sábado, 6 de fevereiro de 2010

Finalmente...a música















No palco para celebrar a música, Alzira E. e Ney Matogrosso, dois artistas sul mato-grossenses com muita coisa em comum, recordaram momentos especiais divididos pela dupla - ao longo da trajetória artística - agora reunidos em show realizado entre os dias 20 e 21 de janeiro, para uma plateia lotada no SESC Pinheiros, em São Paulo.

“Já conhecia Alzira há muitos anos. Sempre estou de olho no repertório dela, tenho comigo vários discos que, às vezes, dou uma olhada e uso no meu trabalho. Esse show foi toda uma síntese da nossa história, era um encontro inevitável”, definiu Ney Matogrosso.

O “encontro inevitável” não apenas relembrou a parceria de muitos anos, mas também reforçou os laços de uma carreira conjunta, repleta de admiração e respeito de trabalho mútuo, simbolizada na canção “Finalmente” que, não por acaso, batizou o espetáculo.

“É o nome que escolhi para o show porque eu já sonhava com esse encontro, então ficou bem adequado: ‘Finalmente’ isso aconteceu. A música em parceria com o Itamar [Assumpção, que colaborou em boa parte das composições de Alzira] é especial por isso, relata esse encontro”, explicou Alzira.

O percurso, para Alzira, foi mais do que natural. Há dez anos Ney gravou “Bomba H” no álbum “Olhos de Farol” (registrado no ano 1999), dando início a uma contribuição artística entre o cantor e a compositora. “De lá para cá existia essa possibilidade de - um dia – nos encontrarmos em cima do palco. E acho até que demorou bastante”, riu Alzira.

De fato, dez anos parecem se arrastar no relógio, mas foi o tempo suficiente para criar laços artísticos entre as duas estrelas, que construíram uma história de parcerias para serem relembradas no show. Desde o ponto de partida - “Bomba H”, o intérprete veio gravando composições de Alzira contundentes com seu trabalho musical.

Em 2004, para o álbum “Vagabundo”, juntamente com o grupo Pedro Luís e a Parede, Ney Matogrosso registrou em estúdio “Transpiração”, e a já citada “Finalmente”, que até então nunca havia cantado ao vivo. Para “Inclassificáveis”, disco de 2008, o cantor incluiu “Coisas da Vida” – outra parceria de Alzira com Itamar – no repertório, reforçando a intimidade de Ney com as letras da compositora.

Essas canções, obviamente, não poderiam faltar no encontro. Mas, para selecionar todo o roteiro musical no espetáculo, Alzira e Ney não se limitaram as já conhecidas parcerias, e foram além. “De início eram umas 10 músicas”, conta Ney Matogrosso, que recebeu o convite e o set-list do show através do correio. “Eu falei [para Alzira]: ‘Olha, vamos aos poucos, verei até onde eu consigo’, porque as músicas eram cheias de ‘ciladas’, tinham uma complexidade”, explicou.















Crédito: Carol Mendonça

Ney se referiu a obras inéditas, nunca interpretadas por ele no palco, como “Mulher o Suficiente”, “Sei dos Caminhos”, “Ai, que Vontade”, e “Se eu Soubesse como”, canção que está prevista para entrar no novo disco produzido por Alzira para este ano.

“Ensaiei tudo na véspera, coisa que eu não faço nunca [Ney precisou abrir um espaço na turnê atual - “Beijo Bandido”, na qual estava totalmente envolvido, para ensaiar o repertório com Alzira]. Eu estava um pouco inseguro no primeiro dia, mas no segundo teve uma virada. Entrei mais garantido, e a platéia, que estava mais solta, também ajudou”, comentou o intérprete.

Com o roteiro definido, datas divulgadas, e o clima de sucesso pairando no ar, não foi nenhuma surpresa que as entradas para conferir esse encontro pra lá de especial tivessem sido vendidas em cerca de uma hora e meia. “Em meia hora, a parte de baixo da platéia já havia sido toda vendida”, detalhou uma funcionária da unidade Pinheiros do SESC.

É certo que celebrar um encontro com um nome de peso da música brasileira atrai um grande público. Alzira, sabendo disso, mergulhou de cabeça no projeto e deixou de lado, pelo menos por alguns instantes, as finalizações do seu novo álbum, que já está na reta final da produção.

“Eu não conhecia o trabalho da Alzira pessoalmente, e tive o prazer de ouvir suas músicas, que são verdadeiras poesias”, comenta a espectadora Márcia Hack, que segue o cantor desde 1983, e já teve oportunidade de conhecer o trabalho de outros músicos, devido a parcerias dos artistas com seu ídolo. “Ver os dois cantando juntos foi lindo. Quando Ney entrou no palco a plateia veio abaixo”, recorda.

O espetáculo também surpreendeu com canções inéditas de Alzira, que devem estar presentes em seu novo disco – “Pedindo a Palavra”. “Passou a existir um desafio gostoso de tocar essas músicas - estrear essas músicas no palco, e isso transformou aquele momento em uma coisa única”, explica Alzira.

“Pedindo a Palavra” traz um repertório recheado de criações de Alzira com o poeta Arruda. “Nosso Presente”, “Olhos de Chico Buarque” e “Beijos Longos” (interpretada ao lado de Ney), foram os destaques do roteiro do show, e fazem parte do novo disco, aguardado para chegar às lojas no mês de abril, prevê a cantora.

(Karen Lemos - O Estado RJ)

Um comentário:

Rita Vicente disse...

Parabéns, Karen! A reportagem está ótima e vc merece muito sucesso!!! Beijos!!!