domingo, 17 de agosto de 2008

David Lynch no Brasil












O cineasta norte-americano David Lynch, conhecido pelos seus filmes ‘non-senses’, veio ao Brasil pela primeira vez no inicio do mês de Agosto, e não para falar de cinema, como muitos imaginavam, mas, para discutir sobre a Meditação Transcendental. Sim, pode parecer loucura, mas vindo de David Lynch não é nenhuma surpresa.

O diretor lança pela editora Gryphus “Em Águas Profundas – Criatividade e Meditação”, livro em que conta suas experiências de quase três décadas de meditação, e afirma que através dela, mergulhava profundamente em um mundo de idéias, e ‘pescava’ as inspirações ora bizarras, ora brilhantes encontradas em seus filmes. Em textos curtos, o livro vai revelando os pensamentos e devaneios do diretor, que, segundo o próprio, tem o objetivo de fluir na mente do leitor, como se fosse uma viagem transcendental.

Em passagem por São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, o autor divulgou sua publicação, concedendo entrevistas à imprensa brasileira e ministrando palestras sobre o tema. A turnê de divulgação já passou por mais de 15 países, e será mostrada em um documentário que está sendo preparado pelo cineasta.

“Em águas profundas” foi o assunto principal da palestra ministrada por Lynch aqui em São Paulo. Realizada no dia sete de agosto na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, o encontro contou com a presença do cineasta e do músico inglês Donovan Philips Leitch, um dos divulgadores da meditação transcendental, que junto com os Beatles e Mia Farrow, tornou a prática espiritual criada pelo guru indiano Maharishi Mahesh Yogi, muito popular nos anos 60.










Fãs aguardam um encontro com David Lynch, na livraria cultura em São Paulo.

O intuito da palestra não foi apenas divulgar essa prática, mas também para tentar implementar a meditação nas escolas públicas brasileiras. Desde 2005, a David Lynch Foundation (criada pelo próprio) financia bolsas de estudos aos estudantes que se interessam pela meditação transcendental. O projeto vem dando certo lá fora, e agora, o criador do projeto quer se encontrar com o presidente Lula e debater sobre a possibilidade dessa idéia funcionar aqui no Brasil. Será? Segundo Lynch, a meditação ajuda a diminuir o estresse dos estudantes e ajudá-los na concentração dos estudos.

Mas é impossível escapar do cinema em uma conversa com o mestre desse movimento artístico. Lynch mostrou, ainda que de uma forma pouco conveniente, histórias maravilhosas retratadas em “O Homem-Elefante” e “A História Real”, e ainda desafiou o telespectador a decifrar os significados (nunca revelados pelo cineasta) de “Veludo Azul”, “Cidade dos Sonhos” e da série televisiva de sucesso “Twin Peaks”. Seu trabalho mais atual “Império dos sonhos” foi considerado o mais extremo do diretor – do tipo ‘ame ou odeie’. É nesse misto de ódio e adoração, que Lynch ganha atenção e admiradores no mundo todo.

Durante a palestra, que foi pautada por perguntas feita pelo público, surgiram algumas questões interessantes sobre os benefícios da meditação, e outras sobre seus filmes. O cineasta respondeu a perguntas da platéia como ‘se as pessoas meditassem mais, elas compreenderiam melhor os seus filmes?’ - “com certeza!”, responde o diretor; ou então quando questionado sobre ‘o que David Lynch sabe sobre David Lynch?’, ele responde de forma bem humorada: “Nada!”.

Com simpatia e uma pitada de ironia, David ministrou sua palestra no auditório da Livraria Cultura para quase 200 pessoas, que riram e aplaudiram durante todo o evento. Em seguida, o autor autografou seus livros para centenas de fãs, que lotaram os três andares das escadarias da livraria, durante todo o resto da tarde.













Eu e David Lynch

Com sorte, eu consegui um ingresso para a palestra daquela tarde, resolvi chegar mais cedo no evento e me dei bem. O número de lugares era bem limitado e a fila estava enorme, nunca imaginei que havia tantos fãs de David Lynch em São Paulo (Há fãs de qualquer coisa aos montes aqui em São Paulo, essa é a verdade), infelizmente, muita gente ficou de fora. Quando terminou a palestra, que foi bem interessante por sinal, me dirigi à imensa fila de autógrafos, onde fiquei por cerca de uma hora e meia, até poder me encontrar frente a frente com Lynch, que assinou meu livro e foi super simpático ao retribuir meus agradecimentos pela sua vinda: “Cheers” ele respondeu entre sorrisos. Antes de ir embora dei um grande abraço naquela ilustre figura, e ainda deu tempo de tirar uma foto, que, apesar de não ter ficado muita boa, valeu pela intenção.

Sai da livraria no final da tarde, embaixo de chuva e super cansada, mas todo momento valeu a pena. Uma oportunidade dessa não volta mais, e caso volte, estarei lá com certeza!

“Se você quer pegar um peixinho, pode ficar em águas rasas. Mas se quer um peixe grande, terá que entrar em águas profundas.” – David Lynch.

