quarta-feira, 15 de julho de 2015

Os perigos no aumento do limite do crédito consignado

Foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas

Desde a última segunda-feira (13), o trabalhador pode solicitar 35% de crédito consignado graças a uma medida provisória que elevou seu limite, anteriormente de 30%.

Embora os 5% a mais sejam destinados a apenas pagamento de dívidas de cartão de crédito, a proposta pode ser um tiro que saiu pela culatra se o trabalhador não souber administrar suas contas já que, vale lembrar, o crédito consignado é descontado diretamente da folha de pagamento ou do benefício de aposentados e pensionistas.

“Quando a pessoa decide solicitar mais uma linha de crédito é porque ela já tem problemas financeiros eminentes na vida dela”, explica Reinaldo Domingos, presidente da DSOP Educação Financeira. “A grande questão do crédito consignado é que ele agrava, na verdade, o cenário, simplesmente porque está ampliando a situação de endividamento para esse trabalhador.”

Ainda na opinião do especialista, a medida é uma “irresponsabilidade” do governo que deixa à disposição do cidadão um crédito “perigoso”, que sai da fonte da renda e nem chega a entrar na conta para ser administrado. “Isso cria uma liquidez ainda maior para o sistema financeiro”, diz Domingos.

No lugar de conceder mais possibilidades de crédito, o governo deveria, na opinião do educador financeiro, coibir as empresas de cartão de crédito oferecer um limite acima do salário do cliente. “Ao invés disso, o governo continua cobrando limites altos, dando condições para taxas de juros exorbitantes e fazendo com que o crédito consignado, que possui juros menores, soe atraente.”

O resultado, para Domingos, é uma bolha de crédito que está envolvendo, cada vez mais, a população.

Atualmente, é bom ressaltar, há 56 milhões de brasileiros na inadimplência.

Há saída sem o crédito consignado?

Pode parecer senso comum, mas a solução dos problemas ainda é o controle de gastos. Antes de tomar qualquer decisão que envolva um pedido de crédito, é preciso fazer uma faxina financeira na família: convocar a todos, expor a situação e cortar despesas. Sem isso, o buraco para o endividamento pleno se aprofundará.

Com a faxina, o crédito consignado pode até se tornar um beneficio. “Acho um pouco difícil esse cenário, porque a família brasileira não costuma a ter uma educação financeira. É possível que o trabalhador fique com as dívidas antigas e as novas do consignado, já que esse tipo de crédito combate o efeito e não a causa”, afirma Reinaldo.

Ainda assim, as contas não saíram do vermelho? “Mesmo nesse caso o melhor a se fazer é deixar estourar a dívida”, sugere. “Logo em seguida, é necessário fazer um diagnóstico financeiro, avaliar o valor de parcelas que você consegue pagar, ir à instituição financeira com a qual você possui pendências e renegociar essa dívida”, aconselha o especialista.

(Karen Lemos - Portal da Band)

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