: vai ter gente que sentirá dó ou pena, outros que vão sentir raiva, alguns com nojo, enfim, reações completamente adversas”, complementou Deborah.
“Bruna Surfistinha” estreia dia 25 de fevereiro de 2011, pouco depois de a protagonista estrelar outro papel para a televisão em “Insensato Coração”, próximo novela das 21 horas escrita por Gilberto Braga. Até lá, produtores de “Surfistinha” batalham contra a censura do filme. O desejado é mínimo de 16 anos.
(Karen Lemos - Famosidades/MSN Brasil)
"O Palhaço": Selton Mello dá esperança a artista em crise
Selton Mello quase enlouqueceu articulando duas funções ao mesmo tempo: a de ator e a de diretor. Enquanto gravava, era ele próprio que ajeitava o enquadramento, dava ordens aos atores e gritava "ação", ou então, "corta", quando necessário; tudo isso vestido a caráter de seu personagem.
A cena pode parecer um tanto bizarra, já que o ator dirigia maquiado, com roupas coloridas e enormes sapatos. Em "O Palhaço", Selton dá vida a um palhaço em crise, que enfrenta momentos difíceis no circo, que já não mais agrada o público como antigamente. "No entanto a crise do personagem é saudável, levando ele a dar sempre um próximo passo", contou Selton para o Famosidades, durante apresentação do filme, em Florianópolis.
Gravado parcialmente em Minas Gerais e em Paulínia, interior de São Paulo, a história do filme é, na verdade, uma comédia leve, carregada de esperança. "É feito com sonhos. A gente está precisando de um pouco de sonhos, eu acho. Quem for assistir, vai sair do cinema muito bem, com aquela sensação agradável", afirmou
Confiante na qualidade de "O Palhaço", Selton se identificou tanto com o projeto que ele mesmo pegou as rédeas e conduziu equipe de produção e atores durante as gravações do longa, para que tudo saísse do jeito que ele queria. "Foi interessante, mas foi uma insanidade ao mesmo tempo. Dirigir e atuar, e ainda vestido de palhaço? Não dá para levar a sério", brincou o ator.
Novos Projetos
Saindo do sucesso da minissérie "A Cura", Selton Mello está agora se dedicando mais ao cinema. Isso não quer dizer, no entanto, que voltar a atuar na atração, caso haja uma segunda temporada, esteja totalmente fora de cogitação.
"'A Cura' foi um trabalho muito especial mesmo. O público adorou, e a gente gostou de fazer também. Ninguém sabe se o seriado volta com nova temporada, nem me convidaram ainda. Mas, caso role esse convite, é bem provável que eu faça. Gostei muito daquela experiência", afirmou Selton.
Especulações de que o ator também iria dirigir uma nova fase da produção, contudo, são falsas. "Acredito que a minissérie já esteja bem estruturada. Ela tem sua própria linguagem. Agora, eu vou atuar e dirigir um projeto para a Rede Globo sim, mas não é 'A Cura'. Não posso dizer o que é ainda", adiantou.
Enquanto o projeto não é anunciado, Selton se divide para divulgar seus trabalhos para o cinema. O mais recente foi "Lope", de Andrucha Waddington, em que o intérprete vive um arqueiro espanhol de séculos passados. A ideia de fazer um filme falando outra língua não acanhou o ator.
"Nunca trabalhei em outra língua. Então, para mim, o desafio foi esse e queria passar por isso. Estudei muito a língua espanhola, muitos diálogos, principalmente, e ainda dei sorte, porque o filme é de época. Se fosse contemporâneo, eu estaria perdido. Teria que improvisar, estudar gírias, aí complica."
Homem de tantos talentos, Selton, recentemente, chegou a ser cogitado para integrar o elenco do SBT, que também fez convite para Ana Paula Arósio, que está na "geladeira" da Globo desde que se ausentou das gravações de "Insensato Coração", próxima novela das 21 horas. No caso de Selton, ainda não era a hora para firmar nada com a emissora de Silvio Santos.