Transcrição da palestra em áudio: www.riuston.com.br/blog/?p=80

Acessem o site oficial de David Lynch para mais informações sobre o cineasta e o David Lynch Fundation; também é possível fazer compras de variados produtos, tem até café (ele tem uma marca de café, acreditem) e de quebra, assistir aos capítulos da previsão do tempo, que são um tanto bizarras, gravadas diariamente pelo diretor.

www.davidlynch.com

sábado, 2 de agosto de 2008

Show do Muse








A banda inglesa “Muse” teve seu show considerado como um dos 50 melhores de todos os tempos, segundo a revista “Classic Rock Magazine”. Eis que nessa semana, nós brasileiros, tivemos a chance de comprovar essa estatística.

Pela primeira vez no Brasil, o conjunto inglês passou por três capitais, incluindo São Paulo. Quando soube da noticia, eu logo comprei meu ingresso; mesmo com a carteira de estudante o preço ficou salgado: 80 reais na pista!! Pensei comigo, será em uma casa de shows decente – o HSBC Brasil (antigo Tom Brasil) e, afinal, vai saber quando a banda voltará a fazer outro show por aqui. Bom, achei que valeria a pena e comprei.

No dia 31 de julho, peguei meu ingresso e minha mochila e parti até o show. Destaco aqui que levei um bom tempo para chegar ao HSBC, que fica localizado na região de Santo Amaro (o que para mim é do outro lado da cidade), precisei pegar o metrô e dois ônibus, e para ajudar, ainda me perdi no meio do caminho – o que não é novidade.

Quando cheguei, já havia uma aglomeração de pessoas esperando o horário de abertura dos portões, grande parte da fila parecia usar uniforme, a mesma blusa da banda, mas em diferentes cores, circulava entre as pessoas que aguardavam. Eu usava uma blusa cinza sem estampa, uma estranha no ninho.

As oito e alguma coisa da noite, os portões foram abertos. Comecei a noite muito bem: ao ser revistada pelos seguranças, uma mulher cismou com as minhas canetas bic; sugerindo que aquilo poderia matar alguém, atirou todas elas no lixo mais próximo, um prejuízo de quase 10 reais em canetas. Já nervosa, entrei no estabelecimento e lá se foram mais cinco reais para guardar a minha mochila na chapelaria. Dessa forma, só a cerveja salva! (e que também não era nada barata).

Em torno das nove da noite, a banda de abertura entrou. Jay Vaquer, nunca tinha ouvido falar; na verdade, eu até tinha visto um clipe da banda na MTV, mas nem me dei ao trabalho de ouvir direito a música, só reparei em quanto o clipe era tosco e nada mais.

O show deles não foi muito diferente disso, nem prestei atenção em nada, e graças a deus, foi um show rápido.

Uma longa espera, perto das 10 da noite - ou coisa parecida - a capa que cobria a bateria foi retirada e as luzes apagadas. A gritaria começa, luzes vermelhas na platéia, som de orquestra, e finalmente, Muse sobe ao palco, abrindo com “Knights of Cydonia.” - não consigo pensar em outra música que combine tanto com uma abertura.

Logo depois, “Hysteria”, eu já estava cansada de gritar e pular, e o show mal tinha começado. Onde eu me localizava não era nada favorável, fiquei no canto esquerdo ao fundo, onde mal dava para ver o vocalista. Era o único lugar ‘não tão apertado’ que consegui arranjar, e por isso, lá permaneci.

Outras boas músicas vieram, como “Supermassive Blackhole”, “Starlight”, “Time is Running Out” e “Stockholm Syndrome”, entre uma música e outra, os integrantes abusavam de seus instrumentos em solos que arrancavam gritos da platéia.

A todo o momento, a banda se mostrou digna do título que recebeu por sua performance, o show contou com efeitos especiais de gás carbônico que subia pelo palco e balões infláveis, que passaram pela platéia e espalhavam papéis picados quando estourados, durante “Plug in Baby”. O público respondia a tudo isso com empolgação e gritaria, fazendo coro em todas as músicas que eram tocadas no palco.

No final, sai com dores no corpo e a garganta pedindo por socorro, mas, acima de tudo, fui embora com aquela sensação boa de ter visto um grande show, e de que tudo esforço valeu a pena. E realmente, valeu mesmo.

Como já havia afirmado a "Classic Rock Magazine", Muse é responsável por uma das performances mais empolgantes do cenário musical atual, e quem somos nós para negar?


Set-list do show em São Paulo:

  • Knights of Cydonia
  • Hysteria
  • Bliss
  • Map of the Problematique
  • Supermassive Blackhole
  • Butterflies and Hurricanes
  • Citizen Erased
  • Felling Good
  • Invincible
  • New Born
  • Starlight
  • Time is Running Out
  • Plug in Baby
  • Stockholm Syndrome
  • Take a Bow


Confira mais sobre o trabalho do Muse em www.myspace.com/muse