terça-feira, 12 de outubro de 2010

Em novo trabalho no cinema, Ana Paula Arósio mergulha em histórias de perdas


Ana Paula Arósio teve dificuldades de aceitar e até de entender Júlia, uma personagem complexa, protagonista de "Como Esquecer", seu novo filme que chega aos cinemas no dia 15 de outubro e que teve pré-estreia em São Paulo na noite de quinta-feira (7).

Com o cabelo bem curto, estilo “Joãozinho” (o novo look é para “Insensato Coração”, novo folhetim de Gilberto Braga), Ana falou da composição de seu papel para o filme dirigido por Malu de Martino e de como as mudanças - de visual, por exemplo - são sempre bem-vindas. “É importante essa mudança física de um personagem para outro”, declarou Ana no evento.

Para a Júlia do filme, a atriz adotou um visual “sem sal”: cabelos compridos presos, por vezes desarrumados, roupas conservadoras e maquiagem posta ao lado. Apesar de ter adorado aposentar o batom e o brilho (“foi muito mais fácil”, riu ao lembrar), a composição teve como propósito maior transmitir a densidade do estado de espírito da personagem.


Na trama do longa-metragem, baseado no livro homônimo de Myriam Capello, Júlia é uma mulher repleta de angústias e desacreditada de uma reviravolta em sua vida. Após perder um grande amor, ela se fecha em seu mundo e torna-se arredia a qualquer pessoa que se aproxime.

A causa de tanta desilusão é Antônia, sua ex-namorada. Discutindo a temática homossexual sem tabus ou julgamentos, “Como Esquecer” se mostra sutil e é de extrema delicadeza a forma com que toca no assunto. “O fato de o filme ser temático é um adereço. Os personagens poderiam muito bem ser heterossexuais. O ponto não é a sexualidade, e sim falar de amizade e como uma amizade pode ajudar a superar uma dor muito grande”, pontuou Ana.

No ciclo de amigos está Murilo Rosa, ausente na pré-estreia, mas que foi o grande destaque do longa. Na pele de Hugo, um personagem também homossexual, o ator faz um contraponto à situação difícil de sua amiga. Ao perder um amor - falecido em um acidente - mostra-se otimista e, com bom-humor, quebra o clima pesado que o filme por vezes impõe.

“São histórias de perdas, e como cada um lida com elas. Todo mundo que é adulto já perdeu algo importante, e não é fácil mesmo de superar isso. O filme mostra as várias formas de superar uma dor”, afirmou a diretora Malu de Martino durante a pré-estreia.


Arieta Corrêa, Malu de Martino, Bianca Comparato e Ana Paula Arósio

“O universo temático homossexual está só no contexto, mas acho que o filme ajuda a quebrar certos tabus e paradigmas. O cinema proporciona essa possibilidade. Em ‘Como Esquecer’, quis mostrar histórias de seres humanos, ressaltando semelhanças para que diferenças pudessem ser aceitas”, complementou a cineasta.

No elenco, escalado pela própria diretora, está ainda Natália Lage, que vive Lisa, uma heterossexual abandonada pelo namorado após descoberta de uma indesejada gravidez. Ao lado do personagem de Murilo, Lisa divide uma casa com Júlia (Ana Paula Arósio), formando um trio de colegas que passaram por desilusões e que tentam, juntos, se reerguerem.

Ainda na escalação de atores, Arieta Corrêa dá vida à Helena, uma artista plástica que acaba se envolvendo com Júlia. “O que mais me encantou na hora de compor Helena é que ela é uma Fênix na história. Ela traz luminosidade, um sopro de vida para Júlia, que está submersa naquele clima pesado”, detalhou a atriz.

Bianca Comparato, de “Anjos do Sol”, é Carmem, uma das alunas de Júlia em suas aulas de literatura inglesa na universidade. Interessada pela docente, Carmem tenta se aproximar da professora, levando consigo Nani (Pierre Baitelli, da minissérie “Cinquentinha”), que logo se apaixona por Hugo (Murilo Rosa).