"Chegaram a me convidar sim, mas eu não pude aceitar. Como iria aceitar se eu tenho vários compromissos com a Globo?", esclareceu.
(Karen Lemos - Famosidades/MSN Brasil)
Selton Mello é apoio de Grazi Massafera em seu primeiro projeto no cinema
Um projeto nacional, gravado todo em São Cristovão, no Rio de Janeiro, vai reunir Selton Mello e Grazi Massafera nas telonas. A atriz, que agora se volta para o cinema após temporada bem sucedida na televisão, estrelará lado a lado com o fera em uma comédia que tem como proposta contar histórias do Brasil para os brasileiros.
São histórias destes brasileiros que acreditam em sonhos, como Marivalda (Grazi) e Wanderley (Selton) na trama de "Billi Pig", que começa a ser rodado a partir de janeiro de 2011. Mesmo sem prévia, o longa teve coletiva de imprensa em Florianópolis, Santa Catarina, com a presença ilustre dos atores do projeto.
Marivalda é uma aspirante a atriz que, assim como toda mulher sonhadora, almeja conquistar seu espaço no mundo do teatro, da TV e do cinema. Wanderley, um corretor de seguros falido que ganha a vida na pele de um falso padre, tenta fazer o que pode para ajudar sua mulher à alcançar seus objetivos profissionais.
"Wanderley é aquele cara que faz tudo pelo amor. Ele realmente acredita no amor que ele tem por Marivalda e, para isso, faz qualquer negócio para realizar os sonhos da pessoa amada", contou Selton em entrevista ao Famosidades.
O diferencial do filme está na inusitada participação de um porquinho de pelúcia que ganha vida e passa a falar com sua dona, Marivalda, aconselhando-a com lições de moral e alertando sobre as trapaças que seu marido vive arranjando. "Toda menina tem um sonho de ser atriz, e quando ela sonha assim, ela quer ser a melhor atriz. Marivalda não conseguiu isso ainda, falta sorte, e o personagem do Selton tenta ajudá-la de alguma forma, mesmo que isso implique em confusão", resumiu Grazi para os jornalistas.
É nesse clima de pré-produção que Selton e Grazi vêm ensaiando uma química que deve sobressair nas telas. "Eu acho que a Grazi trouxe um frescor para a história. Ela tem muita uma vontade de aprender e de se arriscar como atriz. Acho que com essa postura, nós e o filme só temos a ganhar", complementou o ator, que focou sua carreira totalmente para o cinema. Selton, para quem não se lembra, já apareceu em produções como "Meu Nome Não é Johnny", "O Cheiro do Ralo", "O Auto da Compadecida", "Mulher Invisível", entre outros.
Em sua primeira empreitada para as salas do cinema, a namorada de Cauã Reymond não vê a hora de mergulhar no universo cinematográfico, e experimentar a sensação de aparecer na telona pela primeira vez. "Cinema para mim, neste momento, é o que eu venho mais identificando. É um desafio, na verdade. E me desafiar está no meus planos", contou Grazi.
"Acho que para primeira experiência, eu estou em boas mãos. Apesar de cinema ser algo novo para mim, eu entrei com o pé direito e venho aprendendo com os melhores: Selton Mello, José Belmonte [diretor] e toda a equipe, que me deixou muito segura e tranquila durante todo o processo", acrescentou. Vale lembrar que Cauã, que atualmente vive Danilo em "Passione", já se aventurou nas telonas e se saiu muito bem. A bela deve tomar algumas aulinhas com o amado.
(Karen Lemos - Famosidades/MSN Brasil)
"É um suspense-cult", define Alessandra Negrini sobre "Dois Coelhos"
Vivendo uma advogada corrupta em “Dois Coelhos”, Alessandra Negrini, uma das protagonistas do longa, afirmou que o convite para integrar o elenco enalteceu seu trabalho no cinema. “Me fez sentir uma atriz moderna”, riu Alessandra, durante entrevista ao Famosidades, na coletiva de imprensa da Imagem Filmes na sexta-feira (29), em Florianópolis, Santa Catarina.
