segunda-feira, 13 de agosto de 2018

'Foi uma ironia, isso não existe', esclarece criadora da Ursal

Reprodução/Facebook

Se a Ursal (União das Republiquetas Socialistas da América Latina) fosse um projeto que realmente existisse, a sua “fundadora”, a socióloga Maria Lucia Victor Barbosa, estaria mais do que orgulhosa.

Pelas redes sociais, principalmente no Twitter e no Facebook, não se fala de outra coisa desde que o candidato à Presidência da República pelo Patriota, Cabo Daciolo, citou o suposto plano comunista de unir países latino-americanos no debate presidencial da Band, que aconteceu na última quinta-feira, 9.

“Coitado do Cabo, ele não sabe que a Ursal não existe”, riu a socióloga, que falou sobre o real significado da sigla (seriam republiquetas, e não repúblicas, o que reforça a sátira) e esclareceu a origem do meme em entrevista à Rádio Bandeirantes.

“Em um artigo que publiquei em 2001, analisando a ida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Cuba para discutir sobre o Foro de São Paulo [conferência de partidos de esquerda], eu fiz uma ironia: ‘será que querem fundar a Ursal?’”, explicou.

Maria Lucia lembra que na época da publicação do artigo, circularam histórias tratando o projeto comunista como verdade, mas nada comparado ao que tem acontecido desde que o candidato fez menção à Ursal no encontro de presidenciáveis.


“Eu quase cai da cadeira quando ouvi o Cabo Daciolo falar disso de forma tão enfática. Nem Simón Bolívar [militar venezuelano que lutou contra a colonização na América Latina] conseguiu unir os países dessa forma”, riu. “E aí você vê como nascem as teorias da conspiração.”

A socióloga tem observado um medo crescente do comunismo, principalmente nas redes sociais, mas, para ela, essa possibilidade não concreta. “Não temos partidos políticos com ideologia, nem de esquerda e nem de direita. Só existe um ‘lado’, que é o de cima, o do poder. [Os partidos] são trampolins para se chegar lá”, opina.

Coincidência ou não, no momento em que Maria Lucia viu uma antiga brincadeira sua viralizar na internet, ela prepara um artigo sobre a importância das redes sociais. “É o quinto poder”, define. “O impeachment da Dilma [Rousseff], por exemplo, nasceu ali e transbordou para as ruas. O Congresso só aceitou porque o político quer ficar bem com a opinião pública”, ressalta a socióloga, que está ansiosa para ver até onde vai a influência da web nas eleições deste ano. “Mesmo sendo um ambiente caótico, as redes sociais funcionam”, conclui.

(Karen Lemos - Portal da Band)

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