segunda-feira, 19 de abril de 2010

Sequência de "Avatar" terá cenas na Amazônia, diz James Cameron

















De passagem pelo Brasil, único país da América Latina a receber sua visita, o cineasta James Cameron apresentou a versão Blu-Ray para seu megasucesso “Avatar”, que será lançado em DVD no dia 22 de abril.

Nesta data, não por acaso, comemora-se o dia da Terra. Nada mais apropriado para “Avatar”, filme que está carregado de mensagem ecológica. Preservação e sustentabilidade foram assuntos que dominaram a conversa na coletiva de imprensa realizada com o diretor, o produtor Jon Landau, e os atores Sigourney Weaver e Joel David More neste domingo (11), em São Paulo.

“Todos os países têm problemas, mas se resumirmos a mensagem em uma só, ela é a mesma: nós achamos que somos os donos da natureza. ‘Avatar’ nada mais é do que o nosso mundo, os problemas são os mesmos”, disse Cameron.

O Brasil foi escolhido a dedo pela equipe para o lançamento da versão Blu-Ray por um motivo bem claro. “Fiquei curioso para ver como o Brasil reagiria a esta mensagem, já que o desmatamento que é uma realidade por aqui. E realmente foi um sucesso, o filme bateu recordes de bilheteria no país”, anunciou.

O sucesso e o carinho pelo Brasil podem resultar em cenas realizadas na floresta Amazônica, que podem fazer parte da sequência de “Avatar”. “Vamos ter algumas cenas na Amazônia brasileira, mas nada grandioso; vamos deslocar poucas pessoas da equipe para lá”, adiantou.
Há duas semanas em terras tupiniquins, James aproveitou para arregaçar as mangas ao invés de apenas discutir o problema ambiental.














“Estive em Manaus no Fórum Internacional de Sustentabilidade da Amazônia, e também visitei a floresta Amazônica, onde conservei com indígenas e tive a ideia de criar um projeto ambiental”, contou o diretor que, após a passagem pela comunidade indígena, conversou com a produtora Fox para acertar os detalhes de um projeto que pretende plantar 1 milhão de árvores em vários países durante todo o ano.

Em São Paulo, Cameron deu o ponta-pé inicial. Na manhã do domingo (11), o cineasta plantou a primeira árvore do projeto no Parque do Ibirapuera. “Foi um ato simbólico, uma pequena parte do que ainda é necessário ser feito”, resumiu.

Uma das protagonistas de “Avatar”, Sigourney Weaver, que esteve presente no plantio da árvore pela manhã, se sentiu honrada de fazer parte deuma produçãoque chama a atenção para questões ecológicas. “Essa é a primeira vez que trabalho em um filme onde nós somos os vilões, e não o contrário [Sigourney é estrela da saga ‘Alien’]. Em ‘Avatar’ somos menos desenvolvidos do que os alienígenas”, explicou.

Encantada com nosso país, nas palavras da atriz não faltaram elogios ao Brasil, que também serviu como base de comparações: “Nos Estados Unidos cometemos muitos erros em relação à poluição. Poluímos nossos rios, eliminamos nossas tribos indígenas. Olhamos para o Brasil, para essa riqueza toda, e sentimos que podemos fazer a diferença aqui”.

A atriz também falou a respeito das gravações de “Avatar” que foram, no mínimo, curiosas. Parcialmente realizado em estúdio de fundo azul para criar efeitos especiais em 3D, os atores tiveram que fazer uma pesquisa de campo para conseguir atuar. “Fomos para o Havaí, no meio da floresta, para analisar o território, já que no estúdio não teríamos nada de cenário. Lá aprendemos como caminhar entre as árvores e trouxemos isso para nossa ação dentro do filme”, detalhou Sigourney.

No encontro, Cameron falou ainda a respeito de produzir um filme em formato 3D. “Parece estressante, mas foi bem rápido e até divertido. Não houve preocupação com cenário, figurino, maquiagem e cabelo, nada disso; só fiquei focado nos movimentos dos atores”.

A versão Blu-Ray, comentou o cineasta, foi justamente pensada para manter a impressão das cores e dos efeitos vistos nas telonas do cinema. ”A qualidade de imagens é equivalente a do cinema. Em 25 anos de carreira como cineasta essa é a melhor versão de um filme meu lançado em DVD”, explicou.

Com tanta experiência assim, o cineasta tenta entregar sua receita de sucesso para ganhar as bilheterias mundiais, baseado em um tema atrativo, na conexão do público com os personagens e, principalmente, na mensagem a ser passada.