A história não traz nenhuma novidade, mas seu formato e linguagem (parecido com o ritmo das histórias em quadrinhos), escolhido pelo diretor estreante Afonso Poyart, pode abrir espaço para um novo modo de se fazer filmes no país - ao menos, com maior tecnologia.
"O filme é muito diferente. Quando li eu achei tão inovador. Me surpreendi com o estilo, que é bem pop, jovem, cheio de informações visuais”, explicou a atriz.
Alessandra acrescentou ainda que, com um roteiro dinâmico, acessível e rápido, “Dois Coelhos” quer chegar a um público que ainda está se formando, mas já tem uma identidade e cresce rapidamente: o jovem internauta. "Para assistir 'Dois Coelhos' o público terá que pensar. Não é um filme fácil porque fala de política, corrupção, cheio de mistérios e tem um quebra-cabeças bem bolado no meio. Eu diria que ele é um suspense-cult”, tentou definir a atriz.
"Ela está cansada daquele universo em que vive, do mundo do crime, enfim... E agora está buscando um pouco de paz, já que a profissão lha rendeu muitas consequências negativas, como síndrome do pânico”, contou a atriz.
Não só se aprofundar na doença e nas inseguranças da personagem tornou-se o grande desafio da atriz. Repleto de cenas ágeis de ação, com muito efeito especial, de tirar o fôlego, Alessandra também teve que suar muito para tornar suas sequências as mais reais possíveis.
“Fazer cena de ação é bem difícil. É uma experiência fisicamente cansativa, porque é tudo muito técnico, sabe? Tem tiroteio que teve que ser filmado várias vezes, por exemplo”, explicou.
Apesar de ter usado dublês, Alessandra chegou a se arriscar em algumas filmagens, que ficaram marcadas para ela como algo interessante, porém, perigoso em sua carreira. “Dá um pouco de medo, principalmente quando fiz cenas em que tive que pular de um carro em movimento. Usei pouco os dublês, porque alguma ação você tem gravar de verdade.”
(Karen Lemos - Famosidades/MSN Brasil)
Reprise de "Vale Tudo" encanta nova geração com debates atuais
Quem diria que uma trama transmitida em 1989 permaneceria tão atual e ainda mais crítica e realista do que as novelas exibidas atualmente? Parece piada, mas “Vale Tudo”, escrita em uma época delicada da política brasileira (véspera das eleições de 1990, com vitória de Fernando Collor) conseguia alfinetar com maior ênfase a corrupção, falta de ética e caráter do que os folhetins atuais que, supostamente, foram conquistando liberdade no horário nobre da TV.
Mero engano. Talvez seja esse o segredo da reprise de “Vale Tudo”, no ar desde quatro de outubro pelo Canal Viva, e que novamente está atraindo a atenção do telespectador (e dos muitos que não puderam assistir à novela em seu ano de exibição), mesmo que signifique horas a menos de sono. Isso porque o horário da reprise é bem ingrato: às 0h45, com reexibição ao meio-dia seguinte.
Contudo, rever o desprezo de Odete Roitman, as trapaças de Maria de Fátima, as bebedeiras de Heleninha e os looks (ousados e muito copiados na época) de Solange nas telinhas está fazendo com que muitos espectadores-internautas durmam após as 2 da manhã, depois de assistirem a mais um capítulo e comentarem tudo no Twitter.
A ferramenta da web tem sido a principal aliada na volta de “Vale Tudo”. No horário da reprise, a tag #valetudo lidera os trending topics do site, com comentários que vão desde elogios sobre a qualidade e atualidade da trama, até comparações de má índole e corrupção política, elementos bem conhecidos pela sociedade até os dias de hoje.
“Já esperávamos o sucesso de ‘Vale Tudo’, e acreditamos que terá um desempenho ainda melhor ao longo da trama. Estamos muito felizes com a repercussão da novela, que temos acompanhado através da internet e redes sociais, como o Twitter, Fale Conosco, etc”, explica Letícia Muhana, diretora de grade do Canal Viva, ao Famosidades.
