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A cada quinze dias, a jovem Giovanna, de nove anos de idade, aproveita os domingos de Minhocão fechado, na região central de São Paulo, para dar um exemplo a ser seguido por todos.
Rodeada de livros, a menina convoca passantes – através de cartazes coloridos – a se aproximar e, caso queiram, levar alguma das obras literárias de presente para casa. “A única coisa que ela pede em troca é que essa pessoa, após a leitura, também passe o livro adiante”, diz Paulo Pampolin, pai de Giovanna, que narrou o início dessa história em conversa com o Portal da Band.
O pai, que sempre incentivou a leitura em Giovanna, lembra que o início do contato da filha com esse universo aconteceu logo nos primeiros meses de vida. “Quando comprei o primeiro livro, ela deveria ter uns cinco meses de vida”, recorda. “Era um livro desses de plásticos, só com figuras, para brincar durante o banho. Na medida em que minha filha foi crescendo, fui comprando outras obras de acordo com a idade dela; ela começou a se familiarizar com o formato e passou a pedir para que eu comprasse títulos que interessavam a ela”.
Não foi somente o incentivo à leitura, porém, que Giovanna herdou de seu pai. “Desde muito cedo, minha filha foi estimulada a doar tudo aquilo que não lhe servia mais. Sempre foi assim com roupa, calçado, brinquedo; o processo de doar livros, então, veio uma forma muito natural para ela”, explica.
Como a prateleira de Giovanna já estava lotada de livros que ela já tinha lido - e como ir ao Minhocão aos domingos já era uma prática entre pai e filha - os dois decidiram doar alguns títulos no elevado; a ação que já dura um ano. “No começo, as pessoas achavam que era alguma pegadinha, afinal, alguns dos livros que estávamos doando eram novos; muitos estranharam o fato de não precisarem pagar e ficaram desconfiados”, lembra Paulo. O espanto também surpreendeu Giovanna. “Ela não acha que está fazendo nada de mais. Eu, então, explico para ela que o mundo é difícil, tem muita coisa errada, e atitudes como a dela faz com que as pessoas fiquem admiradas”.
Com o tempo, alguns leitores de plantão começaram a deixar livros com a Giovanna, na intenção que ela doasse cada vez mais. Assim, o acervo da menina ficou cada vez mais diversificado. “Tem de tudo, viu? Tem romance, suspense, livros de fotografia – porque fui fotógrafo, de aventura, infanto-juvenil, poesia, de informática, autoajuda; tudo o que você imaginar tem”, conta Paulo.
Além de livros, a coleção de histórias curiosas de Giovanna também cresceu. “Essa ação nos fez testemunhar coisas bem interessantes, como um senhor que se emocionou ao ver um livro de escola que seu neto estava precisando para estudar e também uma senhora, de uns 60 anos, que nos contou que há 20 anos não lia mais nada. A atitude da minha filha a fez voltar a ter contato com os livros. Ela já nos visitou umas cinco vezes, sempre pegando e devolvendo os livros que já leu”.
(Karen Lemos - Portal da Band)