“’Avatar’ não teria feito tanto sucesso se não tivesse atingido esses objetivos. É um filme que não traz fatos, mas que fala de emoções, do comportamento humano, e do direito dos povos indígenas. Nós saímos do cinema e olhamos para dentro”, concluiu.

Cameron fica no Brasil até quarta ou quinta-feira, segundo sua assessoria. De São Paulo, o cineasta segue para Brasília, onde participa de uma conferência ambiental, e na sequência, viaja para Altamira, município do Xingu, no Pará, para conversar com moradores afetados pelo desmatamento.

(Karen Lemos - Famosidades/MSN)

Glória Pires: “Sou ex-fumante, sei como é a luta”














Glória Pires e a cineasta Anna Muylaer

“É Proibido Fumar” levou os principais prêmios de público e crítica, em uma rara concordância entre as duas partes que votam, da festa do 36º SESC Melhores Filmes, realizado na quarta-feira (7), no CineSESC de São Paulo.

Destaque da noite, a premiada Glória Pires subiu emocionada para receber o troféu de melhor atriz por dar vida a Baby, uma quarentona solteira que tenta, a todo custo, se livrar do vicio do cigarro. Com roteiro e direção (ambos também premiados) de Anna Muylaert, Glória conta porque aceitou o convite da cineasta e mergulhou de cabeça no papel.

“O que me leva a fazer o personagem é o desafio, a identificação, uma mensagem que, de certa forma, toca as pessoas. Tudo que está dentro tem que ir para a tela, desde o medo até as alegrias. Uma personagem sempre tem um pouco da gente, um pouco do que a gente quer falar, e quando o publico entende isso é muito legal”, disse, em entrevista ao Famosidades.

No longa, Baby vive constantemente envolta de muita fumaça. Fuma quando está nervosa, quando está triste, frustrada, satisfeita, enfim, fuma sempre. Ao mesmo tempo, tenta se livrar daquele que parece ser seu único companheiro de todos os momentos. Glória conhece bem a realidade de Baby e enfrentou uma batalha parecida, mas, diferente de sua personagem, saiu vitoriosa.

“Sou ex-fumante, então sei bem como é essa luta. O meu segredo foi a força de vontade mesmo. Decidi que não ia mais fumar, e parei mesmo. Isso foi após o parto da minha penúltima filha. Antes, em quase todas as gestações eu parava, mas logo em seguida voltava com o cigarro”.

Bem aceito pelo público, toda a equipe de “É Proibido Fumar” pareceu tranquila na hora receber o prêmio máximo da noite: Melhor Filme. Glória não deixou de agradecer a oportunidade oferecida pela diretora Anna Muylaert, e ainda salientou os elogios à colega.

“Nunca tinha trabalhado com a Anna antes, mas eu já admirava o trabalho ela. Tinha assistido ‘Durval Discos’ quando ela me propôs o roteiro de ‘É Proibido Fumar’; na hora senti que fosse dar certo, sabe? No final, acabei ganhando uma grande amiga”, celebrou.

Durante a conversa, a atriz ainda falou sobre a produção cinematográfica no Brasil, e sobre o que a atrai para o escurinho do cinema.

“Primeiro são os atores que tenho como ídolos (risos), depois, claro, tenho curiosidade de conhecer as histórias. Sempre admirei o cinema brasileiro. Mesmo quando a produção era pouca. Foi um momento complicado, mas as pessoas souberam ser muito elásticas e acabaram trazendo algo positivo para o nosso cinema. Vemos reflexo disso hoje no crescimento da nossa produção, nos constantes lançamentos e nos filmes que atingem a todos nós”, contou.

Voltando de Paris, após gravações de um novo filme chamado “O Santo e o Dragão”, Glória finca novamente os pés em sua terra natal, e promete voltar para as telinhas no segundo semestre deste ano.

“No meio do ano vou gravar a próxima novela do Gilberto Braga, ainda não posso adiantar muita coisa, está cedo ainda e não sei até onde eu posso revelar, então prefiro não comentar nada a respeito, só sei que será muito bacana. O Gilberto [Braga] me resumiu o trabalho como uma tentativa de se livrar da Maria de Fátima [personagem vivida por Glória em 1988 na novela global ‘Vale Tudo’”] (risos).

Segundo a coluna de Patrícia Kogut, do jornal O Globo, a atriz deverá interpretar uma vilã na nova trama, que por enquanto está batizada com o nome de “Lado a Lado”.

Cheia de prêmios e boas oportunidades para cinema e televisão, o que mais será que Glória Pires ainda pode desejar? Com bom humor, ela revela que nem tenta uma ousadia dessa, pois a vida já lhe presenteou muito.

