sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Paulo Guedes minimiza demissões e defende "gastar um pouco mais"

Ao lado de Bolsonaro, ministro afirmou que a economia brasileira é "forte o suficiente" para segurar despesa extra do Auxílio Brasil

Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Em coletiva de imprensa nesta sexta-feira, 22, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a falar de "licença para gastar" mesmo após a reação negativa do mercado, que levou a uma crise no Poder e até a boatos de sua demissão. Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, em uma prova de que permanece firme no governo, Guedes justificou a pressão no teto de gastos e garantiu que a economia brasileira é "forte o suficiente para segurar isso".

Guedes iniciou a coletiva explicando que o plano do governo era reajustar o Bolsa Família tendo a reforma do Imposto de Renda como fonte, mas a matéria 'empacou' no Senado; além disso, a questão dos precatórios diminuiu ainda mais o que o governo pensou que poderia contar no orçamento. "Chegou o que eu chamei de 'meteoro', tínhamos que pagar muito mais do que estava previsto e daí foi preciso tomar uma decisão. Íamos inviabilizar o programa social? Não. Fomos conversar com o Congresso e elaboramos a PEC dos precatórios, que permite a grandes devedores ajudar o Brasil", explicou.

Até os efeitos da PEC - que ainda tramita no Congresso - trazerem resultado, Guedes falou que é possível gerar déficit agora e pagar depois. "Não é uma despesa adicional. É gastar um pouco mais agora e pagar depois (...) estamos de olho nos limites, isso não é uma libertação, falta de compromisso, sair ou rever o teto, não é isso o que está acontecendo. O programa é temporário, a arrecadação subiu muito e podemos usar esses recursos no futuro".

"Eu detesto furar o teto, não gosto de furar o teto, mas não estamos aqui só para tirar [nota] 10 no fiscal", acrescentou.

Segundo o ministro da Economia, esse gasto extra "não altera o fundamento fiscal da economia brasileira". "Os fundamentos são sólidos; o que vamos fazer é reduzir o ritmo do ajuste fiscal, ou seja, ao invés de zerarmos o déficit ano que vem, nós teremos déficit de 1% ou 1,5%; não faz mal. Preferimos isso a não atender aos mais frágeis", pontuou. "A economia brasileira é forte suficiente para segurar isso. Eu seguro isso, não tenho problema com isso".

O ministro atribuiu ainda à "falta de comunicação" o "barulho" que gerou na mídia e nos mercados suas falas sobre o teto de gastos. "Falta de comunicação do nosso lado e certa falta de boa vontade e tolerância conosco", detalhou.

Paulo Guedes afirmou também que "deve haver uma linha do meio" entre austeridade e compromisso com as futuras gerações. "Nós entendemos que o teto é símbolo de austeridade, mas não vamos deixar que milhões passem fome para tirar [nota] 10 em austeridade fiscal". Ele acrescentou ainda que, pela ala política, o Auxílio Brasil seria de R$ 500 ou R$ 600. “Aí não dá, tem limites", respondeu.

Demissões

Paulo Guedes comentou ainda a ‘debandada’ em sua equipe após as declarações sobre “licença para gastar” acima do teto. O ministro considerou as demissões como “natural”. Pediram exoneração o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, sua adjunta, Gildenora Dantas,  o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, e seu adjunto, Rafael Araújo.

“Um [que saiu] era do Tesouro, o outro da Fazenda. Eles queriam R$ 300 [para o auxílio] e a ala política queria mais", explicou.

O ministro colocou ainda um fim aos rumores de que ele próprio deixaria o cargo. "Eu não pedi demissão e em nenhum momento o presidente sugeriu coisa parecida", concluiu.

(Karen Lemos - Portal Terra)

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Veja destaques do debate da Band entre Bruno Covas e Guilherme Boulos em São Paulo


Foto: Kelly Fuzaro/Band

Os candidatos que disputam o segundo turno das eleições em São Paulo, Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL), se encontraram pela primeira vez na TV aberta nesta quinta-feira, 19, nos estúdios da Band na capital paulista.

