segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Especialistas defendem unificação de impostos em evento sobre reforma tributária

Eduardo Bolsonaro, Luiz Carlos Hauly, Marcello D'Angelo, Flávio Rocha e Bernard Appy (Foto: Rodrigo Belentani/BandNews)

São tantas siglas que batizam os inúmeros tributos que são pagos no Brasil que discutir a unificação e a simplificação de impostos é praticamente uma unanimidade quando se fala em modernizar o sistema tributário brasileiro.

O tema foi discutido de forma profunda no Fórum BandNews nesta segunda-feira, 14, nos estúdios da Band. O painel reuniu especialistas da área, como o ex-deputado federal Luiz Carlos Hauly, o economista Bernard Appy, o empresário Flávio Rocha, além do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro.

Para João Carlos Saad, presidente do Grupo Bandeirantes de Comunicação, o atual sistema tributário é “hostil” para os investimentos e negócios no País. “A reforma tributária , portanto, é bem-vinda”, afirmou na abertura do evento. “Não importa o partido político; no momento em que estamos vivendo, não dá para ficar brigando. Temos 13 milhões de brasileiros desempregados. É hora de arrumarmos a casa, arrumarmos o Brasil.”

Saad criticou ainda a ideia de aumentar os impostos. “Gostaríamos que não pensássemos nisso. Temos que diminuir o tamanho do Estado brasileiro antes de pedir mais sacrifícios para a sociedade.”



O deputado Eduardo Bolsonaro disse que o presidente está “aberto para perder poder e arrecadação” em prol de uma agenda reformista. “As vezes é difícil minha posição como filho do presidente; quando eu falo, as pessoas confundem com a voz do presidente, mas isso não me impede de trabalhar a favor do que eu acredito, como a reforma tributária (...) e manter o País longe do petismo e do comunismo”.

Esses são os “nortes” que é preciso ter no Congresso Nacional, pontuou Eduardo, para atrair investimentos e “sanar a dívida de 13 milhões de desempregados que o atual governo herdou”.

O parlamentar afirmou também que o foco da reforma será no contribuinte. “Acredito que a reforma tributária e a PPI (programa de privatizações) vão dominar os debates econômicos no final desse ano e começo do ano que vem”, acrescentou.

O deputado classificou o atual sistema tributário brasileiro como “complexo”. “As empresas brasileiras têm tanta dificuldade em pagar tributos que, por vezes, os próprios advogados trabalhistas acabam pagando tributos errados e são multados. Por isso as empresas estão indo para o Paraguai. Eu acredito que o Brasil tem um potencial maior do que o Paraguai. Isso expõe nossa situação. Se nem advogados do ramo conseguem pagar direito, imagina a população.”



Consultor da PEC 110/2019, que tramita no Senado, Luiz Carlos Hauly fala na unificação de impostos que irá, inclusive, acabar com a guerra fiscal entre Estados. Essa guerra ocorre porque cada Estado impõe suas próprias alíquotas para atrair empresas, gerando um desequilíbrio e as vezes um custo maior de logística.

“A proposta do IVA dual (imposto sobre valor agregado) vai aglutinar nove impostos em um, tanto da União quanto dos Estados. O contribuinte pagará somente um imposto”, explicou.

Segundo ele, 165 países já adotam o IVA, que no Brasil está sendo chamado de Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS).

“Vamos também acomodar setores e serviços que, com razão, têm reclamado. Vamos atender setores como comida e remédio, que são tributados em 34% e 35%.”

Além da simplificação de impostos, Hauly destaca a importância da tecnologia para modernizar o sistema. “A tributação tem de ser toda online. Dessa forma, acredito que o Brasil voltará a ser a potência econômica como já foi, crescendo de 6% a 7% durante 50 anos”, projetou.

