quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Deborah Secco aflora lado humano em ‘Bruna Surfistinha’

No papel principal de ‘Bruna Surfistinha’, filme que chega aos circuitos nacionais na próxima sexta, Deborah Secco conta como conquistou o papel, se preparou diante de dificuldades e revela a mensagem que quis passar com a personagem mais polêmica da carreira
















A camisola de Deborah Secco, que a atriz usou para convencer o diretor Marcus Baldini de que seria perfeita para aquele papel, abre o filme "Bruna Surfistinha", que chega em circuito nacional nos cinemas a partir da próxima sexta-feira, 25. A cena mostra toda sensualidade da personagem enquanto ela se despe e dança para as câmeras de uma rede de internet, logo apresentando ao público que tipo de trama ele iria assistir nos próximos minutos.

Assistindo ao longa, fica difícil imaginar outra intérprete no lugar de Secco para viver a personagem-título. Contudo, de início, Baldini teve seus receios. A atriz talvez fosse sensual demais para o papel. ”Houve uma certa resistência com relação à minha sensualidade. Por isso esse trabalho era justamente o que eu queria, porque não mostraria somente esse lado, mas também o meu lado de atriz”, explicou Deborah em coletiva de imprensa em São Paulo na tarde desta terça-feira, 22.

Em seu apartamento, Deborah vestiu sua camisola e colocou os cabelos no rosto para provar a Baldini que poderia viver uma adolescente de 17 anos nas telas e também dar vida a prostituta mais famosa do Brasil. Para isso, ela teve que entender todas as fases de Bruna, suas curvas dramáticas e seus conflitos internos, com a família e com a profissão que escolheu.

Uma escolha foi o que colocou Raquel Pacheco – nome por trás da figura fictícia Bruna Surfistinha – nas ruas, em espeluncas e também em locais de luxo onde chegava a arrecadar centenas de reais por seus serviços de prazer prestados. Para entender esse mundo, a atriz passou a viver em bordeis e a conviver com suas moradoras. Tudo isso como forma de preparação para uma personagem totalmente fictícia.

”Descobri que existiam quatro ‘Raquéis’ ali. Uma com a família, outra virando Bruna, outra virando a Bruna Surfistinha e uma última que deixa de fazer sucesso e cai na decadência. Existe um grande abismo aí e precisei aprender a construir isso sozinha. Me afastei ao máximo da Raquel; não tive nenhum contato com ela durante o filme. Quis criar essa personagem sem ter as informações prontas. A sensualidade que aparece no filme não é minha, é da personagem que acabei construindo”, afirmou.















Outra dificuldade enfrentada por Baldini e sua produção e elenco foi vender o filme que, aos olhos da maioria, era meramente um filminho de sacanagem. De fato existem, sim, as cenas de sexo. Fortes para uma produção de cunho comercial, mas ainda assim de extrema importância no contexto da trajetória de Raquel Pacheco. ”Tirar as cenas de sexo seria como inventar uma história. Algo tinha que incomodar o público, porque não é fácil ter sete, oito homens em cima de você o dia todo”, complementou Deborah.

Contar a história de Bruna Surfistinha sem sexo, aliás, seria um grande erro. A fama dela veio de um blog com relatos sobre programas e seus clientes (que até ganhavam nota de desempenho). O sucesso estava obviamente atrelado a curiosidade popular sob o cotidiano das garotas de programa. Portanto, os depoimentos viraram um livro ("O Doce Veneno do Escorpião") que vendeu 250 mil cópias no Brasil. Mas, tampouco faria sentido abordar somente isso no longa, deixando de lado a vida pessoal da protagonista. ”Não é um filme biográfico, mas sim uma homenagem a Raquel, que nos presenteou com essa grande história”, justificou a intérprete principal.

"Bruna Surfistinha" traz ainda doses de bom-humor – como a cena hilária e bem montada da visita de Bruna e suas colegas de bordel em um salão de beleza – e ótimas atuações de Cássio Gabus Mendes e Drica Moraes - fantástica na pele da cafetina que recebe Bruna em seu primeiro local de trabalho.

No âmbito mais pessoal, o filme acompanha a personagem ver seu próprio império ruir ao se afundar nas drogas e nas ilusões da fama repentina. A queda para a decadência é livre e isso faz com que o filme mostre o lado humano de uma menina que só buscava independência e aceitação.

”Acredito que o filme vai ajudar neste ponto; a fazer pensar, a não julgar antes de entender, descobrir que esse universo que é retratado é real, assim como as pessoas que vivem nele. E não precisamos mais falar com tabu ao tocar no assunto, afinal, estamos tratando da profissão mais antiga do mundo”, concluiu Deborah.

(Karen Lemos - Portal Caras)

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