domingo, 6 de novembro de 2011

Peça de Ítalo Rossi virará tributo

'C'est la vie', peça com texto de Marcelo Rubens Paiva que teria direção de Ítalo Rossi, será retomada em formato de tributo ao ator. A jornalista Ester Jablonski, autora da biografia de Ítalo, está cuidando do projeto. 'Ítalo só existia em cima do palco'



Bom observador que era, Ítalo Rossi (1931 - 2011) visualizou um projeto de peça teatral pronto logo que ouviu falar das histórias recebidas, diariamente e aos montes, pelo Disque Denúncia – um serviço de utilidade pública que mantém o anonimato dos denunciantes.

Aos poucos, o projeto foi saindo do papel. Depois de muitas pesquisas, entrevistas e materiais colhidos, Marcelo Rubens Paiva (52) assinou o texto, Bráulio Mantovani (48) escreveu o prólogo e a jornalista Ester Jablonski foi fechando o elenco e dando forma a peça, batizada de C'est la vie, que o próprio Ítalo iria dirigir.

“É um espetáculo baseado em histórias humanas, histórias incríveis”, definiu Ester, ainda abalada com a morte do colega de anos. Por conta de sua relação com o veterano, a jornalista engatou um projeto para homenagear a vida e obra de Ítalo, escrevendo a biografia Ítalo Rossi – Isso É Tudo, em parceria com o diretor Antonio Gilberto.

“Não existia nenhuma publicação sobre o Ítalo publicada ainda. Queria fechar uma obra que contasse a história dele, com fotos inéditas, material garimpado de centros culturais e coisas que ninguém tinha. Por conta da minha parceria de 20 anos com o Ítalo e ajuda de amigos como Sérgio Britto e Ali Kamel o projeto tornou-se possível. Fico feliz por ter conseguido concluir isso com o Ítalo ainda em vida”, disse em entrevista exclusiva a CARAS Online.

Nada mais adequado do que Jablonski, então, assumir as rédeas do projeto inacabado deixado por Ítalo. “É a transmissão do trabalho dele. No dia do velório do Ítalo, nos reunimos com os atores, com a produção e com o Marcelo [Rubens Paiva] e fizemos uma verdadeira liturgia. Tomamos vinho e fizemos a leitura do texto. Foi emocionante! Marcamos o marco zero do trabalho ali, celebrando a morte e a vida de uma nova fase”, recordou.

A retomada da peça servirá não somente para dar continuidade a um projeto antigo do veterano, mas também para homenageá-lo da forma como merecia ser lembrado. “Será um espetáculo tributo. Vamos colocar fotos e montar uma ambientação toda especial”, adiantou Ester, que também está no corpo de elenco da obra, juntamente com Adriano Garib e Clement Viscaíno.

Feito os devidos ajustes, o desafio de Ester agora é eleger um diretor – à altura de Ítalo – para substituir o colega nessa missão. E não será fácil. “Ele era um diretor que conseguia visualizar um espetáculo inteiro. Ele não fazia pesquisas, porque já imaginava tudo, desde o figurino, até desenhos de luz e temperaturas. Nosso trabalho era somente decupar o que já estava na mente dele”, completou.

Embora ainda sem um diretor definido, C'est la vie já tem data agendada para chegar aos palcos cariocas. No dia 8 e 9 de setembro, a peça passará por uma curta temporada popular no teatro Teatro Arthur Azevedo, em Campo Grande – Rio de Janeiro, e depois faz uma apresentação no dia 15 do mesmo mês no Festival Internacional de Angra. Logo após, pega uma temporada até o dia 18 de dezembro no teatro da Casa da Gávea.

Ansiosa com o projeto, Ester espera agradar o grande Ítalo, que observa o empenho de seus amigos lá de cima. “Esperamos não envergonhá-lo (risos). Ítalo, para mim, só existia em cima do palco. O teatro era sua vida, não tem melhor maneira de homenageá-lo”, disse. “Sempre lembrarei dele sentado no sofá de casa, de shorts, tomando café, ouvindo as óperas que adorava e jogando conversa fora. Eram momentos de paz”, concluiu.

(Karen Lemos - CARAS Online)

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