“Tudo tem sido tão legal para mim, mais legal ainda que os melhores sonhos que já tive. Nem ouso pedir mais. Estou com 40 anos de carreira e sinto que ainda posso aprender, conhecer gente maravilhosa e me deslumbrar com novos projetos”, conclui.

Além de Glória, o Festival premiou outros 36 filmes escolhidos entre os 315 exibidos no circuito paulista no ano de 2009. Entre os destaques está “Bastardos Inglórios”, de Quentin Tarantino, que levou os prêmios de filme estrangeiro, diretor e ator para Christopher Waltz.

“A Festa da Menina Morta”, do estreante na direção Matheus Nachtergaele, recebeu o troféu fotografia, para Lula Carvalho, e ator para Daniel de Oliveira, que não pode comparecer a premiação já que está rodando cenas da próxima novela das oito “Passione”, de Silvio de Abreu, na Itália.

“Estou aqui, tomando um vinhozinho na Itália, enquanto gravo “Passione”, disse o ator em tom divertido, no vídeo de agradecimento que enviou, arrancando risos da plateia.


(Karen Lemos - Famosidades/MSN)

Noite de APCA

















A minissérie global “Som e Fúria” foi o grande destaque na entrega do troféu APCA, na noite de terça-feira (6), premiação que elege os melhores da área cultural no ano, segundo os jornalistas da Associação Paulista dos críticos de arte de São Paulo.

Realizado no Sesc Pinheiros, na capital paulista, o evento ficou marcado pela vitória da minissérie na categoria Melhor Programa de Televisão. No palco em nome de todo elenco e equipe, o diretor Fernando Meirelles fez um breve agradecimento nos momentos finais da cerimônia.

“Achei bacana produzir uma coisa diferente, foi uma das experiências mais agradáveis que tive. Todo o elenco, equipe e atores foram maravilhosos. Desde o primeiro momento eu senti que foi algo que encaixou mesmo, teve química”, contou Meirelles para o Famosidades.

O cineasta saiu da premiação satisfeito, mas desejando a possibilidade de dirigir uma segunda temporada de “Som e Fúria”; o que parece fácil está um pouco enrolado para sair do papel e acontecer na telinha da Globo

“Estamos vendo isso com a Rede Globo. Eles não ficaram tão satisfeitos assim com os índices de audiência”, revelou. O curioso é que a minissérie veio somando elogios de critica e público ao longo do ano.

O protagonista Felipe Camargo, que teve a carreira alavancada com o personagem Dante, também saiu vencedor na noite, mas, por conta do temporal que castigou o Estado do Rio de Janeiro na noite anterior, teve sua viagem para São Paulo impossibilitada.

“Felipe Camargo está chateado que não conseguiu vir, foi o primeiro prêmio que ele ganhou”, lamentou Meirelles.

Camargo deixou seu agradecimento em nota, lida no palco, justificando sua ausência, e agradecendo muito “o diretor e homem” Fernando Meirelles que, segundo o ator, lhe ofereceu a oportunidade de voltar a ativa. “Eu estava quase em depressão, Meirelles me levantou”, escreveu.

Boa parte dos artistas vencedores não compareceram por causa das chuvas torrenciais do Rio de Janeiro que, desde a noite passada, impossibilita os cariocas de se locomoverem, até mesmo em direção ao aeroporto, na tentativa de pegar a ponte área para receber o troféu.

O incidente não desanimou a festa, que contou com diversos representantes dos premiados, desde colegas de profissão até parentes. O dinamismo e bom humor de Dan Stulbach, apresentador da cerimônia ao lado de Maria Fernanda Cândido, ajudou. Aceito pelo público, Dan também aprovou a experiência como ‘premiador’.

“O bacana da festa é essa mistura, todo mundo falando dos respectivos trabalhos, se encontrando. Foi um prazer imenso poder presentear e celebrar com essa gente toda”, confessou o ator que considera o prêmio APCA um dos mais importantes da área cultural.
















A experiência, que foi bem diferente da noite anterior, foi tranquila na análise do ator. “Fico mais nervoso para ganhar (risos)”, revela Dan, que recebeu, na segunda-feira (5), o prêmio de melhor atuação no prêmio ACIE de Cinema, por sua atuação em “Tempos de Paz”, de Daniel Filho.

Stulbach solta o verbo

No cinema, no teatro, ou nas telinhas, Dan brilha e faz bonito; não foi por acaso que vibrou, e fez questão de largar por minutos a bancada de apresentador para agradecer o prêmio para “Som e Fúria”, do qual fez parte do elenco na pele do vilão Ricardo, personagem bem sucedido, mas que não garantiu sua estadia na televisão.