Letícia, juntamente com a equipe do Canal Viva, ainda não decidiu qual será a próxima novela desta faixa de horário, reservada aos clássicos da Globo, após o término da trama escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Basséres.
Apesar do claro sucesso, vale citar que o autor Aguinaldo Silva, que não quis comentar sobre o assunto, deixou claro que não quer dar ibope ao que “já passou”.
“Quem disse que vou pagar 36 ‘mirréis’ por mês pra ver uma novela que eu mesmo escrevi faz – meu Deus! – 22 anos! Por causa de Odete Roitman? Quem precisa de Odete Roitman quando já teve Perpétua, Altiva Pedreira, Maria Regina, Nazaré, e já tem programado pelo menos meia dúzia de outras?”, comentou o escritor em seu blog oficial.
Os números e fatos de “Vale Tudo” em 1989, porém, dão alguma ideia do porquê o folhetim ainda faz tanto barulho e merece ser visto e revisto seja naquela época, hoje, ou daqui a 10 anos. Em 6 de janeiro de 1989, a Rede Globo registrou espantosos 86 pontos no índice do Ibope durante o capítulo que relevaria o assassino de Odete Roitman.
Mistério envolvendo assassinatos em tramas sempre são bem atraentes aos olhos do público. “Passione”, de Silvio de Abreu, esquentou depois que todo o suspense envolvendo a morte de Saulo (Werner Schunemann) passou a integrar a história.
“Vale Tudo” foi considerada, mesmo após 22 anos, uma das melhores novelas que já foi ao ar pela emissora. Em 2002, uma produção em parceria da Globo com a Telemundo (braço hispânico da NBC), realizou o remake do folhetim lá fora, tornando-se o primeiro produto exportado pela emissora brasileira, voltado exclusivamente ao mercado externo.
“Acredito que ‘Vale Tudo’ resuma um pouquinho de tudo que estamos precisando hoje. Tivemos atores muito bons, boa produção, boa direção, uma ótima história. A novela é referência em qualidade, foi muito bem feita, e atribuo a isso seu sucesso”, explicou Beatriz Segall, intérprete da megera Odete Roitman ao Famosidades.
Além de Beatriz, Glória Pires, Regina Duarte, Antônio Fagundes, Reginaldo Faria, Lídia Brondi, Carlos Alberto Riccelli, Renata Sorrah, entre outros, compunham a trama que ditou modismos no final de 80 e implantou bordões como “sangue de Jesus tem poder”, fala clássica da personagem Raquel (vivida por Regina Duarte).
Ainda sobre os assuntos abordados, o folhetim inovou ao mostrar com realismo os problemas de uma alcoólatra de forma antes nunca exposta em rede nacional, com a conduta da personagem Heleninha, vivida por Renata (foto acima). Na época, “Heleninha” virou apelido para designar uma pessoa que bebia demais.
A função da personagem, no entanto, era claro: expor um problema e mostrar que ele tem solução. Na reta final, Heleninha se interna em um centro de Alcoólicos Anônimos (AA). A arte e o entretenimento cumpriram sua função social.
“Nós esperávamos aquela reação e identificação do público com os problemas da trama. Porque tudo foi muito bem pensando, acho que a qualidade da novela se justifica assim”, acrescentou Segall.
Temas vetados para a época e assuntos polêmicos mostram que os autores não tiveram receio na hora de passar por cima de alguns tabus. Por essa razão, “Vale Tudo” ainda atrai por sua atualidade. Se até hoje homossexualidade mal é debatida pelos folhetins, quem dirá em 1989. Mas foi sim. Claro que sob o véu da censura, mas a temática estava ali, ainda que de forma sutil.
Laís e Cecília, personagens de Cristina Pochaska e Lala Deheinzelin, eram homossexuais, e o relacionamento das duas aparecia de forma clara na trama. Intervenções da Censura Federal impediram, no entanto, que alguns diálogos fossem gravados. Apesar do tratamento indireto, o assunto foi parar na boca do povo.