No primeiro bloco do programa, os candidatos responderam questões elaboradas por jornalistas do Grupo Bandeirantes. A primeira pergunta foi de Joel Datena, que quis saber sobre a retomada das aulas. Com as crianças em casa, muitas mães estão impossibilitadas para seguir em jornada de trabalho. Atual prefeito que tenta a reeleição, Bruno Covas disse que o pior da pandemia já passou, mas ainda não é o momento para a retomada das aulas no município. 

“Eu sei da aflição que as mães têm, mas ainda não é o momento. A vigilância sanitária do município ainda não aprovou essa retomada. Ainda temos uma quantidade grande de crianças que não está imunizada e pode levar essa doença para suas casas. Estamos em um momento de estabilidade [da pandemia] em São Paulo. Desde começo, a prefeitura seguiu orientações da vigilância sanitária. O vírus não é de esquerda ou de direita, é uma realidade a ser enfrentada”.

Na réplica, Guilherme Boulos concordou que a decisão tem que ser médica, e não política. “Agora, é evidente que São Paulo está tanto tempo sem aula porque não lidou bem com a pandemia no início. Não fez testagem em massa e levantamento epidemiológico, prejudicando não só o retorno às aulas, mas a cidade como um todo. Gostaria de falar para as mães que tenho compromisso de zerar a fila da creche em um investimento em quatro anos, com mais de 200 creches de 130 alunos cada, garantindo que toda mãe possa trabalhar”. 

Na tréplica, Covas refutou: “é fácil ser engenheiro de obra pronta. Podem reclamar, mas em nenhum momento podem me chamar de ter sido omisso em relação ao coronavírus. Vamos continuar enfrentando e respeitando a ciência. Creche é possível zerar a fila a partir do ano que vem, garantindo às mães que passam pelo programa Mãe Paulistana, que terão creche para seus filhos em 2021”.

"Não podem dizer que sou omisso", diz Bruno Covas:

O jornalista Marcello D'Ângelo levantou para Boulos a questão sobre o orçamento municipal e como gerar novas receitas para custear projetos como tarifa zero e renda solidária. “Teremos uma experiência socialista em São Paulo?”, questionou. 

O candidato do PSOL pontuou que a prefeitura tem muito dinheiro no orçamento e que a questão é de prioridade de gastos. “Em caixa, mesmo na pandemia, a prefeitura tem pouco mais de R$ 10 bi livres. Isso poderia ampliar investimentos e mesmo no combate à pandemia. Vamos utilizar recursos para inverter prioridades. A diferença nossa para o governo do Bruno é que eu não vou gastar orçamento para fazer reforma de R$ 100 milhões no Anhangabaú enquanto tem gente vivendo em lugar com esgoto aberto. Vamos cobrar a dívida ativa de grandes devedores e empresas, dando condições para a Procuradoria trabalhar digitalizando os processos, tendo uma recuperação fiscal entre R$ 10 e R$ 12 bi – é daí que vamos tirar dinheiro para implementar os programas”. 

"A questão da cidade não é de dinheiro", diz Guilherme Boulos:
Na réplica, Bruno Covas disse que conhecer a realidade do orçamento público faz toda a diferença. “O candidato confunde recurso em caixa com recursos disponíveis. Todo ano a prefeitura discute o orçamento, não cabe ao prefeito achar que o recurso em caixa vai para esse ou aquele local. Serve para pagar funcionários, contratos de obras; não significa que estão à disposição. E nós aumentamos em 25% a recuperação da dívida ativa em relação ao governo do PT”.

Guilherme Boulos, em sua tréplica, falou que a estimativa de bilhões em recursos livres é do próprio Tribunal de Contas. “São recursos para urbanização das favelas, e você não fez. O que faltou foi prioridade. A prefeitura fez obras eleitoreiras, calçadas novas, um monte de recapeamento, e não fez as obras que precisava fazer”. 

