domingo, 16 de maio de 2010

Retratos de um fotógrafo apaixonado relembram o nascimento de Brasília

“Anos JK” traz imagens de Sérgio Jorge na comemoração dos 50 anos da cidade que transformou a concepção do Brasil





















Retratar os momentos iniciais de Brasília, bem como o contexto histórico e cultural que efervescia no Brasil, é o ponto central de “Os Anos JK: A Era do ‘Novo’”, em cartaz no Caixa Cultural São Paulo no mês de maio. Para celebrar a criação da cidade capital, a mostra reuniu cerca de 75 imagens de dois grandes nomes da fotografia no Brasil atuantes naquela época: Jean Manzon e Sérgio Jorge.

“A ideia geradora era fazer uma recuperação da sociedade brasileira no período, o que acontecia no Brasil na época em que Brasília foi imaginada pelo Juscelino Kubitschek”, conta Rodrigo Silva, um dos curadores da exposição.

A tarefa não fácil. Iniciada no ano passado, e incitada pelas comemorações dos 50 anos da capital em 2010, o curador revirou pilhas de acervos, nomes e imagens para traçar o panorama da forma que pensou. Muitos dos acervos consultados se mostraram inviáveis, já que um programa jurídico, referente a direitos autorais, indisponibilizou as obras.

Um dos mais ricos registros consultados pertence ao jornal “Última Hora”, que retém muitas imagens do período. Por conta dessas complicações autorais, no entanto, a curadoria teria que conseguir a permissão de cada fotógrafo do jornal (sendo que muitos já faleceram) para tornar viável a exposição.

Afastado essa possibilidade remota, o foco acabou caindo em Manzon, renomado fotojornalista e cineasta francês que trabalhava no setor de propaganda de Getúlio Vargas, e posteriormente, no de Juscelino Kubitschek; e Sérgio Jorge, fotógrafo da Gazeta e Revista Manchete que acompanhou os momentos da inauguração da cidade, assim como os principais eventos que corriam paralelamente naquela época.

A partir daí foi uma questão de mergulhar em negativos, imagens e mais imagens, dos acervos riquíssimos de ambos os fotógrafos, e traçar uma linha temporal que contasse a história brasileira em uma ocasião específica do país.

“Foi um grande desafio reunir conjunto de imagens e ao mesmo tempo tivesse um atrativo estético, imagens bem feitas, bonitas e interessantes, e que ao mesmo tempo fossem historicamente importante e significativas”, conta Rodrigo.

Para se obter uma imersão, a mostra ainda conta com ambientação climática. A trilha sonora, claro, é bossa nova, representando o movimento musical que surgiu nos anos JK, representando a atmosfera progressista e positiva da época. Há também espaços imobilizados com móveis característicos da década de 60, como poltronas, iluminarias, mesa, e até um rádio bem antigo, cujo visitante poderá ouvir na programação pronunciamentos políticos que noticiam a respeito da inauguração de Brasília.

A ideia é trazer uma Brasília em sua inocência, que muitos não tiveram oportunidade de conhecer e assistir germinar. Aquela cidade que cheirava a novidades, transformação, modernização e muitas possibilidades possíveis. Uma imagem bem diferente da qual conhecemos hoje.





















“Brasília especificamente, é uma cidade injustiçada, porque a associamos ao que ocorre na imagem da política, o que a classe política faz em Brasília. E esquecem, enquanto realização humana, a cidade é um espaço singular na história contemporânea. Um dos fatores relevantes é conseguir mostrar esse período com um olhar que não seja o olhar contemporâneo que construímos da cidade”, explica a curadoria.

O olhar de um mestre

O clima está perfeito. Agora vale desfrutar do registro de imagens dispostas, vindos diretamente do acervo pessoal de cada fotógrafo. Sérgio Jorge, por exemplo, coletava negativos de seus trabalhos na época em que trabalhava na imprensa, para preservar uma memória já longeva, existente apenas em suas lembranças e nos pixels e grãos de sua roleflex.