“O público assistia o que tinha vontade de discutir. Uma novela que expõe o que você pensa gera uma cumplicidade com o espectador. ‘Olha só, a novela está discutindo uma coisa que me interessa’, ou então, ‘eu penso da mesma forma que o personagem tal’. E isso era um barato. A arte fazendo refletir, trazendo discussão, destruindo preconceitos”, definiu Cássia Kiss, intérprete da personagem Leila, para o Famosidades.
Leila, aliás, teve boa influência nos 86 pontos do Ibope que comentamos acima. Afinal, mesmo por engano, foi ela quem matou Odete Roitman e que incitou o público a não desgrudar os olhos da TV até que o mistério fosse solucionado.
“Foi uma loucura depois que descobriram que ‘eu’ era a assassina. No dia seguinte da revelação, eu sai na capa de todos os jornais brasileiros apontando uma arma. Tinha um mutirão de jornalistas na porta da minha casa querendo um depoimento meu. Pessoas que me paravam na rua fazendo ameaças. Fiquei bem assustada, mas hoje vejo aquela reação de forma interessante”, complementou Cássia.
O final de Leila também veio recheado de críticas. Mesmo tendo cometido homicídio, a personagem conseguiu fugir do país como se não devesse nada à justiça. Para Cássia, esse desfecho escancarou uma realidade do Brasil: a impunidade.
“Aquilo foi uma tradução da injustiça que enfrentamos dentro do país. Tem tanto bandidão que não sofre nenhuma consequência enquanto uma pessoa rouba um lápis e fica anos atrás das grades. Nossas leis são injustas, precisamos revê-las” . Neste ponto, “Vale Tudo” se mostra grandiosa em uma de suas funções: abrir os olhos do público.
(Karen Lemos - Famosidades/MSN Brasil)
Com direção rigorosa de Miguel Falabella, “A Gaiola das Loucas” chega a São Paulo
Em coletiva, ator e diretor do musical fala da paixão pelo formato que ganha popularidade no país
300 figurinos, 100 perucas, 350 mudanças de luzes, 25 atores e bailarinos, 14 músicos, 120 profissionais atrás das cortinas e inúmeras penas e plumas que compõe todo o conjunto da peça musical "A Gaiola das Loucas", que estreia dia 23 de outubro no Teatro Bradesco (Shopping Bourbon) em São Paulo, após uma temporada bem sucedida no Rio de Janeiro.
Tantos números e cuidados foram resultados de um processo rigoroso de Miguel Falabella, que além de dar vida a um dos personagens centrais - Georges - dirigiu o espetáculo e adaptou seu formato da Broadway para os palcos brasileiros.
"Não me interessou fazer cópia. Eu queria a qualidade de lá, mas com o molho brasileiro. Tentei fazer isso nas letras principalmente; adaptei as canções com nosso humor brasileiro de um jeito que a obra fosse respeitada", disse Miguel em entrevista coletiva, na tarde desta segunda-feira (18), no Teatro Bradesco.
"A Gaiola das Loucas" de Falabella foi inspirada no musical de Broadway de 1983, cujo sucesso foi iminente. Surgiu daí diversas adaptações cinematográficas e outras tantas encenações para o palco. A história se passa em um cabaré - administrado por Georges (Miguel) - de Saint Tropez, na França e que possui como estrela principal de seu elenco a transformista Zazá (em performance hilária e bem produzida de Diogo Vilela).
Proprietário e vedete mantêm um relacionamento profissional e amoroso de mais de 20 anos. Quando o filho de Georges (Davi Guilherme) - fruto de um relacionamento heterossexual da adolescência - resolve se casar com a filha de um político homofóbico. O casal, então, terá que se esconder sob a farsa de uma família normal, e aí que os problemas começam.
Para viver um casal cheio de intimidades no palco, Miguel e Diogo exercitaram a proximidade cênica que ganharam no seriado "Toma Lá Dá Cá". "Percebi que o teatro depende muito de uma boa turma. Se ninguém se entende, não há troca. Começamos a nos preparar para o musical durante o seriado. E aquele clima de comédia acabou refletindo no palco também", complementou Falabella.