A apresentadora do Band Eleições, Sheila Guimarães, perguntou sobre o aumento das internações por covid-19 no município e sobre um possível lockdown. O atual prefeito chamou a tese de fake news. “Os números da Secretaria de Saúde mostram estabilidade no número de casos, de óbitos e aumento no número de internações. Sobre esse aumento, é preciso levar em consideração que houve diminuição da quantidade de leitos para coronavírus. Havendo necessidade, há possibilidade rapidamente desses leitos voltarem a ser referenciados. Houve também aumento internações de pessoas de fora da cidade de São Paulo. Não há espaço para fake news disseminadas nesse instante que passada a eleição haverá lockdown na cidade. Não há espaço para avançar mais na flexibilização e números na cidade de São Paulo que aponte qualquer necessidade de lockdown. É preciso refutar esse tipo de notícia disseminada às vésperas da eleição”. 

Em seu comentário, o candidato do PSOL lamentou o que chamou de disputa política partidária da vacina contra a covid-19. “A pandemia tem que ser tratada sob as perspectivas de saúde pública, e não política. Me preocupa muito o Bruno falando em fake news, mas o próprio governo do Estado disse que só vai definir as regras sobre fechamento no dia 30 de novembro, um dia após as eleições. É no mínimo estranho que se defina essa data”, afirmou.

Na tréplica, Covas garantiu que a prefeitura trabalha com nomes bem preparados para orientar a prefeitura a agir diante da pandemia. “Não há partidarização ou politização em relação ao tema. Se houvesse, não deixaria para hoje mais uma coletiva para tratar desse tema. Na cidade temos seguido sempre a orientação da vigilância sanitária e assim que vamos continuar a enfrentar esses desafios. Para enfrentar a pandemia é preciso experiência”. 

Por fim, a jornalista Sonia Blota perguntou sobre o auxílio emergencial em tempos de pandemia. Boulos respondeu que, se eleito, fará o programa Renda Solidária. “É lamentável que o governo federal tenha decidido encerrar o auxílio emergencial, sendo que milhões de família ainda dependem desse recurso para botar comida na mesa. Eu vou criar o programa que vai atender cerca de um milhão de famílias em situação de extrema pobreza com um valor que chega até R$ 400, mas não vai beneficiar apenas quem tem necessidade, mas a economia da cidade. Quem receber esse dinheiro vai gastar na padaria, no açougue, no mercado do bairro, ativando a economia local e gerando empregos. O custo estimado do programa é de R$ 3,5 bi ao ano. Cabe no orçamento da cidade, não apenas com recursos existentes, mas recuperando recursos da dívida ativa da cidade”

Na réplica, Covas disse que a prefeitura enviará às famílias uma complementação devido à redução do valor do auxílio emergencial. “Essa lei foi sancionada recentemente e permitiu que tivéssemos R$ 2,5 bi a mais para ajudar a enfrentar os desafios da pandemia”. 

No comentário final, Guilherme Boulos argumentou que acha curioso a afirmação de Covas, sendo ele de um partido que votou pelo fim do auxílio emergencial na Câmara dos Deputados. “O Bruno teve oportunidade de aprovar a renda solidária em São Paulo e não o fez. Foi aprovar agora, a um mês e meio das eleições. Essa é uma característica dos governos do PSDB, que São Paulo já cansou. Tudo o que não fizeram em três anos, concentram tudo perto das eleições. Trabalham como se a memória da população fosse curta, isso já não funciona mais”.

Embate direto 

No segundo bloco do encontro entre os candidatos do segundo turno das eleições em São Paulo, Covas e Boulos tiveram a oportunidade de se confrontar de forma direta: cada um teve 15 minutos disponíveis para fazer perguntas de temas livres.

