domingo, 6 de novembro de 2011
Débora Falabella: ser mãe a ajudou a compor papel
Meu País, filme de André Ristum, que foi apresentado na noite de sábado, 9, no Festival Cinema de Paulínia, traz Débora Falabella em sua melhor forma. Entregue, convincente e muito comovente na pele da personagem Manoela, a atriz se destaca em um elenco estelar que traz nomes como Rodrigo Santoro e Cauã Reymond como seus parceiros de cena.
No filme, Manoela é uma irmã desconhecida de Marcos (Rodrigo Santoro) e Thiago (Cauã Reymond) - que há muito tempo não se vêem e se reencontram após o falecimento do pai (vivido, brilhantemente, pelo veterano Paulo José em uma participação especial). Durante muito tempo, ela viveu em uma clínica, escondida da família, por sofrer de uma doença intelectual. Sabendo do desafio desse papel, Débora teve que ser muito cautelosa para embarcar nesse projeto.
"Assim que o André Ristum me chamou, tive um receio de conduzir essa personagem. Queria que ela fosse abordada de uma forma delicada, nada muito impactante", disse a atriz. "Conheci vários lugares que atendem pessoas especiais, soube de casos diferentes e percebi que não tinha um padrão para seguir, porque a Manoela tem deficiência intelectual, e não psicológica. Então foi uma preparação muito intuitiva, tive muita liberdade para criar".
Tendo liberdade de criação, Débora - que tinha acabado de dar à luz Nina, fruto de seu relacionamento com o ex, o músico Chuck Hipolitho - aproveitou os primeiros meses da pequena para se inspirar e criar uma personalidade para a Manoela. "Ela tinha apenas cinco meses e fiquei com esse universo lúdico dela à minha disposição para me ajudar na construção da personagem", acrescentou. Parceiro de cena, Santoro afirmou que o lado materno aflorado de Falabella facilitou o trabalho de todos no set de filmagens. "A Débora estava com uma luz linda durante as gravações de 'Meu País'. Isso é possível de ser percebido pelo público que for assistir ao filme também", complementou o astro.
Rodrigo Santoro mergulha na cultura italiana
Filho de imigrante italiano, Rodrigo Santoro sentiu-se em casa em seu novo trabalho no filme Meu País, que foi apresentado na noite de sábado, 9, no Festival Cinema de Paulínia, no interior de São Paulo. No longa-metragem de André Ristum, o ator interpreta Marcos, um brasileiro que vive e trabalha na Itália. "Sem dúvida, esse lado do Marcos foi instigante. O meu pai era imigrante italiano, eu cresci nessa cultura italiana, meus avós, por exemplo, quando iam brigar, brigavam em italiano (risos). Essa questão, que é muito pessoal, me incentivou bastante a aceitar esse desafio", disse o ator.
Cada vez mais requisitado no cinema internacional, Santoro passa boa parte de seu tempo fora do país. Assim como Marcos, ele se sente um estrangeiro em qualquer lugar. Questões como origens, raízes e terra natal tornaram-se um conjunto muito atraente para que o ator mergulhasse de cabeça nesse projeto, tendo até mesmo que aprender a falar o idioma italiano fluentemente.
"Eu tenho experiência em morar fora, então, instintivamente eu usei isso. O próprio André Ristum [diretor] foi uma inspiração para mim, porque ele é meio italiano, meio brasileiro; conversamos muito sobre o que é ser estrangeiro, sobre como é sentir que você não faz parte de nenhum lugar", acrescentou.
Na trama, Marcos deixou seu passado e sua família no Brasil tendo como desculpa um trabalho bem remunerado. Após a morte de seu pai (Paulo José) ele tem que retornar ao país e reconstruir sua relação, já desgastada, com seu irmão Thiago (Cauã Reymond). Na viagem, ele descobre que tem uma irmã, Manoela (Débora Falabella), portadora de uma deficiência intelectual. Seus laços afetivos com a família ficam mais fortes, fazendo com que ele repense sobre os rumos que sua vida irá tomar.
Para Santoro, a questão familiar é posta no filme, metaforicamente, como nosso país de origem - que também remete ao título do filme. "Essa questão é vista de uma maneira bem forte no filme. Da minha experiência, por exemplo, em qualquer lugar que eu esteja, meu país está dentro de mim, porque levo comigo minha família, meus amigos, tudo que representa minhas origens", concluiu.
Cauã Reymond: 'Humor para mim é natural'
A irreverência de Cauã Reymond é um prato cheio na criação de bons personagens. Em Meu País não foi diferente. Atualmente no ar como Jesuíno de Cordel Encantado, o galã novamente deixou seu lado cômico aflorar para viver Thiago, um dos personagens do filme de André Ristum, que foi apresentado na noite de sábado, 9, no Festival Paulínia de Cinema.
Meu País traz, na verdade, um drama familiar. Para dar equilibrio à trama, Cauã imprimiu uma leveza em seu personagem de forma bastante intuitiva. "O humor vem naturalmente para mim. Muitas das cenas do Thiago foram surgindo de improviso, vinham na hora, e acabava ficando engraçado. Vou aprendendo isso com cada personagem. Quando comecei, não era um ator formado; fui amadurecendo aos olhos do público", afirmou o ator.
Thiago é o filho queridinho de Armando (Paulo José), matriarca de uma família dividida. Seu irmão, Marcos (Rodrigo Santoro), vive na Itália sem tempo para a família. Manoela, filha de uma amante de Armando, é descoberta em uma clínica especial, já que possui deficiência. Alguns acontecimentos acabam os unindo novamente e Thiago tem que aprender a lidar com a maturidade.
Para a criação do personagem, que tem uma vida regrada e é viciado em jogos, Cauã fez um laboratório que lhe permitiu conhecer universos que nem sequer imaginava que existisse. "Eu tive que visitar vários cassinos, conheci figuras muito diferentes, aprendi a jogar poker, porque ainda não sabia. Foi bem interessante. Descobri que as pessoas perdem até 300 mil reais como em um passe de mágica nesses jogos".
Enquanto filmava Meu País, o astro também estava nos sets e filmagens do longa Estamos Juntos, de Toni Venturini, no qual vive um DJ que é homossexual. "Foi bem interessante. São dois personagens muito diferentes. Eu saia do set e ia fazer preparação com o Rodrigo Santoro, que é meu irmão no filme", contou. Nessa preparação, os dois atores conversaram muito para descobrir afinidades e diferenças que existem dentro de uma relação abalada entre dois familiares. "Nós combinamos, por exemplo, que o personagem do Marcos seria São Paulo e o Thiago seria Corintiano (risos), para que dessa forma houvesse um conflito entre eles".
O resultado, para Santoro, aconteceu de forma muito positiva. "Nós fomos construindo isso de forma muito sutil. Tudo foi muito orgânico, sem esforço e, no final, eu senti que era mesmo o irmão do Cauã", acrescentou.
(Karen Lemos - CARAS Online)
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