O ator detalhou que, por intuição, cada um já sabia que personagem iria interpretar. Miguel, que trabalhou no musical "Os Produtores", se identificou com o jeito galeantador e popular de Georges, enquanto Diogo - que viveu Cauby Peixoto na peça" Cauby" - achou interessante o humor escrachado e os arquétipos de Zazá. "Na verdade, cada um ficou com esses papéis porque o Miguel não queria usar salto alto", revidou Diogo em tom de bom humor.
Atuar, cantar e dançar com salto não é mesmo fácil. Perfeccionista, Diogo contou que durante a preparação chegou a ficar dois meses usando sapato feminino para se acostumar com o andar de uma mulher. "Fiquei preocupado com o trabalho de corpo. Queria que a pessoa lá no fundo do teatro reconhecesse que Zazá era, acima de tudo, uma pessoa. Fico no limite da caricatura, porque o personagem é cheio de arquétipos, por isso senti uma obrigação de humanizá-la."
A paixão de Falabella, que atuou e dirigiu "Os Produtores" e "Hairspray", pelos musicais é antiga. Quando novo, por volta de seus oito anos de idade, o garoto era levado por sua avó até a Praça Tiradentes (em São Paulo) para assistir musicais.
Miguel ficou encantado com uma cena de Bibi Ferreira em "Alô, Dolly!". "Sai do musical sendo outra pessoa. Eu não pensei que fosse fazer outra coisa na vida além do teatro. E o musical foi minha primeira onda do teatro. Quando consegui fazer 'Os Produtores' fiquei em êxtase", recordou emocionado.
O desejo do multifuncional Falabella agora é produzir musicais brasileiros originais. "Já escrevi um original chamado 'Império' e agora comprei os direitos de 'Memórias de um Gingolô' [minissérie da Rede Globo de 1986] que sempre pensei que daria um bom musical. E agora pretendo fazer essa adaptação para o teatro”, adiantou.
Enquanto a temporada paulistana de "A Gaiola das Loucas" se inicia, Miguel se desdobra. Além de seus planos para adaptar "Memórias de um Gingolô", pretende ainda trabalhar como ator em um seriado para o ano que vem, e já escreveu o texto de uma nova novela que contará com a participação de Diogo Vilela no elenco.
"Tive essa ideia bacana para uma novela. É uma comédia que fala sobre intolerância, algo bem diferente mesmo. Eu gosto de fazer coisas doidas e desorganizadas, pena que muitas vezes o público não entende a proposta", lamentou.
Mesmo com mil coisas acontecendo ao mesmo tempo, é somente nesse ritmo eloquente que Miguel se encontra. "Eu só funciono assim. Eu definitivamente não consigo fazer uma coisa só. Eu me desorganizo. Preciso estar com, pelo menos, cinco coisas para fazer ao mesmo tempo."
(Karen Lemos - Famosidades/MSN Brasil)
300 figurinos, 100 perucas, 350 mudanças de luzes, 25 atores e bailarinos, 14 músicos, 120 profissionais atrás das cortinas e inúmeras penas e plumas que compõe todo o conjunto da peça musical "A Gaiola das Loucas", que estreia dia 23 de outubro no Teatro Bradesco (Shopping Bourbon) em São Paulo, após uma temporada bem sucedida no Rio de Janeiro.
Tantos números e cuidados foram resultados de um processo rigoroso de Miguel Falabella, que além de dar vida a um dos personagens centrais - Georges - dirigiu o espetáculo e adaptou seu formato da Broadway para os palcos brasileiros.
"Não me interessou fazer cópia. Eu queria a qualidade de lá, mas com o molho brasileiro. Tentei fazer isso nas letras principalmente; adaptei as canções com nosso humor brasileiro de um jeito que a obra fosse respeitada", disse Miguel em entrevista coletiva, na tarde desta segunda-feira (18), no Teatro Bradesco.