Na primeira pergunta, Boulos quis saber sobre a atuação da prefeitura no combate à pandemia de coronavírus na cidade. Covas voltou a citar a estabilização no número de casos da doença. “Não há dado a ser escondido, todas as ações são ações aprovadas e orientadas pela vigilância sanitária. Em São Paulo não há número a ser escondido, ação a ser escondida. Pelo contrário, temos o cuidado em manter todas orientações. Temos 700 mil pessoas monitoradas pela secretaria. Em São Paulo, não tivemos cenas repetidas mundo afora: médicos escolhendo quem era entubado ou não. Aqui, todos que buscaram tratamento, receberam tratamento. Em relação à pandemia, temos total transparência”. 

"Não há nenhum dado a ser escondido", diz Covas sobre pandemia:


Boulos comentou que a cidade não fez sua lição de casa com testagem em massa e manteve hospitais fechados em regiões atingidas pelo vírus. “A prefeitura falhou no enfrentamento à pandemia”, afirmou. 

Covas criticou: “para quem se omitiu no momento é fácil vir aqui dizer como a prefeitura tem feito ou deixado de fazer. Não havia testes disponíveis para testar toda a população”. 

Puxando um outro tema, Covas trouxe a questão da segurança pública. Em resposta, Boulos criticou a atuação da gestão Covas a este respeito. “O papel da polícia não é dar porrada em trabalhador. A questão dos ambulantes precisa de diálogo. Não é papel da GCM arrancar cobertor de morador de rua, correr atrás de uma senhora que está vendendo café e bolo, isso comigo não vai acontecer, que fique muito claro. E tenho certeza que nem é desejo de policiais, é orientação de governo”. 

Covas respondeu que a única menção que Boulos faz à PM em seu programa de governo é chamar a corporação de genocida. “Queria dizer que é uma alegria poder ter trabalhado em conjunto com a PM para melhorar os índices de segurança na cidade de São Paulo e queremos ampliar ainda mais fazendo a Operação Delegada específica com a polícia ambiental, para proteger áreas mananciais e impedir invasões de terra na Billings e Guarapiranga”. 

Boulos e Covas debatem a questão da segurança pública:


Sobre os mais de 1 milhão de desempregados em São Paulo e a crise econômica que assola a cidade na pandemia, Boulos quis saber da reação da prefeitura a esses problemas. O atual prefeito citou mutirões de emprego e cursos de qualificação profissional como medidas tomadas. “Nós reduzimos a burocracia; o prazo para abrir empresa era de 110 dias, hoje é 2 dias e meio. Para obter alvará eram mais de 500 dias, hoje são 70 dias, facilitando a atração de investimentos. A pandemia requer ação extra. Vamos ampliar as frentes de trabalho e continuar na linha da desestatização”. 

Na tréplica, o candidato do PSOL lembrou o governo de Fernando Haddad, do PT, para criticar o manejo do orçamento municipal. “Você não recebeu a prefeitura com um rombo. O Haddad deixou R$ 4 bi livres para você e para o [João] Doria. E no período mais grave da quarentena, eu estava liderando uma campanha de solidariedade, distribuindo toneladas de alimentos, máscaras, álcool gel e produtos de higiene. Era isso o que eu estava fazendo”.

Por fim, Guilherme Boulos quis saber a respeito do vice de Bruno Covas, Ricardo Nunes (MDB). “Ele tem investigação no Ministério Público, suspeitas de gente do grupo dele recebendo aluguel superfaturado de creches conveniadas. Onde tem desvio, tem que combater. Você bota a mão no fogo pelo seu vice? ”, quis saber. 

Covas respondeu que não há indícios de casos de corrupção envolvendo seu vice. “Ele lutou para trazer recursos para a cidade de São Paulo, retomando R$ 1,2 bi que os bancos deviam para a cidade. Fazer discurso é fácil, o difícil é enfrentar banco. Já as creches conveniadas fazem um trabalho excelente. Não vamos colocar em risco o trabalho dessas creches. São quase 40 mil profissionais trabalhando nelas. Nosso grande desafio é melhorar o salário desses funcionários. Não tenho a menor dúvida de que esse trabalho vai continuar”.

