Cineastas conseguiram realizar – apesar das condições adversas – um festival de cinema na Faixa de Gaza. Até um tapete vermelho foi estendido nas ruínas de um bairro devastado pela guerra.
Os organizadores tiveram que levar um arsenal de cabos de energia para o distrito de Shujaiyeh, fortemente bombardeado no conflito com Israel.
Além da complicada logística, os responsáveis pelo evento precisaram enfrentar o risco de acidentes com bombas não detonadas que ainda poderiam estar sob o solo do território.
A programação do batizado Festival de Cinema Karama Gaza contou com 28 produções cujo principal foco era a discussão dos direitos humanos.
Milhares de pessoas marcaram presença no evento que durou três dias e trouxe a sétima arte de volta para uma região que, na década de 1980, fechou o seu último cinema.
“Esse festival é uma mensagem para que todos pensem no povo de Shujaiyeh como seres humanos”, declarou o cineasta palestino Al-Mozayen, um dos responsáveis pela realização do Karama Gaza.
Daniel de Oliveira (no centro) vive o pracinha Guima em "A Estrada 47"
Uma concha de retalhos feita com vários relatos de uma época que ficou esquecida entre tantas atrocidades ocorridas na Segunda Guerra Mundial. É assim que o cineasta Vicente Ferraz define seu novo filme “A Estrada 47”, que chega aos cinemas no próximo dia 7.
O longa, que tem Daniel de Oliveira como protagonista, conta a história de um grupo de pracinhas - soldados brasileiros enviados para lutar contra o exército alemão durante a guerra.
Na trama, eles tentam concluir a missão de retirar todas as minas de uma estrada na Itália, abrindo espaço para que os aliados norte-americanos possam acessar o local e seguir com o combate contra a expansão do Nazismo na Europa.
Embora se trate de uma ficção, o roteiro reúne alguns fatos que aconteceram naquela ocasião, década de 40, através de depoimentos deixados por alguns soldados.
O cineasta Vicente Ferraz nos bastidores do filme
“Me interessou muito poder falar sobre esses 25 mil meninos enviados pelo Brasil para enfrentar o exército mais poderoso daqueles tempos em um dos invernos mais rigorosos que a Itália já conheceu”, explicou Vicente.
Inverno, inclusive, que todos do elenco tiveram que conhecer. Antes, os atores passaram alguns dias em Pindamonhangaba, interior de São Paulo, com o exército brasileiro, recebendo um treinamento militar para só então embarcarem para a Itália, país onde a grande maioria das cenas do filme foi rodada em uma temperatura a -13º.
“Na Itália tínhamos um preparador que nos fazia acordar às 6h da manhã para subir um morro congelado como parte de um treinamento que nos possibilitou filmar na neve depois”, contou Daniel, que na história vive o pracinha Guima.
O elenco precisou enfrentar temperaturas baixas para filmar a obra
Mesmo os mais experientes da produção achavam isso uma loucura. “Falavam que éramos doidos de querer gravar na neve”, recordou o diretor Vicente, citando a equipe italiana que trabalhou no filme. “O engraçado é que eles, que estão acostumados com esse tipo de clima frio, preferem filmar dentro de um estúdio quando há nevasca”, contou ainda.
Todo esse esforço, na visão de Daniel, valeu a pena. “Foi prazeroso”, resumiu. “A gente não vê filme de guerra assim sendo feito no Brasil, foi ótimo ter tido essa oportunidade”, completou o ator.
“A Estrada 47” ainda traz em seu elenco os atores brasileiros Júlio Andrade, Francisco Gaspar e Thogun Teixeira, além do italiano Sergio Rubini, o português Ivo Canelas e o alemão Richard Sammel.