quarta-feira, 11 de janeiro de 2017
Obama se despede da presidência com balanço de mandato e pedindo tolerância aos norte-americanos
Barack Obama fez seu último discurso como presidente dos Estados Unidos, na noite de terça-feira (10), em Chicago. Muito aplaudido, ele agradeceu a onda de carinho que ele e Michelle Obama receberam nas últimas semanas.
“Nem sempre concordamos, mas minha conversa com vocês foi o que me manteve honesto e inspirado. Todos os dias, aprendi com vocês. Vocês me fizeram um presidente e um homem melhor”, declarou.
O presidente lembrou o início de sua carreira política em Chicago. “Foi aqui que aprendi que mudanças só acontecem quando pessoas comuns se envolvem, se engajam e, juntos, as demandam. Após oito anos como presidente, ainda acredito nisso.”
No discurso, ele fez um balanço de seu mandato. “Se eu dissesse que há oito anos a América conseguiria reverter sua recessão, criaria novos empregos, iniciaria um novo capítulo com o povo cubano, encerraria o programa nuclear do Irã, capturaria o mentor do 11 de setembro; e também proporcionaríamos o casamento entre pessoas do mesmo sexo, garantiríamos seguro de saúde à população norte-americana – poderiam dizer que eu almejei demais; mas foi o que fizemos.”
Obama lembrou que em dez dias passará o poder para o presidente eleito, Donald Trump. Ele garantiu uma transferência “pacífica e amigável”. “Assim como [George W.] Bush fez comigo.”
O presidente chamou atenção para a manutenção da democracia e disse que ela não funcionará “sem que todos tenham oportunidades econômicas”.
Protestos raciais e imigrantes
Obama citou o fato de que, depois de sua eleição, os Estados Unidos esperavam por relações raciais melhores no país. “A intenção foi boa, mas não foi realista”, definiu. “As relações raciais estão melhores do que há dez, 20 anos, mas o caminho ainda é longo.”
O presidente também falou dos imigrantes – alvos de constantes críticas do futuro mandatário. “Se nos recusarmos a investir nos filhos de imigrantes, só porque eles não se parecem conosco, vamos diminuir as perspectivas para nossos filhos, porque essas crianças representam uma parcela da força de trabalho nos EUA.”
“No futuro, temos de defender leis contra a discriminação - no emprego, na educação e no sistema de Justiça criminal. Mas, as leis sozinhas não serão suficientes. Os corações devem mudar”, pediu.
Obama ressaltou que quando grupos minoritários expressam seus descontentamentos em manifestações não quer dizer que eles querem ser tratados de maneira especial. “Eles estão apenas exigindo um tratamento igual, o mesmo tratamento que os fundadores deste país prometeram a eles”, afirmou, sendo muito aplaudido.
Obama também lembrou que os imigrantes de hoje passaram o que irlandeses, italianos e poloneses viveram no passado. “E a América não foi enfraquecida com eles; pelo contrário, foi fortalecida.”
Mudança climática
Na contramão de Donald Trump - que vem procurando maneiras de romper o acordo climático global, Obama demonstrou preocupação com as mudanças climáticas. “Nós dobramos nossas energias renováveis e levamos o mundo a um acordo que promete salvar este planeta. Sem ações mais ousadas, porém, nossos filhos não terão tempo para debater esse tema; eles estarão muito ocupados justamente lidando com os desastres ambientais que virão como efeito dessas mudanças.”
“Podemos - e devemos - discutir como lidar com esse problema, mas se negarmos a existência dessa questão, estaremos traindo as gerações futuras”, acrescentou.
Terrorismo
Em seu último discurso como presidente, o político fez um alerta sobre o terrorismo - ameaça que, segundo ele, paira sobre os direitos humanos, a liberdade religiosa, de expressão e também de imprensa do país. “[A ameaça vem] de fanáticos extremistas que afirmam agir pelo Islã e também vem do medo que podemos sentir de pessoas que falam ou oram de maneira diferente da nossa.”
O presidente também enalteceu o trabalho dos militares, que lideram uma coalização contra o Estado Islâmico no Oriente Médio. “Proteger nosso modo de vida, porém, vai além das Forças Armadas. A democracia perde quando nos entregamos ao medo (...) É por isso que eu rejeito a discriminação contra os muçulmanos e contra os LGBTs. Nossa luta deve ser contra o extremismo e a intolerância.”
Obama pediu que os cidadãos norte-americanos se mantenham “vigilantes, mas sem medo”. “O Estado Islâmico tentará matar pessoas inocentes, mas eles não podem nos derrotar, a menos que abandonemos aquilo que defendemos e nos transformemos em apenas um país que intimida os vizinhos menores.”
Família
Barack Obama se emocionou ao falar de sua família. Ele começou prestando uma homenagem a sua mulher, Michelle, a quem definiu como “sua melhor amiga”. “Você assumiu um posto que não pediu e o fez com graça, estilo e bom humor. Você fez da Casa Branca um lugar que pertence a todos. Você me orgulhou e orgulhou os Estados Unidos.”
Antes de partir, o presidente também falou de suas filhas - Malia e Sasha – que, segundo ele, se tornaram “duas mulheres jovens surpreendentes e inteligentes”. “Mais importante ainda, vocês se tornaram mulheres gentis e cheias de paixão. De tudo o que eu fiz na vida, o que mais me orgulha é ser o pai de vocês.”
Obama encerrou seu discurso agradecendo a seu vice-presidente, Joe Biden, e dizendo estar honrado de ter servido aos norte-americanos. “Continuarei aqui, desta vez como cidadão, até o final de meus dias”, ressaltou. Concluiu, então, com sua frase mais emblemática. “Sim, nós podemos. Sim, nós fizemos. Que Deus continue abençoando a América.”
(Karen Lemos - Portal da Band)
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