Considerações finais 

O terceiro bloco do debate foi de considerações finais dos candidatos. Bruno Covas agradeceu ao Grupo Bandeirantes e destacou as ações dos últimos quatro anos de gestão tucana: “os 12 novos CÉUs, as 85 mil novas vagas em creches, a melhoria na nota do IDEB, oito novos hospitais”. Ele disse que ainda há muito para ser feito e que os desafios são grandes, em especial com a crise do coronavírus.

Covas afirmou que a grande missão é a redução da desigualdade social, que ficou muito clara com a pandemia. Depois, destacou que “minha cartilha é a cartilha da tolerância, do respeito à lei, do respeito à ordem, do respeito à diversidade. Eu acredito que não se faz justiça social se você não tiver responsabilidade fiscal”. 

Guilherme Boulos também agradeceu à Band pelo debate. Na sequência, destacou o crescimento da candidatura dele nas pesquisas. “Eu quero levar à Prefeitura de São Paulo a experiência que acumulei ao longo de 20 anos lutando ao lado das pessoas que mais precisam por dignidade no movimento social”. 

O candidato do PSOL também afirmou que vai aliar essa experiência de vida e de luta com a experiência de gestão da vice Luiza Erundina. Boulos afirmou ainda que terá um grupo de especialistas qualificados que vai ajudar São Paulo a “virar a página do abandono”. Por fim, o candidato voltou a dizer que a maior parte da população quer mudança e que isso vem com ele.

Assista ao debate na íntegra:


(Karen Lemos - Band.com.br)

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

"Quem chegar sem máscara não vai votar e ponto", ressalta Barroso sobre as eleições

(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Em entrevista exclusiva ao programa Ponto a Ponto, da BandNews TV, nesta quarta-feira, 28, o ministro do STF e atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, deixou claro que quem estiver sem  máscara de proteção não poderá votar no próximo dia 15 nas eleições. 

"Quem chegar sem máscara não vai votar e ponto", destacou. "Não é questão de livre arbítrio, é questão de proteção do outro. Livre arbítrio é para decisões que nos afetam, neste caso, sem máscara não vota".

O ministro acredita que as abstenções, que costumam a ser altas, não devem atingir patamares tão altos neste ano. "A sociedade brasileira tem se tornado mais mobilizada, ela anseia pela atuação política e as eleições municipais são decisivas na vida das pessoas, porque define coisas importantes como educação, saúde, saneamento básico”, exemplificou.

Sobre o voto ser obrigatório no Brasil, para Barroso, a democracia brasileira ainda precisa desse "empurrãozinho" - como definiu. “Em um futuro próximo eu espero ter voto facultativo, mas ainda não. O voto facultativo favorece muito o voto radical, dos extremos, e agora precisamos de moderação”. 

Sistema de fiscalização de contas é deficiente, diz ministro

Na entrevista, Barroso admitiu ainda que o sistema de fiscalização de contas de candidatos é ineficiente e que pretende, após o pleito, colocar sua energia para mudar o cenário. 

“O sistema de fiscalização contas é deficiente e mesmo quando advêm punições adequadas acabam sendo anistiadas pelo próprio Congresso. Precisamos mudar o sistema eleitoral e de prestação de conta”.

Entre as ideias que Barroso pretende colocar à mesa está a prestação de contas nos moldes da declaração anual de renda, com inteligência artificial fazendo o controle, e auditorias privadas.

“Não entendo a obsessão pelo voto impresso” 

Outra medida que interessa o ministro é modernizar o sistema eleitoral através da tecnologia. Isso poderia permitir, por exemplo, os gastos que se tem hoje com a compra de urnas. “Mais de 30 empresas, como a Amazon, Microsoft e IBM, já se candidataram para apresentar modelos alternativos de eleição digital”, contou. “Elas são testes de simulação nesta eleição e vão apresentar seus modelos para modernizar o nosso sistema, que já é exemplar no mundo. Nunca houve fraudes”, pontuou. 