“Não eram tantas pessoas que fotografavam naquela época, e Sérgio Jorge estava em todos os acontecimentos representativos para o Brasil. Ele acompanhou a inauguração, a queima de fogos, fotografou tudo o que aconteceu. Além disso, tem outros registros, como a rodoviária da cidade, ainda muito primária, e de populares que chegavam a todo o momento em Brasília. Tem também uma parte inteira dedicada a outros assuntos, como esportes, trazendo o que de mais importante aconteceu, na época da inauguração de Brasília, enfim, é um panorama bem diversificado”, detalha Renato Suzuki, que assina a curadoria ao lado de Rodrigo da Silva.
















A fotografia ainda engatinhava no Brasil, mas Sério Jorge já detinha a curiosidade, a ousadia e a paixão necessária para se oferecer de corpo e alma na profissão. Se não fosse por suas imagens, nós, sem dúvidas, ficaríamos com a falta de uma parcela dos momentos cruciais que transformaram a história do país.

“Naquela data, não ia nenhum representante da gazeta para lá. Eram poucos os fotógrafos, e as fotografias existentes também eram são poucas, a preocupação era registrar mais em filmes. Quando fiquei sabendo da inauguração, soube que iam apenas dois ou três repórteres, e nenhum fotógrafo. A inauguração, que é um ato tão importante, eu fazia questão de ir. Peguei o carro, saí em um final de tarde, viajei a noite toda, e cheguei no dia seguinte. Consegui pegar tudo, desde o hasteamento da bandeira, até a queima de fogos no final”, revela Sérgio Jorge, relembrando de uma das experiências profissionais mais marcantes da carreira.

Em uma das primeiras visitações, Sérgio conta que teve a possibilidade de fotografar o avião do presidente, e recebeu convite, do próprio, para tomar café nas dependências da recém-inaugurada Alvorada. Na sequência, foi convidado pelos militares da gestão JK para fazer um vôo por Brasília ainda em obras, o que lhe possibilitou fazer fotos do alto, registro raro, de uma cidade que ainda nascia.

Quando foi agradecer pela oportunidade, o fotógrafo ousado de deparou com a família de Juscelino no palácio da Alvorada. Teve, então, a chance indispensável de fotografar todos os membros da família juntos. As imagens resultaram no registro de um lado mais humano do presidente, aquele que o Sérgio sempre tentou ressaltar.

“Ele era de muito fácil trato, simpático, sempre sorrindo, sempre preocupado com sua imagem. Fazia gestos para a foto, e depois gostava de ver como ficou. Lembro que fotografei um encontro de Juscelino com Jânio Quadros em São Paulo, e ele estava com a gravata torta, tive que avisá-lo, já que Juscelino sempre ficou preocupado em sair arrumado”, recorda.

Hoje afastado profissionalmente da carreira, Sérgio lamenta a falta de incentivo a trabalhos como que exerceu anos atrás, e sugere que algum órgão do governo reserve uma verba para incentivar profissionais do Brasil inteiro a registrar aspectos humanos, cidades e personalidades importantes em materiais para recontar nossa história e fichar um grande arquivo nacional.

A exemplo desta preocupação, ele relembra ocorridos de descasos com seu trabalho imensurável há 50 anos atrás, na inauguração de Brasília. Tendo batido cerca de sete rolos de filmes (o equivalente a mais de 80 fotos), boa parte desse monte foi simplesmente jogado no lixo pela Gazeta, 20 anos após seu registro, quando este não era mais ‘atual’ o suficiente para os arquivos do jornal. A nossa sorte foi que, precavido, Sérgio sempre guardou parte dos negativos de suas imagens, como se quisesse prender resquícios de suas memórias e memórias empoeiradas que, aos 73 anos, recorda emocionado.





















“Você estando lá, vendo a bandeira, ouvindo o hino nacional, vendo a beleza das construções ao lado. Me arrepiei. Aquilo era significativo, teu coração batia forte sendo brasileiro, você sentia fazer parte daquilo tudo. Toda vez que volto lá, fico olhando, e me lembro daquele dia”, diz, nostálgico.