“Tentei levar algo de minha personalidade para Carmem. Me identifiquei muito com o fato de ela ser persistente e, claro, tentei fazer com que aquilo não ficasse maçante e ela se tornasse uma menina chata que vive perseguindo a professora. Tentei humanizá-la, me inspirando muito no trabalho da Ana, que se entregou mesmo para o papel. Ela [Arósio] é excelente”, ressaltou Bianca.

Vendo assim, é possível entender porque Ana Paula teve dificuldades de se aprofundar na personagem, e principalmente de entendê-la. Árida, profunda, com reações inesperadas, a vida de Júlia é retratada em “Como Esquecer” de forma intensa, mas balanceada com a poética do filme, que se apega em pequenos detalhes (provenientes de um cenário bucólico) levando um fiozinho de esperança ao espectador. Basicamente, uma trajetória de superação com muito a ensinar.

“Aprendi muito com a Júlia. Principalmente que não é possível superar uma grande dor sem a amizade e proximidade de amigos. Outra coisa que ela me ensinou é que, por mais que pareça, nosso sofrimento não é o maior do mundo. E nem insuperável”, completou Arósio.

(Karen Lemos - Famosidades/MSN Brasil)

Politicamente engajado, "Tropa de Elite 2" mostra amadurecimento












Capitão Nascimento, ou melhor, Coronel Nascimento, está mais velho. "E mais consciente também", como definiu seu intérprete Wagner Moura ao Famosidades, presente na pré-estreia badalada de "Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro" em Paulínia, interior de São Paulo, na noite de terça-feira (5). A fórmula, no entanto, não envelheceu.

Apostando nos elementos e recursos que fizeram o sucesso do primeiro filme - como cenas de ação coordenadas por uma equipe importada do cinema hollywoodiano, "Tropa 2", que chega aos cinemas em 8 de outubro, também se apresenta mais maduro, reformulado, mais ácido e critico por tocar fundo na ferida superficialmente explorada no filme antecessor. Os inimigos do Coronel Nascimento são outros, e a forma como isso aparece na tela é pouco agradável.

A sequência quer buscar a origem da violência e dos problemas urbanos que, ao contrário do primeiro "Tropa", ficou concentrada na briga entre polícia e ladrão, tendo como plano de fundo as favelas do Rio de Janeiro. Passaram-se 15 anos desde que o personagem Nascimento deixou de subir os morros para combater o tráfico de drogas. A batalha agora envolve a política nacional.

Após uma operação fracassada no presídio de Bangu 1, Nascimento é promovido a secretário de segurança pública. Ele agora supervisiona a seção de grampeamentos da secretaria, e é lá que torna-se testemunha de um sistema falho. "Tropa 2" inverte os papéis estabelecidos do primeiro longa: no lugar dos bandidos, a polícia; e no lugar da lei, a corrupção.

José Padilha, diretor dos dois filmes, diz acreditar que o cinema político pode interferir na realidade e, assim sendo, não teme apontar erros nas dirigências do país - que estão totalmente corrompidas - como deixa claro em sua continuação. Confiando na popularidade do Coronel Nascimento e nas sequências de operações policiais de tirar o fôlego, Padilha sentiu-se à vontade para alfinetar. "O Brasil tem um problema muito sério que é de segurança pública. Não é um assunto irrelevante, pelo contrário, é de extrema importância tocar nisso", afirmou.

Nesses aspectos, "Tropa 2" não decepciona. Ação, sangue e violência à vontade, como manda a fórmula bem-sucedida que se estabeleceu em 2007, quando "Tropa de Elite" chegou aos cinemas (antes, claro, nas barraquinhas de camelô). Com menos bordões que o primeiro, e com pitadas de humor-negro que nem sempre funcionam, a sequência dá um pulo e evolui na hora de apontar problemas mais sérios como, por exemplo, a presença e o poder das milícias nas favelas do Rio, sustentado pelo próprio governo da cidade.












Irandhir Santos, Pedro Van-Held e o cineasta José Padilha na pré-estreia disputada em Paulínia

Atrás de uma mesa, Nascimento luta contra forças que as armas do BOPE não derrubam. Além disso, vive conflitos internos com seu filho Rafael (Pedro Van-Held), que se distancia do pai quando descobre as verdades de sua profissão; com o crescimento do aspirante André Mathias, e um embate de ego com seu antagonista, vivido pelo ator Irandhir Santos no papel de um irrefutável defensor dos direitos humanos.