O ministro disse também que não entende a obsessão que algumas pessoas têm com o voto impresso – esse sim passível de fraude, segundo ele. “Não consigo entender como alguns têm saudades do que não existiu. Era um sistema muito ruim. Difícil entender essa obsessão pelo voto impresso. É como querer comprar um aparelho de vídeo cassete e subsidiar as locadoras de VHS”.

(Karen Lemos - Band.com.br)

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

BDRs poderão ser negociados por pessoas físicas, simplificando investimentos no exterior

Bolsa de valores brasileira, B3 (Foto: Divulgação)

A partir desta quinta-feira, 22, investidores pessoas físicas poderão comprar recibos de ações de companhias no exterior na bolsa brasileira. São cerca de 670 opões que surgem para o investidor brasileiro; antes, as BDRs eram apenas para investidores qualificados, aqueles com mais de R$ 1 milhão investido. 

A economista Betina Roxo falou mais sobre esse assunto na BandNews TV:

As BDRs, explica a especialista, são valores imobiliários emitidos no Brasil que espelham valores emitidos por companhias abertas com sede no exterior. “É uma democratização dos investimentos, que abre a possibilidade de se investir em grandes empresas como Apple, Facebook, Microsoft, diretamente do Brasil e em reais”, pontua.

A vantagem desse modelo é que, além do investidor ganhar no retorno da ação, há rendimentos também com a variação do câmbio, já que o investimento é em real.

Rossi sugere ainda que se pesquise sobre a empresa cuja ação lhe interessou. “Se for um investimento apenas pela exposição cambial, há outras maneiras, como a própria compra da moeda estrangeira”. 

Em resumo, as BDRs são uma forma mais simples de se investir, daqui do Brasil, no mercado exterior. Para começar, é importante sempre entender o seu perfil. “As ações são renda variável, têm um risco mais alto”, reforça a economista, que também cita a diversificação de carteira como outra sugestão para investimentos.

(Karen Lemos - Band.com.br)

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Aliança de Russomanno com Bolsonaro é alvo de críticas durante debate em São Paulo


Kelly Fuzaro/Band

Líder nas pesquisas de intenção de voto, Celso Russomanno (Republicanos) foi o mais escolhido para as perguntas diretas no debate eleitoral de São Paulo - promovido pela Band nesta quinta-feira, 1º - e teve como alvo de críticas sua tentativa de aproximação e aliança com o presidente da República, Jair Bolsonaro. 

A candidata Joice Hasselmann (PSL), ex-aliada de Bolsonaro, questionou Russomanno sobre a delação da Odebrecht. "O senhor disse que defende o consumidor enquanto é delatado por receber dinheiro sujo de forma ilegal", afirmou. O candidato do Republicanos negou as acusações e criticou a adversária da corrida eleitoral. “Eu saio às ruas dando cara a tapa, você nunca foi as ruas de São Paulo, seu título de eleitor foi transferido recentemente para cá. Desafio a mostrar quais processos existem a meu respeito; você está mal nas pesquisas e tenta me atacar inventando coisas”, pontuou, ao que Joice responder que as informações sobre denúncia de corrupção envolvendo Russomanno “estão à disposição no Google”.

Joice Hasselmann questiona Russomanno sobre a delação da Odebrecht:


Arthur do Val (Patriota) foi um dos que criticaram a tentativa de aproximação do candidato com Jair Bolsonaro. “Sempre tenta se aliar com quem está no poder”, disse. Orlando Silva (PCdoB) usou a mesma linha para o embate, citando o programa de Russomanno aos moldes do auxílio emergencial do governo federal. “Fico perplexo que você diz que Bolsonaro dará dinheiro como se fosse um amigo. Não é dinheiro de rachadinha, viu, tem que ter regras”. 