(Karen Lemos - O Estado RJ)

"Estou um pouco baiana agora", confessa Mariana Ximenes












“Burguesa, careta, típica menina abandonada pelo pai que resolve viver na boemia”. É assim que Mariana Ximenes define sua personagem Vanda, em seu novo longa “Quincas Berro d’Água”, que teve pré-estreia em São Paulo, na segunda-feira (3).

Baseado na obra de Jorge Amado, não foi nada difícil para atriz mergulhar no universo do autor clássico da nossa literatura. “Devoradora de livros” desde criancinha, Mariana já sabia muito bem onde estava pisando quando aceitou fazer parte do elenco do filme, que tem direção de Sérgio Machado (“Cidade Baixa”).

“Já tinha lido muitas obras de Jorge Amado. O mais engraçado é que, quando eu era pequena, considerei o livro ‘Quincas Berro d’Água’ como meu preferido, e claro, isso foi um ponto forte para ter aceitado este trabalho”, declarou a atriz em entrevista ao Famosidades.

Rodado entre quatro semanas na Bahia (“Um lugar que eu amo de paixão”, afirmou Mariana), o longa relata a história nada convencional de Joaquim, um ex-funcionário público que dedicou sua vida à esbórnia, e falece aos 72 anos, deixando uma legião de “seguidores” que prometem fazer do aniversário do defunto uma grande festa.

Das gravações, Mariana retém somente as boas lembranças.

“Foi realmente um privilégio. O elenco é primoroso. Aqueles atores locais, baianos, maravilhosos, sabe? A equipe foi maravilhosa, e a fotografia do filme é linda. Foi fantástico”, definiu a atriz, que ainda garantiu, entre risos: “Voltei meio baiana de lá”.

Falando em elenco, Ximenes assumiu uma honra imensurável de ter trabalho ao lado de Paulo José, que dá vida ao personagem Joaquim – seu pai na trama. Curiosamente, pai e filha pouco se encontram na projeção do filme, mas fora das telas o relacionamento é outro, percebe-se pelo teor dos elogios de Mariana ao citar o colega.

“O Paulo é super generoso, profundamente humano, um ator espetacular. Sou fã dele. Fã do Paulo homem e ator”, confessou.













No casting ainda há nomes como Marieta Severo, Vladmir Brichta, Luis Miranda e Flávio Bauraqui.

Extremo oposto é outra personagem vivida por Ximenes. Clara, vilã de “Passione”, nova novela global das 21 horas, é super contemporânea e, segundo sua intérprete, apresenta várias facetas.“É uma vigarista, tem uma acidez; ela é extremamente inteligente, toda abusada e que não tem moral nenhuma”, definiu.

Percebeu alguma relação com Vanda da obra de Jorge Amado? Pois é, essa diversidade de papéis é um prato cheio para Ximenes, e ela explica o porquê.

“Gosto de atuar em vários veículos, teatro, televisão, cinema, justamente para poder interpretar personagens diferentes. Cada um é um aprendizado diferente, em cada experiência você aprende algo de fato”, afirmou.

Em “Passione”, por exemplo, Clara viverá um romance com o personagem de Tony Ramos, levantando a questão do amor e a diferença de idade. “Eu acredito que o amor não tem limites, não tem barreiras mesmo”, explicou a atriz, justificando o envolvimento entre os dois.

Além de cinema e televisão, a loira promete uma volta aos palcos do teatro, lugar do qual não consegue se afastar. Porém, pelo menos por enquanto, isso fica para mais tarde. “Vou ficar um ano gravando ‘Passione’, totalmente mergulhada na novela e só depois eu quero fazer teatro. Adoro voltar para o palco, tenho muitas saudades dele. Creio que seja a raiz de todo o ator, então eu voltarei", anunciou.

Ximenes está em uma nova fase: mais iluminada, radiante, e solteira... Ela não nega que um suposto relacionamento possa ter ajudado nesta renovação, mas também não entregou nada. Na conversa, só deu trabalho e “Passione”, a qual atribuiu o motivo de tanta felicidade.

“É a novela (risos). Esse trabalho está me instigando, estou super feliz com o meu papel na trama. Silvio de Abreu fez uma personagem que é um deleite para qualquer ator”, desconversou.

(Karen Lemos - Famosidades/MSN)