quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Cinebiografia de Tim Maia mostra lado 'mesquinho' de Roberto Carlos


Chega aos cinemas, nesta quinta-feira (30), a cinebiografia de Sebastião Rodrigues Maia, mais conhecido como Tim Maia, que pretende trazer para as telonas um lado pouco conhecido não só do músico de voz grave e temperamento forte, mas também das personalidades que o rodeavam.

Chama a atenção, por exemplo, a presença de Roberto Carlos no longa-metragem como um sujeito que tenta conquistar a fama a todo custo e, já em seu auge, dá pouca atenção aos companheiros de início de carreira – como é o caso de Tim Maia, que cantou com Roberto no quarteto The Sputniks.

Esse lado, digamos, “mesquinho” do Rei não se tornou, no entanto, uma preocupação para o diretor de “Tim Maia – O Filme”, Mauro Lima. “Nada do que está no filme saiu da minha cabeça, foi tudo baseado na biografia de Nelson Motta”, esclareceu em entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira (27) em São Paulo. “O Roberto, inclusive, leu e autorizou o roteiro. Não sei como ele vai reagir, mas ele conhece bem a história”.

“Temos que lembrar, também, que essa é a visão do Tim com relação ao Roberto”, completou o ator George Sauma, que vive o Rei no longa. “Mas, de fato, eu tentei fugir mesmo daquela imagem do Roberto de hoje em dia”.

Essa imagem, segundo Mauro, está muito pautada no cantor dos especiais de final de ano. “Assim como Tim, Roberto teve várias fases na carreira. Ele já foi, por exemplo, um rebelde da Jovem Guarda”, recordou o cineasta, que garantiu que não sofreu censura alguma para rodar o filme. “Não existiu um limite imposto, mas como se trata de um filme romantizado, tive que abrir mão de algumas coisas por se tratar de uma obra ficcional, caso contrário, eu estaria fazendo um documentário”.

O homem por trás das câmeras 

Para fazer uma cinebiografia que fugisse do óbvio, Mauro fez um recorte da vida e obra de Tim que pudesse ser nova e curiosa aos olhos do grande público. “De qualquer forma, ele tem uma biografia com muita vocação para um filme”, pontuou o cineasta. “Ele já foi preso, roubou carro e tudo o mais, fora o que ficou de fora para caber em um filme, senão teríamos que fazer uma série”.

Com esse viés, “Tim Maia – O Filme” foca mais na juventude de Sebastião (a adolescência no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, descoberta da música e das terras estrangeiras quando se muda para Nova York ainda jovem) e de sua carreira na década de 1970, passando pela fase da Cultura Racional – da qual ficou fascinado pela filosofia e que, após perder muito dinheiro, descobriu ser uma roubada e pulou fora – até seu “renascimento” com o álbum “Tim Maia Disco Club”.


Quem auxiliou nesse recorde foi o filho do cantor, Carmelo Maia, que também fez uma ponta no filme como um jornalista, entrevistando o ator que interpreta seu próprio pai. “É difícil tentar entender uma pessoa que você só vê para as câmeras”, pontuou Mauro. “Tim tinha uma personalidade muito clara quando a câmera estava ligada e nós só conhecemos esse material. Mas quem é o cara quando a câmera desliga? Quem é aquele cara na casa dele, tomando café da manhã com o filho? Ninguém registrou isso. Nesse ponto, precisei juntar informações e intuir algumas coisas. O Carmelo me ajudou muito nisso”.

Um artista, três faces 

As facetas de Tim Maia são tantas que, para dar conta, o diretor convidou dois atores para interpretá-lo. “Se você olhar para o Tim Maia em todas suas fases, ele aparece três pessoas diferentes”, explicou Mauro. 

Responsável por viver Tim no auge da carreira, Babu Santana parece ter nascido para esse papel. “Meu trabalho foi facilitado pela caracterização”, disse, de forma modesta, o ator. “Fiquei livre para pensar no lado emocional”. Babu também soltou a voz em algumas cenas, revelando talento e certa semelhança com o timbre raro de Tim.

Dando rosto à fase da adolescência e da descoberta musical, Robson Nunes está levando muitas coisas de sua experiência neste trabalho. “Ganhei quinze quilos a mais”, brincou. “Fora isso, interpretar um cara que fez o que quis em vida, te faz repensar alguns princípios. Faz você querer se permitir mais”, refletiu.


O elenco conta ainda com atuações de Alinne Moraes, esposa do diretor, que vive a personagem Janaína (um híbrido de dois amores na vida de Tim Maia), e Cauã Reymond, que interpreta Fábio, músico que tocou com o artista e que opera como narrador de sua história.


(Karen Lemos - Portal RedeTV!)

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