Em sua resposta, Russomanno pontuou que quem tem problema com Bolsonaro deve levar isso para a eleição de 2022. “Estamos falando de São Paulo, onde se paga juros exorbitantes para a dívida com o governo federal, não estou inventando nada, mas de renegociar essas dívidas e ter dinheiro para atender famílias de baixa renda”. 

Guilherme Boulos também elegeu Russomanno para pergunta direta e usou a oportunidade para críticas ao adversário. “Pega mal você puxando o saco do Bolsonaro toda hora. Porque você fala fino com os poderosos e grosso com o povo?”, questionou. “Você incentiva invasões em casas de pessoas, é contra reformas, é isso o que você fará na prefeitura?”, rebateu o candidato do Republicanos. 

Polarização 

O atual prefeito da cidade, Bruno Covas (PSDB) – que tenta a reeleição – também foi alvo de críticas, principalmente nos embates que mostraram que a polarização de 2016 e, principalmente, de 2018, ainda permanece. 

Andrea Matarazzo (PSD), por exemplo, falou que a gestão de Bruno Covas administra mal o dinheiro da prefeitura com obras que considera desnecessárias, como no Vale do Anhangabaú, ao invés de investir em corredores de ônibus. 

Em resposta, Covas lamentou que uma pessoa inteligente como Andrea tenha “ficado tão amargo graças às derrotas que acumulou ao longo dos anos. “Não sai bem ficar falando mal da cidade de São Paulo, e nem postar imagens de alguém que invadiu uma obra inacabada. O novo Vale do Anhangabaú será um exemplo para a cidade”, disse o atual prefeito. 

Jilmar Tatto, do PT, exaltou os anos do partido na administração municipal e criticou a gestão tucana em São Paulo. “Você vai deixar R$ 4 bilhões para os empresários de ônibus neste ano. Eu vou instituir o passe livre para desempregados [no transporte público]”, pontuou. Covas respondeu que o Tatto teve sua chance quando era secretário de Transportes e não implantou nada disso. “O que o PT sabe é acabar com o que os outros começaram e dar cargos para a companheirada. Imagina se ele ganha a eleição e traz Dilma [Rousseff] para um carguinho aqui na Prefeitura?”, rebateu Covas. 

Joice Hasselmann (PSL) também recorreu à polarização para o embate com Orlando Silva (PCdoB). “Quero perguntar para o comunista, a esquerda esteve no poder e quase levou o País a falência, qual é o seu plano”? Orlando devolveu que foi ministro do ex-presidente Lula que, em oito anos, criou mais de 10 milhões de empregos. “Para o drama de São Paulo, tenho um plano de emergência de emprego e renda retomando obras públicas”, acrescentou. 

Assista ao debate na íntegra:


(Karen Lemos - Band.com.br)

Cracolândia e geração de empregos: Candidatos respondem questões selecionadas pelo eleitor


Kelly Fuzaro/Band

Os candidatos à prefeitura de São Paulo falaram sobre suas soluções para problemas da cidade que o eleitor escolheu através de uma enquete no Band.com.br. Durante o debate eleitoral nesta quinta-feira, 1º, os onze postulantes ao cargo comentaram medidas para a Cracolândia e geração de empregos.

Primeiro a responder, Orlando Silva (PCdoB) afirmou que os problemas da Cracolândia precisam ser enfrentados com medidas no campo da saúde pública, reinserção econômica dos usuários e inteligência policial para atuar na área. 


Jilmar Tatto, do PT, quer voltar com o programa De Braços Abertos – implementado no governo Fernando Haddad. “O [João] Doria e o Bruno [Covas] quando assumiram a prefeitura usaram a violência contra essas pessoas. É preciso atendimento médico, assistência social, moradia e emprego”. 


