domingo, 15 de maio de 2011
Caio Blat 'marginalizado' em novo longa
Ao ser expulso de um restaurante perto de onde mora, Caio Blat ficou transtornado com aquela situação. Entretanto, ele sabia bem que tinha atingido o ápice do personagem que estava construindo. "Nunca senti uma humilhação maior do que aquela. Mas também percebi, naquela hora, que tinha chegado onde estava querendo chegar", contou o ator, em entrevista a CARAS Online.
Não era pra menos. Caio estava caracterizado como Macu, seu personagem no filme Bróder, de Jeferson De, que chega às salas de cinema no próximo dia 21. Macu é um morador do bairro paulistano Capão Redondo que, impulsionado pela exclusão social e pelos caminhos mais fáceis, acaba se envolvendo com a criminalidade local.
Bróder traz ainda no elenco Jonathan Haagensen, na pele de um bem-sucedido jogador de futebol, e Silvio Guindane, um corretor de seguros que tem uma vida pacata ao lado de mulher e filho na região central de São Paulo. Os três personagens, amigos de infância, se reencontram na trama e colocam em conflito suas escolhas e destinos.
O longa-metragem, contudo, não é sobre crime, favela e violência urbana. É sobre a base familiar e as muitas histórias que a circundam, e que estão por trás de indivíduos que se perdem durante a trajetória da vida. "Todo mundo tem um Macu na família. E essas pessoas não caem do céu; todas têm uma história, uma mãe, um pai ou padrasto, irmãos, enfim, toda uma família em sua casa. 'Bróder' é como conhecer a história de Zé Pequeno (personagem de Cidade de Deus, de Fernando Meirelles)", salientou.
Para contar, com credibilidade, os caminhos de Macu, Caio Blat mergulhou no universo dos moradores da comunidade do Capão Redondo. "Eu precisava respirar aquele ambiente e ser aceito, porque Macu é uma figura muito popular na comunidade. Eu precisava do aval dos moradores para poder contar a história deles."
Além da ótima atuação do elenco, o fato de as cenas terem sido rodadas na própria comunidade também contribuiu para a verossimilhança do filme. A casa do protagonista, inclusive, é uma moradia real, em que os elementos - como mobília e outros objetos - foram mantidos. "A família saía da casa e nós entrávamos para filmar", relembrou Cássia Kis Magro, que vive a mãe de Macu. Além de cenários reais, Cássia também contou com uma bagagem pessoal muito rica para dar vida a uma mãe sofredora, que assiste, de mãos atadas, à perda do filho.
"A minha origem é bem simples. Eu nasci em um cortiço. Quando pisei no set de filmagens, lá no Capão, dei de cara com meu passado. Apesar de nunca ter morado naquele bairro, eu sabia bem qual história eu deveria contar", afirmou em entrevista a CARAS Online.
Embora seja nítida a importância de se filmar em locações verdadeiras, o diretor Jeferson De fez questão de esclarecer que o bairro de São Paulo é um mero figurante em seu filme. "O filme poderia ter sido rodado no Leblon, no Rio, no Jardins, em São Paulo, e em qualquer outro lugar", disse. "Escolhi o Capão porque lá existe uma efervescência grande da cidade, mas o que importa é a história que está sendo contada, sobre seres humanos e suas buscas por uma identidade. As pessoas querem boas histórias, que emocionem, independente de onde elas se passam", ressaltou.
(Karen Lemos - Portal Caras)
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