“Recentemente decidi não ter um contrato fixo com a Globo, não quero isso, decidi que vou ganhar por obra”, conta Dan. O artista garante que isso não atrapalha em nada seu relacionamento com a emissora, e mal vê a hora de voltar como Ricardo, caso o canal aceite uma segunda temporada da minissérie. “Eu adoro televisão, quero fazer parte disso, mas não é a única coisa da minha vida”, justificou.

É nas telonas que Dan vem investindo alto. O ator tem planos para alguns trabalhos cinematográficos, mas, só o que ele pode nos adiantar é um projeto já em processo de finalização. “Suprema Felicidade”, de Arnaldo Jabor, traz Dan na pele do pai de um garoto que, de certa forma, é uma espécie de figura autobiográfica do cineasta. Durante a entrevista, Dan salientou a honra que teve de trabalhar com bons diretores.

“Foi o máximo, nesses últimos tempos trabalhei com três diretores ótimos (Fernando Meirelles, Daniel Filho e Arnaldo Jabor). Todos na sequência. O Jabour é super intenso e muito verdadeiro. Não tenho ideia de como vai sair esse filme, mas sei que será maravilhoso”, adianta.

Acompanhado na premiação do ACIE, e sozinho no APCA, Dan penou para disfarçar seu envolvimento com uma nova affair - que preferiu não revelar quem é; fez de tudo para despistar os jornalistas, e depois explicou: “Estou namorando, sim. Mas sou tímido, não gosto que saibam tanto da minha vida assim. Eu não faço teatro para aparecer, e sim para desaparecer. Quanto menos souberem melhor”, desconversou.

Para finalizar, Dan ainda comentou sobre as tragédias decorrentes das chuvas no Rio de Janeiro, que deixou a festa com um ar ‘vazio’, e criticou a forma como nosso país vem sendo dirigido. “O Brasil é um país que está crescendo, está melhorando, só que a infraestrutura não acompanha nosso desenvolvimento”.

Premiados da noite

Além de “Som Fúria”, também foram destaques da premiação Tiago Leifert, apresentador do Globo Esporte, Larissa Maciel, a “Maysa”, que venceu melhor atriz e ao esteve presente no palco; Glória Pires, melhor atriz na categoria cinema.

Na música, Céu levou melhor cantora de música popular, Ney Matogrosso foi premiado por melhor show, Os Paralamas do Sucesso foram considerados o melhor grupo de 2009, e a carioca Maria Gadú, revelação do ano.

(Karen Lemos - Famosidades/MSN)

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Exposições com artistas de renome agitam cotidiano paulistano

Obras de Andy Warhol, Hélio Oiticica e Maureen Bisilliat chegam à cidade mais heterogênea do país





















No meio da confusão cultural de uma megalópole como São Paulo, é preciso traçar prioridades para aproveitar tudo que a cidade oferece, principalmente a partir do mês de abril, quando três grandes exposições chegam por aqui juntas. Mas, São Paulo é assim. Quando tem coisa boa, vem tudo ao mesmo tempo. Para não se perder, confira detalhes dos atrativos que O Estado RJ reuniu para programar sua agenda cultural do mês:

“Fotografias”

Sempre em busca de sua própria raiz, a inglesa Maureen Bisilliat encontrou identificação em nosso povo e cultura, passando a fotografar diversas facetas do Brasil, um qual que até muitos de nós desconhece. Em cartaz até julho na galeria de arte do Sesi São Paulo, “Maureen Bisilliat: fotografias”, conta com um acervo rico, beirando 200 fotografias cedidas pelo Instituto Moreira Sales.

“A ideia foi abrir a exposição juntamente com um livro de fotografias. Por um lado foi uma coisa trabalhosa, mas também deixou bem mais claro o caminho a ser escolhido”, explica Maureen, que começou a pensar no projeto no inicio de 2009.















A base de “Fotografias” ficou focada em trabalhos que resultaram em publicações ao longo da carreira da fotógrafa. “Nunca me satisfez inteiramente a imagem divorciada, a imagem única; sempre usei como referencia o mundo dos escritores”, explica.

Surge daí, então, grandes parcerias com escritores célebres como Euclides da Cunha, João Guimarães Rosa, e o amigo Jorge Amado. Todo passeio pela galeria do Sesi resulta em uma viagem pelas terras tupiniquins, e também por locais inusitados, estreitamente ligados em suas tradições, em outros países como Japão, China, África, Bolívia, e mundo afora.

