domingo, 6 de novembro de 2011

Leandra Leal: papel desafiador no cinema

‘Estamos Juntos’, novo longa-metragem de Toni Venturi, traz brilho de elenco estelar encabeçado por Leandra Leal, Cauã Reymond e Dira Paes


A interpretação visceral e emocionante de Leandra Leal em Estamos Juntos, filme de Toni Venturi que estreia na próxima sexta-feira, 3, nos cinemas nacionais, tem bases em um árduo processo de preparação e laboratório no qual a atriz mergulhou para viver Carmem, protagonista da história, uma estudante de medicina, residente de um hospital público, que vê seu mundo ruir ao descobrir ser vítima de uma grave doença.

Para organizar a carga emocional de que a personagem precisaria (após descobrir a enfermidade) e entender a rotina dos residentes em um hospital público, Leandra passou um tempo no Hospital Universitário, de São Paulo, acompanhando o dia a dia desgastante desses profissionais. A experiência, embora intensa, foi enriquecedora.

"Foi mais apaixonante do que impactante, eu diria. Logo na minha primeira visita ao hospital, eu presenciei o óbito de uma senhora de idade. Foi diferente, porque tive uma visão de bastidores. Entendi que naquele lugar ocorre a dilatação da vida. Também comecei a entender a minha personagem ali. Ela é muito fechada, até porque quem trabalha com medicina vive algo que o consome por inteiro", contou a atriz em entrevista a CARAS Online.

Construir uma médica, contudo, não foi o maior desafio de Leandra nesse projeto. De doutora, Carmem passa para paciente ao descobrir, em um exame, que tem um tumor maligno no cérebro. Transmitir os sentidos de medo, confusão e, ainda, mostrar os primeiros sinais da doença tornaram-se uma grande dificuldade para a atriz.

"Foi difícil construir todos os sintomas que a Carmem sentia. Cada paciente tem um tipo de crise nessa doença. Tive que interpretar de forma sutil, como, por exemplo, mostrar a perda gradual do equilíbrio e dos sentidos que ela enfrentou. Para isso, conversei muito com um neurologista até chegar a essa conclusão"", complementou Leandra, que também teve ajuda da preparadora de elenco Ariela Goldman nessa fase da personagem.

Toni Venturi tinha um grande roteiro em mãos. Repleto de histórias diferentes que se entrecruzam, ótimos cenários (São Paulo, desde a periferia da cidade até cenas de noitada na metrópole), muita ação, crítica social, romances, reviravoltas e personagens ricos. Personagens esses que precisavam de uma 'estrutura óssea' para darem corpo a essa trama.

"Escalar elenco é como um grande quebra-cabeça. Se a escolha for errada, o filme também dá errado. Pensei em pessoas com talento, inteligência e biotipos certos para cada personagem. Depois, fomos construindo, aos poucos, a história de cada um deles", afirmou o diretor.

Além de Leandra Leal, Dira Paes (embora em uma participação pequena) também brilha neste novo longa-metragem. Ela aparece no núcleo do MSTC (Movimento Sem-Teto do Centro), uma associação - liderada basicamente por mulheres - que ocupa prédios inutilizados na esperança de encontrar uma moradia melhor para a família. Forte, mulher e brilhante, Dira também passou por maus bocados para encarar seu papel.

"A Dira chegou para filmar quando tinha acabado de gravar 'Caminho das Índias'. Eu tive que despir a Norminha para que ela entrasse na pele de uma líder de uma comunidade", riu o diretor, ao recordar do momento.

Estamos Juntos também acerta na escolha de elenco ao trazer um Cauã Reymond despido de sua pose de galã, entregue a um personagem inusitado: Murilo, um DJ homossexual, melhor amigo de Carmem. Murilo, além de render boas cenas, reforça a carga emocional da protagonista. Diante de um bom papel, Cauã aceitou o convite na hora.

"Eu fui para o Rio de Janeiro e convidei o Cauã. De cara eu disse que tratava-se de um personagem gay, que não era do tipo galã e não tinha aquele sex appeal. Ele achou o máximo. Entrou em um curso de DJ e começou a frequentar aquele ambiente da noite. Eu não queria um Murilo estereotipado, queria algo bem real. E o Cauã, com todo o talento dele, conseguiu amarrar tudo isso e veio com um ótimo personagem para o filme", contou Toni.

Leandra Leal dirige filme sobre travestis

Em sua primeira experiência na direção com longa-metragem, Leandra Leal leva às telas do cinema o documentário ‘Divinas Divas’, sobre a primeira geração de artistas travestis do Brasil


Enquanto analisa seus convites para trabalhos como atriz, Leandra Leal, que está em cartaz no filme Estamos Juntos e em breve estará nas telinhas na série global As Brasileiras, assume ainda a função de produtora e diretora.

No comando da Daza Cultural, ela dá vida a seus projetos mais pessoais, como o documentário Divinas Divas, que deve chegar aos cinemas em 2012. "O projeto me interessou muito, pois fala sobre o primeiro grupo de travestis que surgiu no Brasil. Será filmado no Rio de Janeiro, no segundo semestre do ano, adiantou Leandra em entrevista a CARAS Online.

Como cineasta, a atriz já dirigiu alguns videoclipes musicais e, logo em sua estreia nas rédeas de um longa-metragem, terá um desafio pela frente, dentro de um projeto muito significativo no âmbito pessoal. Divinas Divas terá, como um dos cenários principais, o Teatro Rival do Rio de Janeiro. Foi lá que, na década 1970, homens vestidos de mulheres puderam ter a chance de se expressar artisticamente aquém dos preconceitos da época. O Teatro, no período em que o grupo de apresentava, estava sob supervisão de produção de Américo Leal, avô da atriz. "Foi natural entrar de cabeça nesse projeto. Já estou a cinco anos trabalhando em cima disso e está fluindo bem", complementou Leandra.

É importante ressaltar que o mesmo Teatro Rival ainda é palco, periodicamente, dos shows do Divinas Divas, composto pelas oito 'senhoras', na faixa etária de 60 anos, Rogéria, Valéria, Jane Di Castro, Camille K, Fujica, Eloína, Marquesa e Brigitte de Búzios.

O documentário, além de traçar um histórico do grupo, também acompanha os divertidos ensaios, os metódicos preparativos e uma apresentação em que o grupo faz um reencontro especial, recordando as relações de amizade que já se mantém há 40 anos. Com esse perfil, é possível ter outra visão desses seres humanos que se escondem por trás de personagens estereotipados, com quilos de maquiagem e figurinos espalhafatosos, mas que encantam o público e desmoralizam preconceitos.

(Karen Lemos - CARAS Online)

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