domingo, 6 de novembro de 2011

Selton: 'Renato Aragão é nosso Chaplin'

Divulgando ' O Palhaço' no Festival Paulínia de Cinema, Selton Mello conta a história de um palhaço em crise e usa suas referências de infância para compor trabalho pessoal e comovente



Para fazer O Palhaço, filme no qual atuou e dirigiu ao mesmo tempo, Selton Mello recorreu às memórias da infância. Para o ator, é na infância que está o segredo da vida. "Existe uma ligação, diante do fascínio com a nossa infância, que exerce uma influência para o resto dos anos", afirmou Selton durante coletiva de imprensa no Festival Paulínia de Cinema. O filme foi exibido na noite de sexta-feira, 8.

A grande homenagem de O Palhaço é para Renato Aragão e Os Trapalhões, cujo tipo de humor Selton fez questão de se aproximar para realizar seu filme. "Renato Aragão é o nosso Chaplin. Sem dúvida, meu nível de ligação com os 'Os Trapalhões' é gigante. Quando pequeno, minha mãe me levava ao cinema para assistir aos filmes desses caras; nós entravamos na sessão do meio dia e ficávamos até as 6 da tarde. Eu assistia três vezes seguidas os filmes", disse.

O tributo, no entanto é simbólico; está no tipo de comédia do longa-metragem, que é mais singela. "Existe uma sutileza no filme e, consequentemente, no humor dele. Eu quis fazer algo delicado, com uma mensagem para o mundo que, eu como espectador, gostaria de ver no cinema".

Outras homenagens, porém, ocorreram de forma mais ativa. Selton convocou grandes nomes do humor brasileiro para O Palhaço, caso de Jorge Loredo, o Zé Bonitinho, Luiz Alves Pereira Neto, o Ferrugem, e Moacyr Franco. "Eu assistia, com meu pai, ao programa Moacyr Franco Show. Quando estava preparando o filme, convidei o Moacyr para uma cena saborosa, que ele faz de forma brilhante. Quando terminou a cena, ele se levantou e disse 'tenho 74 anos de idade e nunca fiz cinema. muito obrigado'. foi uma emoção geral", recordou.

Natural de Passos, interior de São Paulo, o ator também fez referências ao citar sua cidade natal ("eu quis homenagear minha cidade, não sei se conseguir fazer isso, ou se denegri a imagem de Passos", disse entre risos) e atuar ao lado do irmão, Dalton Mello. "É evidente que, ao filmar, você deixa algo seu aí. Mas não é uma autobiografia. Se eu tivesse que fazer isso, provavelmente eu deixaria o filme no meio de sua produção (risos)", concluiu.

Em O Palhaço, Selton Mello dá vida ao palhaço Benjamin, que enfrenta uma crise de identidade que afeta todo o trabalho da trupe do circo que viaja pelo interior de São Paulo levando alegria e riso aos moradores. "Fazer um filme é ter um assunto, de preferência que você queira falar sobre. No caso de 'O Palhaço', quis falar sobre identidade, vocação e o peso do destino", definiu. "Os dilemas da vida são constantes. Em qualquer idade nós passamos por eles, portanto, é um filme para todos. Fiz com a intenção de um médico, insatisfeito com sua profissão, assistir e se ver retratado ali", afirmou.

Na família circense, o veterano Paulo José interpreta o palhaço mais velho, pai de Benjamin. A parceria entre os dois é tão afinada que é impossível não se comover com as relações familiares entre os dois personagens. E Paulo explica o porquê: "O filme se passa através do silêncio, na duração dos tempos. A ação dos personagens é universal, você reconhece, na hora, através de um olhar, de um gesto, porque são coisas que acontecem na vida de todo mundo. Acredito que, por isso, não dá para dizer que é um filme de comédia. Esse filme não tem gênero; é um filme humano, sobre pessoas", concluiu.

Giselle Motta é revelação em 'O Palhaço'

Giselle Motta (28) ainda é um talento a ser descoberto. A atriz faz sua estreia no cinema no filme O Palhaço, de Selton Mello (38), que foi apresentado ao público na noite de sexta-feira, 8, durante o Festival Paulínia de Cinema. A sessão estava lotada e, por esse motivo, organizadores do evento liberaram outra sessão após a exibição para convidados e para a imprensa.

Para Giselle, retornar ao mundo circense - tema central em O Palhaço - teve muita significância nesta altura de sua carreira. "Tive a possibilidade de trabalhar no circo há 10 anos. Trabalhei em um grupo circense norte-americano; eu dançava e também montava em elefantes. Retornar a esse universo agora, com o filme, foi muito emblemático", ressaltou a atriz em entrevista a CARAS Online.

A moça é dançarina por formação. "A dança, na verdade, sempre acompanhou minha vida, a interpretação que veio depois", afirmou. Sua relação com as artes cênicas chamaram a atenção de Selton que, na hora de formar o elenco de seu filme, deu a Giselle um papel importante na trama: Guilhermina, uma performática atriz e dançarina da trupe de circo de O Palhaço. Além de encantadora, ela tem um lado obscuro que irá intrigar o público.

"Foi importante participar do filme, mesmo a Guilhermina sendo um pouco mau caráter, porque a mensagem de O Palhaço é muito importante. Fala de crise de identidade, das escolhas do caminho para a felicidade que, para encontrar, precisamos saber quem somos, quais são nossas aptidões, nossos talentos; eu espero que essa mensagem fique clara", resumiu.

Ex de Pitanga divulga filme em Paulínia


Claudio Amaral Peixoto (44), ex-marido de Camila Pitanga (33), compareceu ao Festival Paulínia de Cinema neste sábado, 9, para divulgar seu trabalho no longa-metragem O Palhaço, de Selton Mello (38). Simpático, animado e bem disposto, o diretor de arte preferiu não se pronunciar sobre o rompimento do casamento de 11 anos com a atriz, com quem tem uma filha, Antônia. "Hoje eu só vim falar do filme", avisou.

Com direção e atuação de Selton Mello, O Palhaço conta a história de um artista com crise de identidade e seu relacionamento familiar com sua trupe de circo, que sai rodando, de cidade em cidade, para levar o espetáculo do grupo aos moradores. Na direção de arte, Claudio teve enorme preocupação com as locações e com as sensações que os cenários e os objetos de cenas transmitiriam para o público.

"Fomos para lugares fantásticos, onde o mundo do circo era possível acontecer. Buscamos essa realidade em vários locais desse imenso Brasil. Filmamos em Paulínia também. Para a arte, usei bastante vermelho, para passar essa ideia de uma família unida pela terra, pelo sangue, como um grande ser vivo", detalhou Claudio, acrescentando que seu trabalho foi facilitado por conta do tema circense. "É um presente fazer um filme de circo. O universo poético já veio pronto para mim", afirmou.

(Karen Lemos - CARAS Online)

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