terça-feira, 12 de outubro de 2010

"Nascimento é personagem típico de tragédia grega", define Wagner Moura












Wagner Moura estava muito sério e, ao mesmo tempo, muito tranquilo. O rosto era de alguém que cumpriu sua missão, enquanto recordava de todo o processo para compor o novo Roberto Nascimento, que retorna para as telas em “Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro”, nos cinemas nesta sexta-feira (8). A espera foi longa, mas chegou. Depois do sucesso do primeiro filme - tanto nas bilheterias quanto nos camelôs -, Wagner volta com o personagem que marcou sua carreira.

E essa carreira não tem pouca coisa, não. Wagner é um dos atores mais talentosos da sua geração, e mostra isso não só na ação ou no drama, mas também no humor. E não só no cinema e na TV, mas também nos palcos. Incansável, Wagner é detalhista ao montar um novo ser, uma pessoa totalmente nova com a cara do baiano. É a essência de outro na pele de um. A dedicação para Nascimento foi intensa e refletiu na vida pessoal do ator.

“Nascimento se apresenta mais maduro e isso não acontece por acaso. Ele teve experiências angustiantes: perdeu sua mulher, seu filho de distanciou dele, e agora está consciente de tudo que acontece ao seu redor”, contou em entrevista ao Famosidades.

Para a sequência do filme dirigido por José Padilha, o ator teve que se “descolar” da consistência do primeiro Nascimento, que ainda era capitão no BOPE. Em “Tropa 2”, ele é expulso da corporação, onde havia sido promovido a hierarquia de coronel, para trabalhar na secretária de Segurança Pública.

Para um filme complexo, explicou Wagner, o personagem precisou de mais densidade. “Passaram 15 anos. Ele é o mesmo cara, mas ao mesmo tempo mudou muito por dentro. Tive que percebê-lo de forma mais profunda durante as filmagens."












Chave do filme, o personagem de Wagner Moura é foco da continuação, cujo antecessor tornou-se sucesso de bilheterias e público em 2007. Encarando a interface entre polícia e política – excessivamente abordada na nova história - Nascimento se vê diante de dilemas e, para superar as dificuldades, é necessário tomar uma posição.

“Pela primeira vez ele toma um posicionamento, ele tem uma opinião. Se no primeiro filme ele sabia onde estava se metendo, agora ele sabe e age contra isso”, revelou. Para Wagner, Nascimento agora é digno da admiração que recebeu no primeiro filme.

Em “Tropa 2” seu posto de herói se justifica em cenas nas quais até mesmo a violência escancarada é bem recebida pelo público. “Ele passa a tomar consciência de seu próprio drama, e o público vai junto com ele. Para mim, esse personagem é o típico personagem de uma tragédia grega e por isso é tão bem aceito."

Além de mergulhar em um papel tão pesado, Wagner ainda atuou como coprodutor do filme, função que recebeu de bom grado de José Padilha, e que exerceu com prazer, por conta de suas curiosidades que surgiram enquanto ator.

“Entrei no mecanismo da produção e tive uma visão mais ampla de todo o filme. Ganhei mais foco e descobri algumas respostas que passaram pela minha cabeça como intérprete. Sempre quis saber como tudo funcionava”, disse. O novo cargo fluiu tão bem que Wagner pensa agora em arriscar como diretor. “Tenho vontade de experimentar. Pode ser que apareça um projeto de direção. Vou adorar”, concluiu.

(Karen Lemos - Famosidades/MSN Brasil)

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