Foto: Leon Rodrigues/Secom
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), confirmou que vai se candidatar à reeleição ao dizer que espera participar de “muitas eleições”. O tucano foi entrevistado por Mônica Bergamo na BandNews TV nesta quarta-feira, 18, mesma data na qual recebeu alta médica depois de internação durante tratamento de câncer.
“Eu recebi um diagnóstico de doença, e não uma sentença de morte”, afirmou. “Estou confiante de que vou participar de muitas eleições.”
O prefeito comentou as pesquisas de intenção que voto que mostram um percentual em torno de 10% dos entrevistados que querem a sua reeleição. Para ele, esse número é positivo.
“Eu assumi a prefeitura no meio [do mandato], com metade da população sabendo quem era o prefeito de São Paulo, e estou nessa pesquisa com pessoas que já foram governador, prefeito, senador. É algo acima do que eu esperava”, observou.
Até o momento, Covas não definiu quem será o vice de sua chapa. “A escolha do vice vem no final. Primeiro você olha para as alianças, quem são seus adversários e verifica qual é a melhor opção, quem mais agrega à chapa.”
O tucano falou também sobre o levantamento que aponta que 18% da população da cidade de São Paulo considera sua gestão como ótima ou boa. Covas atribui a essa porcentagem o “enfrentamento de problemas” que seu governo realizou no município.
“Nós fizemos a reforma da Previdência, retiramos o subsídio do vale transporte – que é de obrigação das empresas, e mudamos a situação fiscal do município. A relação de dívida/receita, que era de 92%, hoje é de 52%. Enfrentamos os problemas e agora veja como está São Paulo e como está o Rio de Janeiro”, comparou ao citar a crise que vive o município vizinho.
A ideia agora é investir em programas sociais no próximo ano. “Queremos terminar o mandato como a gestão que mais entregou vagas em creches, unidades habitacionais e também reformou as UBS [Unidades Básicas de Saúde], cujas obras já começam em janeiro de 2020.”
“Isso foi o que fez Mário Covas [seu avô] ser bem avaliado. Focou no essencial: a periferia. Em cada canto que vou na cidade ouço histórias e vejo obras do Mário Covas”, completou.
Novo PSDB
Bruno Covas criticou algumas das atuais posturas do seu partido, o PSDB, e avaliou o mau desempenho da sigla nas últimas eleições e a redução pela metade da bancada tucana na Câmara. “Isso se deve, no meu ponto de vista, ao PSDB não ter lidado com questões éticas da mesma forma que cobramos isso de partidos – me sinto envergonhado de estar em um partido que não fez nada com Aécio Neves – e também que não soube defender suas bandeiras. Desde 2002, o PSDB tenta esconder as privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso”, exemplificou.
Covas ressaltou que seu governo foca em concessões de parques, mercados e privatizações de bens para otimizar a gestão. “Não tem sentido a prefeitura cuidar de autódromo, centro de exposições e estádio. [A prefeitura] tem que focar no social, investir em educação, saúde, transporte e habitação”.
O prefeito brincou que não sabe se essa posição dele é de esquerda ou de centro no Brasil de hoje, que considera mais o rótulo do que o conteúdo. “Durante o governo PT eu era neoliberal; hoje eu sou comunista”, ri.
Ele também falou sobre o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), quem ele considera um político mais de direita. “Ele se aproxima mais de Franco Montoro por acreditar mais no mercado, mas eu tenho mantido a mesma gestão do Doria na prefeitura. O fato de termos discursos diferentes não significa que houve algum rompimento”, esclareceu.
Avaliação do governo Bolsonaro
Na entrevista, Bruno Covas fez uma avaliação do governo Bolsonaro e sobre a polarização política no País que, segundo ele, não deve “contaminar” as eleições de 2020.
“Talvez nos discursos essas questões mais nacionais apareçam, mas o que o eleitor quer saber mesmo é de vaga para o filho dele na creche, médico no posto de saúde, corredor para o ônibus. O eleitor está mais preocupado com questões locais na hora de decidir quem irá governar São Paulo do que questões nacionais.”
O prefeito revelou que anulou seu voto no segundo turno das eleições de 2018, onde ficou muito claro o embate entre a esquerda, com Fernando Haddad do PT, e a direita, com Jair Bolsonaro, na época do PSL. “Votar no PT estava descartado. Eu votei pelo impeachment de Dilma [Rousseff]; não teria sentido votar no PT. Eu também procurei algo na fala do Bolsonaro que apontasse uma guinada para o centro e não encontrei. Nada no discurso dele me mostrou que seria diferente do que ele já era – e não está sendo diferente mesmo”, completou.
Para Covas, Bolsonaro “segue em campanha” mesmo após vencer as eleições, o que – em sua opinião - é prejudicial para o País. “Ele fala em acabar com o comunismo. O presidente perde tempo com isso. E falta articulação política para aprovar reformas importantes. Votar a reforma da Previdência já foi difícil”, observou. “E na economia seguimos o mesmo receituário de sempre, mas, infelizmente, com o abandono de programas sociais. O Minha Casa Minha Vida, por exemplo, não tem recursos para o ano que vem”, pontuou.
Íntegra da entrevista:
(Karen Lemos - Portal da Band)