Proposta de transição

Outra PEC, a 45, também tramita no Congresso, mas na Câmara dos Deputados. O projeto é baseado em estudos do economista Bernard Appy, convidado do Fórum BandNews. “[O projeto] é para corrigir distorções do sistema, onde se paga os impostos mais altos do mundo. O sistema deveria tributar o consumo, mas tributa exportações e investimentos, o que mata a competição justa entre empresas, que optam por ter um bom benefício tributário do que ser eficiente.”

Appy também defende um imposto IVA com regras homogêneas, pouquíssimas exceções de benefícios fiscais e regimes especiais. O desafio para ele, no entanto, é fazer a alteração do sistema.

“A ideia é uma transição de 10 anos, sendo que nos primeiros dois anos vamos trabalhar com uma alíquota de 2% para verificar o potencial de arrecadação. Depois, mais oito anos diminuindo as alíquotas dos impostos atuais e elevando a alíquota do IBS”, propôs o economista.

Esse prazo de 10 anos, explicou Appy, é uma decisão política. “Muitas empresas fizeram investimento em cima de benefícios fiscais que vão deixar de existir. Uma transição rápida pode gerar perda de capital para essa empresa.”

O economista estipula o corte de benefícios ficais em torno de R$ 200 bilhões ao ano pela PEC 45, sem aumentar a carga tributária para os brasileiros.

“Para a população de baixa renda, 35% recebe de volta o imposto pago sobre o consumo com um teto, que é o imposto incidente da cesta básica dos 20% mais pobres. Esse é um mecanismo mais eficiente e mais barato de se fazer política social”, completou.

O empresário Flávio Rocha, fundador do Instituto Brasil 200, que também tem uma proposta de reforma tributária, defende um tributo nos moldes da CPMF apesar de toda a polêmica que a criação de mais um imposto gera na sociedade.

“É preciso abandonar as bases antigas e pensar no microimposto. Voltar o olhar do fisco para os fluxos financeiros. Tributar a riqueza quando se move. Dessa forma, sairemos da base do trilhão do ICMS, e chegamos na base do quatrilhão”, sugeriu.

Para Rocha, o ICMS, imposto estadual que incide sobre circulação de mercadorias e serviços, é o mais sonegado de todos. “Além do Brasil, México e Turquia são os campeões, cobrando mais de 50% de imposto sobre o consumo, e a gente quer aumentar ainda mais?”

Em um momento de debate mais acalorado, Bernard Appy respondeu Rocha e criticou o modelo de um imposto nas bases da antiga CPMF. “O bom imposto é aquele que é simples, neutro, transparente e isonômico. A CPMF é simples, mas não tem nenhuma das outras características. A empresa que vende para um atacadista ou varejista, vai começar a vender direto pela internet para o consumidor final. Nada de ilegal aí, mas você mata o atacado, mata o varejo por razões tributárias”, opinou.

“Não existe mágica. Somente países em desenvolvimento adotam um tributo dessa natureza. Um deles é a Venezuela, o outro é a Argentina, e nós estamos vendo como esses países estão”, completou Appy.

Veja a íntegra do Fórum BandNews:



(Karen Lemos - Portal da Band)

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Após Rock in Rio, Iron Maiden leva show ornamental e pirotécnico para São Paulo

Foto: Divulgação

O palco do Rock in Rio mal esfriou e a banda britânica Iron Maiden desembarcou em São Paulo para o segundo de três shows no Brasil. Após uma apresentação marcante no Palco Mundo na sexta-feira, 4, o grupo levou sua turnê Legacy Of The Beast para mais de 60 mil pessoas no Estádio do Morumbi, na capital paulista, neste domingo, 6. Na sequência, os ingleses se apresentam em Porto Alegre nessa quarta-feira, 9, na Arena do Grêmio.

Nessa turnê, o Iron Maiden investiu pesado na produção dos shows, que conta com cenários grandiosos e apresentações pirotécnicas, tudo à altura de uma banda que já tem 40 anos de estrada, muitos clássicos no repertório e uma marca eterna na história do metal e da música.