"A Gaiola das Loucas" de Falabella foi inspirada no musical de Broadway de 1983, cujo sucesso foi iminente. Surgiu daí diversas adaptações cinematográficas e outras tantas encenações para o palco. A história se passa em um cabaré - administrado por Georges (Miguel) - de Saint Tropez, na França e que possui como estrela principal de seu elenco a transformista Zazá (em performance hilária e bem produzida de Diogo Vilela).
Proprietário e vedete mantêm um relacionamento profissional e amoroso de mais de 20 anos. Quando o filho de Georges (Davi Guilherme) - fruto de um relacionamento heterossexual da adolescência - resolve se casar com a filha de um político homofóbico. O casal, então, terá que se esconder sob a farsa de uma família normal, e aí que os problemas começam.
Para viver um casal cheio de intimidades no palco, Miguel e Diogo exercitaram a proximidade cênica que ganharam no seriado "Toma Lá Dá Cá". "Percebi que o teatro depende muito de uma boa turma. Se ninguém se entende, não há troca. Começamos a nos preparar para o musical durante o seriado. E aquele clima de comédia acabou refletindo no palco também", complementou Falabella.
O ator detalhou que, por intuição, cada um já sabia que personagem iria interpretar. Miguel, que trabalhou no musical "Os Produtores", se identificou com o jeito galeantador e popular de Georges, enquanto Diogo - que viveu Cauby Peixoto na peça" Cauby" - achou interessante o humor escrachado e os arquétipos de Zazá. "Na verdade, cada um ficou com esses papéis porque o Miguel não queria usar salto alto", revidou Diogo em tom de bom humor.
Atuar, cantar e dançar com salto não é mesmo fácil. Perfeccionista, Diogo contou que durante a preparação chegou a ficar dois meses usando sapato feminino para se acostumar com o andar de uma mulher. "Fiquei preocupado com o trabalho de corpo. Queria que a pessoa lá no fundo do teatro reconhecesse que Zazá era, acima de tudo, uma pessoa. Fico no limite da caricatura, porque o personagem é cheio de arquétipos, por isso senti uma obrigação de humanizá-la."
A paixão de Falabella, que atuou e dirigiu "Os Produtores" e "Hairspray", pelos musicais é antiga. Quando novo, por volta de seus oito anos de idade, o garoto era levado por sua avó até a Praça Tiradentes (em São Paulo) para assistir musicais.
Miguel ficou encantado com uma cena de Bibi Ferreira em "Alô, Dolly!". "Sai do musical sendo outra pessoa. Eu não pensei que fosse fazer outra coisa na vida além do teatro. E o musical foi minha primeira onda do teatro. Quando consegui fazer 'Os Produtores' fiquei em êxtase", recordou emocionado.
O desejo do multifuncional Falabella agora é produzir musicais brasileiros originais. "Já escrevi um original chamado 'Império' e agora comprei os direitos de 'Memórias de um Gingolô' [minissérie da Rede Globo de 1986] que sempre pensei que daria um bom musical. E agora pretendo fazer essa adaptação para o teatro”, adiantou.
Enquanto a temporada paulistana de "A Gaiola das Loucas" se inicia, Miguel se desdobra. Além de seus planos para adaptar "Memórias de um Gingolô", pretende ainda trabalhar como ator em um seriado para o ano que vem, e já escreveu o texto de uma nova novela que contará com a participação de Diogo Vilela no elenco.
"Tive essa ideia bacana para uma novela. É uma comédia que fala sobre intolerância, algo bem diferente mesmo. Eu gosto de fazer coisas doidas e desorganizadas, pena que muitas vezes o público não entende a proposta", lamentou.
Mesmo com mil coisas acontecendo ao mesmo tempo, é somente nesse ritmo eloquente que Miguel se encontra. "Eu só funciono assim. Eu definitivamente não consigo fazer uma coisa só. Eu me desorganizo. Preciso estar com, pelo menos, cinco coisas para fazer ao mesmo tempo."
(Karen Lemos - Famosidades/MSN Brasil)
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