Atual prefeito da cidade e que tenta a reeleição, Bruno Covas (PSDB) disse que sua gestão acabou com o “bolsa crack” do PT, como chamou o programa De Braços Abertos. Covas afirmou que os problemas da região serão resolvidos com atendimento médico, assistência social, moradia e emprego. 


O candidato Andrea Matarazzo (PSD) quer fiscalizar hotéis, bares e restaurantes usados pelo crime. “Vamos aporrinhar a vida do traficante e o dependente químico tratar como deve ser feito, mesmo que precise internar compulsoriamente”, afirmou. 


Joice Hasselmann, candidata do PSL para a prefeitura, quer combater os problemas da região com “todo o rigor da lei” para o crime organizado, trazer as igrejas para trabalhar junto com a prefeitura e internação compulsória para os usuários que “não respondem mais por si”. 


Os postulantes ao cargo de prefeito da cidade de São Paulo também disseram como vão gerar empregos após a crise econômica que se agravou com a pandemia de coronavírus. Márcio França, do PSB, falou em uma geração de frente de trabalho com mais de 100 mil pessoas, além de renda para empreender de até R$ 3 mil para 150 mil pessoas. 


Já Celso Russomanno (Republicanos), que lidera as pesquisas de intenção de voto, pretende gerar empregos incentivando os empresários e também aumentar o horário de funcionamento dos restaurantes na capital.


Arthur do Val (Patriota), o Mamãe Falei, disse que não existe plano mágico e que quer combater o problema através da criação de empregos na construção civil. 


A ideia de Guilherme Boulos, do Psol, é criar uma renda solidária para garantir que ninguém passe fome na cidade. “Isso vai gerar emprego na economia local”, aposta. 


Filipe Sabará (Novo) quer trazer um microcrédito do setor privado para incentivar empresários da periferia.


Por fim, Marina Helou (Rede Sustentabilidade) decidiu responder a todas as questões da enquete em suas redes sociais.


(Karen Lemos - Band.com.br)

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Por que o Banco Central vai lançar a nota de R$ 200?

Karen Lemos/Portal da Band

O Banco Central anunciou na quarta-feira, 29, que irá produzir cédulas de R$ 200, o que causou estranheza para a população que, desde 1994, está acostumada com a nota de R$ 100 como sendo a de maior valor da moeda brasileira.

Por qual motivo, então, o BC tomou essa decisão? Para responder a esta pergunta, a Rádio Bandeirantes entrevistou Jason Vieira, economista da Infinity Asset, que esclareceu dúvidas como, por exemplo, se existe relação entre o lançamento da cédula e a crise que o País está vivendo por causa da pandemia de coronavírus.

"Causa estranheza [o anúncio da nota de R$ 200] por ser em um momento de crise, mas esse movimento é normal. Muito provavelmente essa moeda está sendo desenhada antes da crise", explicou.

O economista citou alguns fatores que motivaram essa decisão do BC, como a própria atualização da moeda.

"Tivemos uma desvalorização em relação a reserva global de valor, que é o dólar", pontuou. "Os R$ 100 que tínhamos em 94 não são mais os R$ 100 de hoje em dia. R$ 100 hoje valem cerca de US$ 20, então é preciso manter certa atualização".

Outro ponto destacado por Jason Vieira é o movimento natural de substituição de moeda no mercado. "A impressão de moeda física entra em processo de substituição de outra", ressalta o economista, observando, ainda, que isso não necessariamente vai gerar a temida inflação, já que há um equilíbrio entre o que está entrando na circulação e o que está sendo retirado.

"Isso pode acontecer pela própria falta de uso, como é o caso das moedas metálicas, e também porque é um material perecível, ele estraga e envelhece, portanto precisa ser substituído".

Além disso, também houve nos últimos meses um aumento da demanda por papel moeda por conta do pagamento do auxílio emergencial. "Esse aumento de demanda também reflete na quantidade de moeda em circulação", acrescenta o especialista.

Veja a entrevista na íntegra:

(Karen Lemos - Band.com.br)