A superprodução, claro, enche os olhos, mas o que os fãs querem mesmo é música. O que mais emociona é a recepção do público do Maiden, que tem um clã fiel. Formado por um mar de pessoas vestindo preto - a maioria com as mais diversas blusas já produzidas da banda - de diferentes faixas etárias, o público canta todas as canções em uníssono, para o deleite do vocalista Bruce Dickinson, que parece se divertir com cada interação que faz com a plateia, ora puxando palmas, ora mandando o seu já tradicional “scream for me Brazil” (ou a variável “scream for me São Paulo”).

Mesmo sem alegoria alguma no palco, o show ainda seria de agrado dos fãs, mas a superprodução é um complemento que cai bem. Logo no início da apresentação, uma réplica enorme de um avião da Força Área Britânica da Segunda Guerra Mundial paira sobre o palco, anunciando o tom ornamental da noite. O avião acompanha a apresentação de Aces High, música que também abriu o primeiro show que a banda fez no Brasil, na histórica primeira edição do Rock in Rio em 1985.


Aces High foi só o primeiro de muitos clássicos do Maiden que ainda viriam pela frente, como 2 Minutes To Midnight, The Clansman e The Trooper; nessa última, a banda convidou o Eddie (mascote do grupo) em tamanho real e empunhando uma espada para o divertimento do público.


O mascote morto-vivo aparece em diversos momentos do show, seja estampando cenários, ou surgindo como uma diabólica cabeça gigantesca e assustadora durante a apresentação de Iron Maiden, música do primeiro álbum da banda, que também leva seu nome, lançado em 1980.


O Iron aproveitou também seu vasto repertório e resgatou algumas canções que há muito tempo não eram tocadas ao vivo, como Flight Of Icarus, ausente dos setlists desde 1986. Seu retorno, no entanto, foi triunfal, com direito a um enorme Ícaro (personagem da mitologia grega) sobrevoando o palco enquanto Dickinson brinca com um lança-chamas em um dos momentos pirotécnicos. Foram vários ao longo do show. Vale destacar, aliás, o forte calor que dá para sentir quando a banda recorre ao fogo para enfeitar seu show. Imagine o quão quente é para quem está no palco.


O final do show reservou outros clássicos como Fear Of The Dark, The Number Of The Beast, Hallowed Be Thy Name e Run To The Hills, que mais uma vez fechou com maestria um show do Maiden.




Energia invejável dos sessentões
As duas horas de apresentação passam rápido, mas fica marcado a referência que é a banda e a virtuosidade dos músicos - é impressionante ver os solos de Steve Harris, Adrian Smith, Dave Murray e Janick Gers - além do talento e simpatia do baterista Nicko McBrain; mais impressionante ainda é pensar que todos eles estão na faixa dos 60 anos e esbanjam invejável energia. Nicko, o mais velho, já tem 67 anos e coloca no chinelo a repórter de 30 anos que escreve este relato. O vocalista Bruce Dickinson tem 61 anos; seu alcance vocal é surpreendente, ainda mais se levarmos em conta que ele enfrentou um câncer na língua em 2015.


Brasil é o país que mais ouve a banda
Com a apresentação em São Paulo, já são quase 40 shows do Iron Maiden em solo brasileiro. Essa relação intensa também está expressa em números. O Brasil é o país que mais ouve a banda em todo o mundo. Uma pesquisa do YouTube Charts mostrou que os brasileiros representam 13,8% da audiência total do grupo na plataforma de vídeos. Esse carinho mútuo também é visto tanto na reação calorosa dos fãs em cada clássico que o Maiden toca no palco, quanto na mensagem final do vocalista Bruce Dickinson ao encerrar a apresentação na capital paulista. “Vamos continuar fazendo shows aqui até cairmos mortos”, anunciou, sob gritos e aplausos.

(Karen Lemos - Portal da Band)