“Fotografias” ainda reserva outros atrativos, como objetos, guardados pela artista, que resultam em seu processo criativo. Estão lá negativos do ensaio sobre o Xingu indígena, chapas de fotolitos do livro embasado no clássico literário “Os Sertões”, máquinas de impressão de jornais, correspondências com outros artistas e amigos, e etc.

“Museu é o Mundo”

Desde o incêndio que danificou parte de seu acervo no ano passado, o nome de Hélio Oiticica e sua arte foram apenas comentados no boca a boca; suas obras, porém, jamais tiveram o privilégio da presença do público – elemento mais que essencial na obra de Oiticica.

“A maioria das obras nunca havia sido expostas juntas em um contexto de exposição individual, onde podemos aprofundar questões de seu desenvolvimento ao longo do tempo”, explica César Oiticica Filho, sobrinho do artista.
















O curador da exposição, Fernando Cocchiarale, complementa, ressaltando que o processo artístico de Oiticica não começa e termina em seus “penetráveis”, “bólides”, “parangolés”, “metaesquemas” e outros personagens de seu universo. Todo o ciclo criativo, registrado em anotações obsessivas do artista, também são encontrados lá.

“O diferencial dessa curadoria é que ela se entrecruza através dos escritos. Toda exposição é guiada por citações do próprio Oiticica referente ao processo de criação dos seus trabalhos”, conclui Cocchiarale.

Pioneiro, muito cedo o artista plástico percebeu e visualizou a real importância do público na construção de suas obras. No ano de 1964, notando que as galerias de artes estavam cheias de ‘vazios’ [“Ele compreende que o quadro não é uma exigência da pintura, e sim da obra renascentista”, esclarece o curador], Oiticica revolucionou com a arte que sai do quadro e vai para o espaço real.

O público como influenciador das obras é bem explicitado na arte de Oiticica através de seus penetráveis. Justamente foram essas peças curiosas que, além de estarem presentes no Itaú Cultural – espaço em que a mostra é sediada, também se encontram espalhadas em pontos estratégicos da cidade de São Paulo.

“Oiticica compôs trabalhos para serem expostos na rua [justifica-se aí a frase que batiza a exposição ‘Hélio Oiticica - Museu é o mundo’]. Ele é uma espécie de co-curador da exposição. A única que fiz foi respeitar a vontade dele”, explica Cocchiarale.

“Mr. América”

Líderes políticos, ídolos de Hollywood, artigos de consumo. Nada escapou da percepção sarcástica de Andy Warhol, artista plástico da década de 60 que ganhou fama naturalizando objetos triviais (como sopas, bananas e refrigerantes) e estetizando o “horroroso” aos olhos humanos.


















O que mais chama atenção em “Andy Warhol, Mr. América”, exposta na Estação Pinacoteca do Estado de São Paulo, sem dúvida é a obsessão do artista pela morte. Retratos de suicídios e registros de acidentes não impressionam tanto, quando colocados lado a lado, em cores diversas.

A arte de Warhol bebeu do vouyeurismo da geração de 60, da alienação e do culto pelas celebridades e dos ’15 minutinhos’ de fama, do qual o próprio Warhol se esbaldou. Sim, pois esse era, acima de tudo, uma estrela vaidosa.

No principio, essa era a idéia de um jovem artista que, em 1962, realizou sua primeira exposição individual, aquela que resultou em 32 telas somente com imagens de sopas Campbell. A relação com o produto é bem curiosa: sua mãe, então afetada financeiramente pela crise dos anos 30 nos Estados Unidos, lhe servia a sopa nos almoços que ficaram gravados em suas lembranças remotas de menino.

A desigualdade social é um dos tantos temas polêmicos abordados pela arte aguçada de Warhol, que criticou o “American Way of Life” usando elementos aparentemente triviais como, por exemplo, uma garrafa de coca-cola, produto consumido pelo mendigo da esquina até pelo presidente dos Estados Unidos. “Nos EUA, o consumidor mais rico compra as mesmas coisas que o pobre. As cocas-colas são todas iguais!”, dizia Warhol.

Além das “Campbells” e “Coca-Colas”, outras serigrafias mais conhecidas também estão lá. Sequências da megastar Marilyn Monroe, do líder comunista Mao Tse-Tung, e do representante da política americana John F. Kennedy aparecem lado a lado, coloridos e banalizados.

Nada surpreendente para um artista que nunca economizou em suas palavras, nem mesmo quando questionado pelo crítico musical da “Interview”, Glenn O’Brien, se realmente acreditava no Sonho Americano. “Não, mas acho que podemos ganhar muito dinheiro com isso”, respondeu.

(Karen Lemos - O Estado RJ)