"Fizemos uma reciclagem de tudo que aprendemos no primeiro filme, mas a grande sacada da sequência é descobrir que o grande inimigo é, na verdade, o próprio ser humano", pontuou ao Famosidades André Ramiro, intérprete de Mathias que, em "Tropa 2", assume o posto antes ocupado por Nascimento.

Por mais que se renovem os comandos e mortes se desenrolem nos morros, o sistema embasado no crime e na corrupção sempre irá se readaptar. Neste ponto, "Tropa 2" traça um panorama desesperançoso em busca de uma solução para a problemática da violência urbana. A visão critica de Padilha é ácida, e chega até ao topo da pirâmide do Brasil, com imagens aéreas do Planalto Central, em Brasília, em um momento chave do filme.

Em um país onde "eleição é negócio, e o voto é a mercadoria mais preciosa", como proclama um dos personagens do longa, não é de se espantar que campanhas eleitorais sejam financiadas pelos crimes das milícias, que têm como proposta "proteger" as comunidades do morro. A impunidade chega ao absurdo no retrato da morte de uma jornalista que descobre as falcatruas que envolvem polícia e governo.

Com tantos assuntos delicados e perigosos para serem tratados, Padilha acredita na renovação que a sequência traz, e aposta em seu sucesso, mas sem cantar vitória antecipadamente. "Como em qualquer filme, é possível errar. Cinema é complicado porque, para funcionar, tudo tem que estar perfeito. E dirigir uma sequência está inserido nessa regra."

Enquanto Coronel Nascimento segue com sua batalha profissional, e também lutando contra demônios internos, na vida real o inimigo é o mesmo. "Tropa de Elite", de 2007, foi assistido por, aproximadamente, 11 milhões de espectadores de forma ilegal (ou seja, por cópias piratas), segundo dados do Ibope do mesmo ano. Para a sequência, Padilha e sua trupe estão prontos para surpresas do tipo.

"Tropa 2" foi cadastrado na Agência Nacional do Cinema com outro título, nomes de personagens trocados e elenco falso. O roteiro foi impresso em papel vermelho, impedindo cópias por xerox. Sem se apegar aos detalhes, já dava para ter noção dos preparativos que a produção do filme tomou contra pirataria na própria pré-estreia. Portas com detectores de metal e guarda volumes para celulares, câmeras e gravadores chamaram atenção na entrada do Teatro Municipal de Paulínia, que sediou o evento.

Mesmo com tanta cautela, todo cuidado é pouco. Padilha se preveniu que nenhuma cópia vazasse de modo indesejado. "Para o cara piratear tem que roubar sete rolos de filmes, levar para um telecine que custa R$ 2 milhões. Não vai rolar!", anunciou o cineasta, com ar bem-humorado, seguro de estar guardando um segredo precioso e lucrativo.

(Karen Lemos - Famosidades/MSN Brasil)

"Nascimento é personagem típico de tragédia grega", define Wagner Moura












Wagner Moura estava muito sério e, ao mesmo tempo, muito tranquilo. O rosto era de alguém que cumpriu sua missão, enquanto recordava de todo o processo para compor o novo Roberto Nascimento, que retorna para as telas em “Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro”, nos cinemas nesta sexta-feira (8). A espera foi longa, mas chegou. Depois do sucesso do primeiro filme - tanto nas bilheterias quanto nos camelôs -, Wagner volta com o personagem que marcou sua carreira.

E essa carreira não tem pouca coisa, não. Wagner é um dos atores mais talentosos da sua geração, e mostra isso não só na ação ou no drama, mas também no humor. E não só no cinema e na TV, mas também nos palcos. Incansável, Wagner é detalhista ao montar um novo ser, uma pessoa totalmente nova com a cara do baiano. É a essência de outro na pele de um. A dedicação para Nascimento foi intensa e refletiu na vida pessoal do ator.

“Nascimento se apresenta mais maduro e isso não acontece por acaso. Ele teve experiências angustiantes: perdeu sua mulher, seu filho de distanciou dele, e agora está consciente de tudo que acontece ao seu redor”, contou em entrevista ao Famosidades.

