Rodrigo Maia assume a presidência da Câmara dos Deputados após renúncia de Eduardo Cunha Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Eleito presidente da Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (14), Rodrigo Maia (DEM-RJ) era o candidato “mais preparado” para assumir o posto, segundo o cientista político da Universidade de Brasília (UnB) João Paulo Peixoto.
“A experiência parlamentar é muito importante para exercer o cargo de presidente da Câmara dos Deputados”, avalia. “O ambiente [da Casa] não é para principiantes”, diz em referência ao adversário de Maia na eleição em segundo turno, Rogério Rosso (PSD-RF), que está em seu primeiro mandato.
“Pela trajetória política, Rodrigo Maia [já em seu quinto mandato como deputado federal] tem mais condições de dirigir a Câmara, de impor respeito dentro da Casa e de conseguir apoio dos colegas na hora de votar projetos”, acrescenta.
Embora tenha feito uma campanha que tentou dialogar com partidos da antiga base da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), Maia garantiu que dará prioridade para a agenda econômica de Michel Temer (PMDB) - visando desafogar o país da crise, sempre dando espaço para a oposição.
“O presidente da Câmara é o coordenador de trabalhos, independentemente da sua posição pessoal. Sou governo, e quando converso com a oposição deixo isso muito claro. O papel do presidente, entretanto, é garantir respeito à regra do jogo, ao regimento da Casa. Garantir o espaço dos 400 [deputados] da base do governo Michel Temer e 100 da oposição, de forma proporcional”, pontuou o deputado em entrevista à BandNews FM na véspera da eleição.
Para o cientista político, é muito arriscado que qualquer um que assumisse a presidência da Câmara se posicionasse contra o presidente interino. No caso de Maia, porém, trabalhar de forma incondicional para Temer pode não ser uma prioridade.
“Acho que ele está mais preocupado com a política no Rio de Janeiro, vislumbrando uma candidatura de prefeito ou até de governador no futuro, e não no plano federal”, pondera.
“De qualquer forma, um cargo desse é importante para qualquer político. Primeiro porque você entra para a linha sucessória do país, e segundo que há, como presidente da Câmara, grande poder de influência nas eleições municipais agora em outubro. Ou seja, quem pega um cargo desse, só tem a ganhar.”
Lava Jato
Mês passado, o nome do parlamentar apareceu nas investigações da Operação Lava Jato. Maia surgiu em uma troca de mensagens, a respeito de supostas doações, com Léo Pinheiro, da empreiteira OAS.
Para Peixoto, o fato é lamentável, porém quase “inevitável” considerando a situação da maioria dos parlamentares do Congresso Nacional. “Partindo desse pressuposto, você tem mais de 100 deputados que foram citados na Lava Jato”, lembra.
Em conversa com a BandNews FM, Rodrigo Maia se mostrou tranquilo diante da questão. “Pedi recursos... Entraram na campanha pelo diretório do Rio, na campanha do Senado. Todos declarados. Não existe nenhum problema nessas menções”, garantiu.
(Karen Lemos - Portal da Band)