Para a sequência do filme dirigido por José Padilha, o ator teve que se “descolar” da consistência do primeiro Nascimento, que ainda era capitão no BOPE. Em “Tropa 2”, ele é expulso da corporação, onde havia sido promovido a hierarquia de coronel, para trabalhar na secretária de Segurança Pública.

Para um filme complexo, explicou Wagner, o personagem precisou de mais densidade. “Passaram 15 anos. Ele é o mesmo cara, mas ao mesmo tempo mudou muito por dentro. Tive que percebê-lo de forma mais profunda durante as filmagens."












Chave do filme, o personagem de Wagner Moura é foco da continuação, cujo antecessor tornou-se sucesso de bilheterias e público em 2007. Encarando a interface entre polícia e política – excessivamente abordada na nova história - Nascimento se vê diante de dilemas e, para superar as dificuldades, é necessário tomar uma posição.

“Pela primeira vez ele toma um posicionamento, ele tem uma opinião. Se no primeiro filme ele sabia onde estava se metendo, agora ele sabe e age contra isso”, revelou. Para Wagner, Nascimento agora é digno da admiração que recebeu no primeiro filme.

Em “Tropa 2” seu posto de herói se justifica em cenas nas quais até mesmo a violência escancarada é bem recebida pelo público. “Ele passa a tomar consciência de seu próprio drama, e o público vai junto com ele. Para mim, esse personagem é o típico personagem de uma tragédia grega e por isso é tão bem aceito."

Além de mergulhar em um papel tão pesado, Wagner ainda atuou como coprodutor do filme, função que recebeu de bom grado de José Padilha, e que exerceu com prazer, por conta de suas curiosidades que surgiram enquanto ator.

“Entrei no mecanismo da produção e tive uma visão mais ampla de todo o filme. Ganhei mais foco e descobri algumas respostas que passaram pela minha cabeça como intérprete. Sempre quis saber como tudo funcionava”, disse. O novo cargo fluiu tão bem que Wagner pensa agora em arriscar como diretor. “Tenho vontade de experimentar. Pode ser que apareça um projeto de direção. Vou adorar”, concluiu.

(Karen Lemos - Famosidades/MSN Brasil)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

José Padilha: “Primeiro 'Tropa de Elite' foi roubado”












José Padilha está traumatizado desde que cópias digitais caíram nas mãos da pirataria em 2007, época em que lançou “Tropa de Elite”. Parte deste sucesso partiu da polêmica envolvendo a venda ilegal do filme. Contudo, para 2010, o cineasta pretende colocar um ponto final nessa história.

“Aquilo foi um roubo. Nosso caso foi especial, porque o filme foi mesmo roubado. Não existe outra definição para isso”, esclareceu Padilha, em entrevista ao Famosidades durante divulgação de “Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro”, em Paulínia, São Paulo. “Pirataria não é democracia de cultura. É sonegação de imposto, não dá para aceitar isso”, continuou o diretor.

Cópias de “Tropa 2” já circulam pelas barraquinhas de camelô das grandes cidades. O acontecimento não é uma falha do esquema de segurança planejado minuciosamente pela produção do longa (veja mais no link acima). Trata-se de uma brincadeira de mau gosto na qual o cliente leve para sua casa um DVD estampado com o pôster do filme, mas, ao assistir, se depara com capítulos de um programa infantil.

“Tem cópias piratas do filme com episódios do ‘Teletubbies’ por aí”, riu Wagner Moura durante entrevista coletiva, confiante de que nada passará pela malha fina armada por gente como Rodrigo Pimentel, ex-capitão do BOPE e principal inspiração do protagonista Capitão Nascimento.

“O que aconteceu no primeiro filme foi muito traumático. Todo esse esquema que planejamos em conjunto é resultado desse trauma”, pontuou Wagner.

Onde há cópias digitais, possíveis de serem pirateadas, há também câmeras de vigilância, senhas para acessar a sala de projeção, além de numeragem nos rolos do filme, para que o local do cinema onde a cópia tenha sido extraviada possa ser localizado por um sistema de segurança. “Não gostamos de pirataria. E ponto!”, enfatizou Padilha.

(Karen Lemos - Famosidades/MSN Brasil)